O Brasil eficiente!
NOVA YORK (EUA) – A PARTICIPAÇÃO do
Brasil na produção mundial de alimentos, há tempo destacada, deverá ser ainda
maior nos próximos anos. O Brasil integra um pequeno grupo de países produtores
agrícolas - do qual fazem parte a Rússia, a Ucrânia, a China, a Indonésia e a Tailândia
- que responderá pela maior parte da produção adicional necessária para
alimentar a população mundial até 2050. Até lá, de acordo com projeções da
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização
das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), para atender à demanda,
a produção mundial terá de crescer 60%. Nos próximos anos, outros países em
desenvolvimento deverão se integrar a esse grupo, mas será cada vez menor a
contribuição dos países industrializados para prover o alimento adicional de
que o mundo necessitará no futuro.
PARA evitar a fome no mundo, na metade
deste Século XXI, a produção anual de cereais deverá ser 1 bilhão de toneladas
maior do que a registrada em 2007 e a de carne precisará aumentar 200 milhões
de toneladas. O relatório das duas organizações internacionais, com as
projeções para a produção agrícola entre 2012 e 2021 - e que estende algumas
delas para 2050 -, leva em conta o crescimento da população mundial, do índice de
urbanização e do nível médio de renda no período.
UM dado preocupante do estudo é a redução
do ritmo do crescimento anual da produção agrícola mundial, que alcançou 2% nas
últimas décadas, mas deverá cair para 1,7% nas próximas. Ainda assim, será um
crescimento maior do que o previsto para a população mundial, razão pela qual a
produção por habitante continuará crescendo ao ritmo de 0,7% ao ano, estimam os
técnicos da OCDE e da FAO.
NA próxima década, o Brasil deverá
registrar o maior crescimento de produção agrícola em todo o planeta. Até 2019,
segundo o estudo, a produção brasileira deverá crescer 40%, bem mais do que o
aumento estimado para a produção da Rússia, da Ucrânia, da China e da Índia.
EMBORA com resultados inferiores aos do
Brasil, outros países da América do Sul também aumentarão de maneira expressiva
sua produção. Desse modo, como observou o diretor-geral da FAO, José Graziano
da Silva Neto, "a América do Sul
está se convertendo em um grande celeiro" do mundo.
ESTUDO anterior da OCDE, divulgado no
início deste ano, mostrou com clareza a evolução da agricultura brasileira da
segunda metade do século passado até hoje, destacando o expressivo aumento da
produtividade, sobretudo a partir de 1970. Entre 1961 e 2007, enquanto a
produtividade de países industrializados como França, Inglaterra e Estados
Unidos da América (EUA) aumentou menos do que a média mundial do período, de
1,48% ao ano, a produção do Brasil cresceu 3,6% ao ano, mais do que a média da
América Latina (AL), de 2,6%, e dos países em desenvolvimento, de 1,98%.
NA última década, os ganhos alcançados por
alguns países, como a Rússia e a Ucrânia, foram maiores do que os ganhos do
Brasil, mas esses países tinham um nível de produtividade muito baixo, daí seu
crescimento mais rápido no período. Outros países conhecidos por sua forte
presença no comércio mundial de produtos agrícolas, como Austrália, Canadá e
México, além da Coreia do Sul, ao contrário, ficaram menos eficientes.
É RECONHECIDO o papel fundamental de alguns
fatores para o aumento veloz e contínuo da produtividade agrícola no Brasil. O
avanço da pesquisa liderado pela Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias
(Embrapa), com o desenvolvimento de variedades mais adequadas às condições
brasileiras e o emprego de técnicas mais produtivas, é um deles. O aumento das
exportações, que passou a exigir mais volume e mais qualidade, a preços
competitivos, é outro. Os preços internacionais igualmente contribuíram para
dar mais eficiência à agricultura do País. Por fim, a nova mentalidade do
produtor rural permitiu a adoção de novos métodos de gestão e gerou um
conhecimento mais acurado do mercado.
MELHOR estaria o campo no Brasil, e poderia
aumentar ainda mais rapidamente seus resultados, se dispusesse de
infraestrutura e serviços logísticos que lhe garantissem custos competitivos
para levar sua produção até o porto.
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