Idéia fixa
NOVA YORK (EUA) - "A OPOSIÇÃO é como aquele jogador no banco de reservas. Torce para o jogador titular quebrar a perna". Existem várias maneiras de interpretar essa tirada de pretenso humor (negro) do ex-presidente da República, Luiz Inácio da silva (PT-SP), desta vez proferida na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), onde o ex-líder metalúrgico foi homenageado com um jantar e uma exposição de fotos de seus dois mandatos na Presidência da República (2003-10). Quem está atento à sucessão de episódios relacionados a denúncias de corrupção que têm exposto divergências da turma do ex-presidente da República no governo com a sucessora Dilma Wana Rousseff (PT-RS) pode perceber que, na verdade, quem anda fazendo oposição à titular da Presidência da República são os fiéis seguidores de do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, liderados pelo seu compadre Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, parte de sua “herança maldita” legada a sucessora, dona Rousseff. E se Luiz Inácio da Silva e seus fiéis escudeiros estão convencidos de que a presidente Rousseff anda pisando na bola, e com isso comprometendo o projeto petista de uma longa permanência no poder, não há por que imaginar outra coisa: o “ex-cara!” já se pôs em campo como candidato a retornar à Presidência da República, não em 2018, mas já em 2014. E como todo jogador que está no banco de reserva, como ele diz, torce para o jogador titular quebrar a perna.
É O que mostra o esforço daquele ex-presidente da República para se manter em evidência no noticiário político, coisa que sempre soube fazer muito bem, não importa a que custo. Só nas últimas duas semanas foram três ocasiões e sempre a mesma e invariável atitude: o defensor dos fracos e oprimidos contra as elites. A primeira, em congresso da cooptada União Nacional dos Estudantes (UNE) realizado na Cidade do Rio de Janeiro (RJ), insistiu na tecla de que a "Imprensa golpista" não desiste de lhe "pegar no pé", a serviço de interesses inconfessáveis que ele, se conhece, não revela. A segunda, em congresso da União Geral dos Trabalhadores (UGT) na Cidade de São Paulo (SP), na qual colheu aplausos entusiasmados ao afirmar que as elites - que, como de hábito, não especificou - "não se conformam" porque hoje os trabalhadores têm acesso a bens que antes estavam fora de seu alcance, como automóveis zero-quilômetro e viagens aéreas. E a terceira, no próprio quartel-general dos patrões dos metalúrgicos (a Fiesp), onde acabou cometendo talvez um ato falho com suas imagens futebolísticas.
A VERSÃO benévola de que Luiz Inácio da Silva não estava pensando em Rousseff quando mencionou titulares de perna quebrada não elide o fato de que a imagem usada, ela própria, é altamente comprometedora para ele, que não hesita em propagandear irresponsavelmente, como prática corriqueira e moralmente aceitável, o levar vantagem em tudo, o recurso a qualquer meio para atingir os fins desejados. Pois não é outra a ideia que traduz a frase infeliz que, a pretexto de fazer graça, traz subjacente um enorme potencial de dissolução moral: "Oposição é como jogador no banco de reservas. Torce para o jogador titular quebrar a perna". É uma afirmação absurda, descabida, que revela, no mínimo, ausência do sentimento de solidariedade humana, na boca de alguém que tem a responsabilidade de se comportar como líder de uma grande massa de brasileiros. Essa sempre foi a prática de Luiz Inácio da Silva na luta sindical e no papel de oposicionista, à frente do Partido dos Trabalhadores (PT): mais do que a torcida, o trabalho para fazer "o titular quebrar a perna". Foi assim quando, sob seu comando, os petistas votaram contra a eleição indireta do presidente da República eleito, Tancredo de Almeida Neves, numa disputa contra o ex-governador de São Paulo, Paulo Salim Maluf (PP-SP), o candidato da ditadura militar no Colégio Eleitoral; foi assim quando, sob seu comando, os petistas votaram contra a promulgação da Constituição Federal do Brasil (CFB) ao final da Assembléia Nacional Constituinte em 1988, que se propôs a redemocratizar o País depois da queda do regime didatorial militar (1964-185); foi assim quando, sob seu comando, os petistas fizeram campanha contra o Plano Real e contra todas as outras medidas reformadoras do aparelho do Estado e da economia implantadas pelos governos Itamar Franco (1992-94) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), que o antecederam.
NADA disso é novidade. Tudo isso tem sido repetido insistentemente nos últimos tempos, pelo menos, pela Imprensa que continua cumprindo o papel democrático de investigar e denunciar o assalto dos partidos da situação aos cofres públicos. A Imprensa que insiste em demonstrar, com um trabalho jornalístico responsável, que depois de oito anos de exaurimento ético a máquina do Estado ameaça implodir moralmente, sob o olhar perplexo da presidente Dilma Rousseff. É fácil entender, diante disso, por que Luiz Inácio da Silva jamais desiste da ideia de quebrar as pernas da Imprensa que não lhe "larga do pé". E de quem atravessa seu caminho.
É O que mostra o esforço daquele ex-presidente da República para se manter em evidência no noticiário político, coisa que sempre soube fazer muito bem, não importa a que custo. Só nas últimas duas semanas foram três ocasiões e sempre a mesma e invariável atitude: o defensor dos fracos e oprimidos contra as elites. A primeira, em congresso da cooptada União Nacional dos Estudantes (UNE) realizado na Cidade do Rio de Janeiro (RJ), insistiu na tecla de que a "Imprensa golpista" não desiste de lhe "pegar no pé", a serviço de interesses inconfessáveis que ele, se conhece, não revela. A segunda, em congresso da União Geral dos Trabalhadores (UGT) na Cidade de São Paulo (SP), na qual colheu aplausos entusiasmados ao afirmar que as elites - que, como de hábito, não especificou - "não se conformam" porque hoje os trabalhadores têm acesso a bens que antes estavam fora de seu alcance, como automóveis zero-quilômetro e viagens aéreas. E a terceira, no próprio quartel-general dos patrões dos metalúrgicos (a Fiesp), onde acabou cometendo talvez um ato falho com suas imagens futebolísticas.
A VERSÃO benévola de que Luiz Inácio da Silva não estava pensando em Rousseff quando mencionou titulares de perna quebrada não elide o fato de que a imagem usada, ela própria, é altamente comprometedora para ele, que não hesita em propagandear irresponsavelmente, como prática corriqueira e moralmente aceitável, o levar vantagem em tudo, o recurso a qualquer meio para atingir os fins desejados. Pois não é outra a ideia que traduz a frase infeliz que, a pretexto de fazer graça, traz subjacente um enorme potencial de dissolução moral: "Oposição é como jogador no banco de reservas. Torce para o jogador titular quebrar a perna". É uma afirmação absurda, descabida, que revela, no mínimo, ausência do sentimento de solidariedade humana, na boca de alguém que tem a responsabilidade de se comportar como líder de uma grande massa de brasileiros. Essa sempre foi a prática de Luiz Inácio da Silva na luta sindical e no papel de oposicionista, à frente do Partido dos Trabalhadores (PT): mais do que a torcida, o trabalho para fazer "o titular quebrar a perna". Foi assim quando, sob seu comando, os petistas votaram contra a eleição indireta do presidente da República eleito, Tancredo de Almeida Neves, numa disputa contra o ex-governador de São Paulo, Paulo Salim Maluf (PP-SP), o candidato da ditadura militar no Colégio Eleitoral; foi assim quando, sob seu comando, os petistas votaram contra a promulgação da Constituição Federal do Brasil (CFB) ao final da Assembléia Nacional Constituinte em 1988, que se propôs a redemocratizar o País depois da queda do regime didatorial militar (1964-185); foi assim quando, sob seu comando, os petistas fizeram campanha contra o Plano Real e contra todas as outras medidas reformadoras do aparelho do Estado e da economia implantadas pelos governos Itamar Franco (1992-94) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), que o antecederam.
NADA disso é novidade. Tudo isso tem sido repetido insistentemente nos últimos tempos, pelo menos, pela Imprensa que continua cumprindo o papel democrático de investigar e denunciar o assalto dos partidos da situação aos cofres públicos. A Imprensa que insiste em demonstrar, com um trabalho jornalístico responsável, que depois de oito anos de exaurimento ético a máquina do Estado ameaça implodir moralmente, sob o olhar perplexo da presidente Dilma Rousseff. É fácil entender, diante disso, por que Luiz Inácio da Silva jamais desiste da ideia de quebrar as pernas da Imprensa que não lhe "larga do pé". E de quem atravessa seu caminho.
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