O mapa para o caminho ajustado
CHICAGO (EUA) – THE Council on Foreign Relations não é uma agência do governo federal norte-americano. Mas nenhuma entidade do gênero é mais respeitada aqui nos Estados Unidos da América (EUA) do que esse centro independente de estudos sobre política externa. O organismo atrai muitos dos melhores cérebros na matéria, recrutados nas universidades, institutos de pesquisa, empresas, meios de comunicação e ainda no rico celeiro de ex-embaixadores e outros antigos servidores públicos de primeiro escalão. Há algum tempo, 30 deles formaram uma força-tarefa para perscrutar as relações entre os EUA e o Brasil. Divulgado na semana passada, o trabalho sustenta enfaticamente, como diz o seu título, que os EUA devem desenvolver uma parceria madura e forte com o Brasil.
TODOS os inequívocos conselhos aos centros de decisão do governo federal norte-americano incluem a dica de que o presidente da República dos EUA, Barack Houssein Obama, deve apoiar a pretensão do governo do Brasil a um assento permanente no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU), ponto focal da atuação do Itamaraty e da diplomacia brasileira. Mas não é nem por isso - muito menos por algum anacrônico ufanismo - que o estudo deve ser acolhido favoravelmente pelos formuladores e analistas das relações internacionais brasileiras. E, sim, pelo fato de representar um "mapa do caminho" para a consolidação, em termos compatíveis com as novas realidades mundiais, do relacionamento entre as duas maiores democracias do Continente Americano.
AQUI a premissa é de que o Brasil deixou de ser eternamente o país do futuro, mas chegou lá. É com esse novo e singular ator global que o governo e os atores produtivos dos EUA devem desenvolver parcerias numa ampla variedade de palcos - onde ambos os países já se encontram, mas sem interagir o suficiente em benefício mútuo. Se, para defender a inclusão do Brasil no CS, os autores argumentam que, nessa posição, o País "teria uma maior responsabilidade diante dos principais temas internacionais", para o estreitamento dos vínculos bilaterais a justificativa é outra. "O Brasil figura entre os poucos países aptos a definir o Século 21", avalia a força-tarefa. "É a isso que as políticas externas norte-americana e brasileira têm que se ajustar".
PORTANTO, uma coisa é promover o Brasil ao núcleo de poder do maior organismo multilateral da atualidade, a ONU, para encorajar a sua "participação construtiva nos assuntos globais" - o que parece embutir um argumento pragmático dirigido ao governo dos EUA e uma crítica indireta a posições brasileiras, como a aproximação do governo Luiz Inácio da Silva (2003-10) com o regime iraniano, alvo de sucessivas sanções do CS por suas trapaças e transgressões na área nuclear. Outra coisa é chamar a atenção para as oportunidades recíprocas no momento em que a presidente da República Federativa do Brasil, Dilma Wana Rousseff (PT-RS), apenas começa a traçar o curso do País para os próximos anos. Esse período deve ser visto por norte-americanos e brasileiros como ocasião propícia para "aprofundar sua parceria mediante a expansão de seus vínculos econômicos e governamentais", aponta o texto.
O BRASIL é um parceiro singular porque, diferentemente da China, Rússia e Índia (os membros originais do grupo dos Brics, a que foi agregada a África do Sul), não tem inimigos, nem próximos, nem remotos, tampouco disputas geoestratégicas ou de fronteiras, ou ainda etnias e religiões se digladiando em seu território. E, diferentemente dos EUA, as únicas tropas nacionais enviadas ao exterior estão em missão de paz. O Brasil não tem ressentimentos históricos em relação ao Ocidente, como a China, ou frustradas ambições hegemônicas, como a Rússia, nem contribuiu para a proliferação de armas nucleares, como a Índia em guerra fria com o atômico vizinho paquistanês.
EUA e Brasil, assinala o trabalho, "professam valores comuns em relação à economia de mercado, primado da lei, direitos individuais, liberdade religiosa, diversidade e igualdade". O essencial, exortam os estudiosos, é superar a oscilação histórica "entre mal-entendidos, elogios públicos e recriminações" e tratar "tanto a cooperação como a divergência" com respeito mútuo e tolerância. Rousseff e Obama parecem ser os condutores certos dessa empreitada.
TODOS os inequívocos conselhos aos centros de decisão do governo federal norte-americano incluem a dica de que o presidente da República dos EUA, Barack Houssein Obama, deve apoiar a pretensão do governo do Brasil a um assento permanente no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU), ponto focal da atuação do Itamaraty e da diplomacia brasileira. Mas não é nem por isso - muito menos por algum anacrônico ufanismo - que o estudo deve ser acolhido favoravelmente pelos formuladores e analistas das relações internacionais brasileiras. E, sim, pelo fato de representar um "mapa do caminho" para a consolidação, em termos compatíveis com as novas realidades mundiais, do relacionamento entre as duas maiores democracias do Continente Americano.
AQUI a premissa é de que o Brasil deixou de ser eternamente o país do futuro, mas chegou lá. É com esse novo e singular ator global que o governo e os atores produtivos dos EUA devem desenvolver parcerias numa ampla variedade de palcos - onde ambos os países já se encontram, mas sem interagir o suficiente em benefício mútuo. Se, para defender a inclusão do Brasil no CS, os autores argumentam que, nessa posição, o País "teria uma maior responsabilidade diante dos principais temas internacionais", para o estreitamento dos vínculos bilaterais a justificativa é outra. "O Brasil figura entre os poucos países aptos a definir o Século 21", avalia a força-tarefa. "É a isso que as políticas externas norte-americana e brasileira têm que se ajustar".
PORTANTO, uma coisa é promover o Brasil ao núcleo de poder do maior organismo multilateral da atualidade, a ONU, para encorajar a sua "participação construtiva nos assuntos globais" - o que parece embutir um argumento pragmático dirigido ao governo dos EUA e uma crítica indireta a posições brasileiras, como a aproximação do governo Luiz Inácio da Silva (2003-10) com o regime iraniano, alvo de sucessivas sanções do CS por suas trapaças e transgressões na área nuclear. Outra coisa é chamar a atenção para as oportunidades recíprocas no momento em que a presidente da República Federativa do Brasil, Dilma Wana Rousseff (PT-RS), apenas começa a traçar o curso do País para os próximos anos. Esse período deve ser visto por norte-americanos e brasileiros como ocasião propícia para "aprofundar sua parceria mediante a expansão de seus vínculos econômicos e governamentais", aponta o texto.
O BRASIL é um parceiro singular porque, diferentemente da China, Rússia e Índia (os membros originais do grupo dos Brics, a que foi agregada a África do Sul), não tem inimigos, nem próximos, nem remotos, tampouco disputas geoestratégicas ou de fronteiras, ou ainda etnias e religiões se digladiando em seu território. E, diferentemente dos EUA, as únicas tropas nacionais enviadas ao exterior estão em missão de paz. O Brasil não tem ressentimentos históricos em relação ao Ocidente, como a China, ou frustradas ambições hegemônicas, como a Rússia, nem contribuiu para a proliferação de armas nucleares, como a Índia em guerra fria com o atômico vizinho paquistanês.
EUA e Brasil, assinala o trabalho, "professam valores comuns em relação à economia de mercado, primado da lei, direitos individuais, liberdade religiosa, diversidade e igualdade". O essencial, exortam os estudiosos, é superar a oscilação histórica "entre mal-entendidos, elogios públicos e recriminações" e tratar "tanto a cooperação como a divergência" com respeito mútuo e tolerância. Rousseff e Obama parecem ser os condutores certos dessa empreitada.
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