A caminho de um calote seletivo
NOVA YORK (EUA) – AS ECONOMIAS das nações da zona do euro foram salvas mais uma vez e seus 17 integrantes poderão continuar desfilando, se o governo grego aproveitar a nova oportunidade para vencer a crise. O risco de calote permanece, avaliam alguns analistas, apesar da ajuda de 158,6 bilhões aprovada em Bruxelas, desta vez com parte da conta repassada aos credores privados. Para outros, o calote já está embutido nas novas condições oferecidas à Grécia, porque parte da dívida será eliminada sem ter sido paga. De toda forma, o acordo anunciado na última Quinta-feira, 21, por líderes da zona do euro foi bem recebido nos mercados financeiros. Já na última Sexta-feira, 22, os índices das principais bolsas de valores no mundo inteiro subiram e as ações dos bancos se valorizaram. O sufoco havia passado mais uma vez.
PORÉM, a grande novidade foi o envolvimento das instituições financeiras privadas na operação de socorro. A participação conjunta dos governos da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) nesse novo pacote corresponderá a 109 bilhões. As instituições privadas contribuirão com 49,6 bilhões. Poderão participar renovando os empréstimos ao governo da Grécia por prazos mais longos, oferecendo rolagens em melhores condições que as de hoje ou aceitando resgate dos títulos por valor menor que o de face.
EM vez de enfrentar um calote no estilo tradicional, quando o devedor se declara incapaz de cumprir os compromissos no prazo combinado, os credores tomaram a iniciativa de propor o alívio. Em comunicado, a Federação dos Bancos da França classificou como inovador o plano acertado na semana passada.
UMA das novidades é a autorização para o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês) comprar papéis da dívida grega no mercado secundário. Com isso foi criado um instrumento suplementar de apoio. Os banqueiros franceses têm motivos muito especiais para festejar o novo acordo por estarem muito expostos - até mais que os banqueiros da Alemanha - à dívida pública da Grécia.
O RISCO de um calote aberto foi apenas adiado, segundo alguns analistas. Com o novo pacote, argumentam, a dívida grega deverá diminuir, mas continuará muito pesada. Hoje o Tesouro Nacional da Grécia deve mais que 140% do Produto Interno Bruto (PIB) grego. Há quem estime um valor próximo de 150%. Se as facilidades oferecidas pelos credores forem bem aproveitadas, a dívida poderá diminuir para uns 125% do PIB grego. Ainda será muito grande, especialmente para uma economia carente de reformas para ganhar dinamismo e competitividade.
ESTE novo acordo excluiu a hipótese, em discussão até a Quinta-feira, 21, de um novo imposto sobre os bancos para ajudar no socorro financeiro à Grécia.
JÁ NA última Sexta-feira, 22, as agências de classificação de risco ainda estudavam como reagir ao novo acerto entre os credores e o governo grego. A hipótese de classificar a Grécia como um país em calote seletivo era dada como provável por muitos analistas. Afinal, argumentavam, os bancos terão de assumir perdas para cumprir sua parte no acordo.
O PACOTE, de toda forma, tornou o cenário menos preocupante. Algumas facilidades oferecidas ao governo da Grécia serão estendidas aos governos de Portugal e da Irlanda. Os três países serão beneficiados por prazos maiores e juros menores para pagar os empréstimos concedidos pelo fundo europeu. Está fora de questão, disse o presidente do Banco de Portugal, Carlos Costa, o risco de um "calote seletivo" português.
ESSE envolvimento dos bancos privados foi uma vitória dos principais líderes europeus - especialmente da França e da Alemanha - contra o Banco Central Europeu (BCE). Mas essa vitória exigiu um complexo trabalho de calibragem da participação dos bancos e muita negociação.
AINDA falta uma solução para o problema da dívida federal norte-americana. O plano de ajuste proposto por deputados federais do Partido Republicano e aprovado na Câmara baixa foi rejeitado logo depois no Senado Federal. Se passasse, acabaria vetado pelo presidente da República dos EUA, Barack Houssein Obama. Ele continua trabalhando para conseguir a elevação do teto da dívida antes da próxima Terça-feira, 02 e, ao mesmo tempo, garantir a aprovação de um programa de estabilização fiscal composto de cortes de gastos e aumentos de impostos sobre contribuintes de alta renda.
PORÉM, a grande novidade foi o envolvimento das instituições financeiras privadas na operação de socorro. A participação conjunta dos governos da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) nesse novo pacote corresponderá a 109 bilhões. As instituições privadas contribuirão com 49,6 bilhões. Poderão participar renovando os empréstimos ao governo da Grécia por prazos mais longos, oferecendo rolagens em melhores condições que as de hoje ou aceitando resgate dos títulos por valor menor que o de face.
EM vez de enfrentar um calote no estilo tradicional, quando o devedor se declara incapaz de cumprir os compromissos no prazo combinado, os credores tomaram a iniciativa de propor o alívio. Em comunicado, a Federação dos Bancos da França classificou como inovador o plano acertado na semana passada.
UMA das novidades é a autorização para o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês) comprar papéis da dívida grega no mercado secundário. Com isso foi criado um instrumento suplementar de apoio. Os banqueiros franceses têm motivos muito especiais para festejar o novo acordo por estarem muito expostos - até mais que os banqueiros da Alemanha - à dívida pública da Grécia.
O RISCO de um calote aberto foi apenas adiado, segundo alguns analistas. Com o novo pacote, argumentam, a dívida grega deverá diminuir, mas continuará muito pesada. Hoje o Tesouro Nacional da Grécia deve mais que 140% do Produto Interno Bruto (PIB) grego. Há quem estime um valor próximo de 150%. Se as facilidades oferecidas pelos credores forem bem aproveitadas, a dívida poderá diminuir para uns 125% do PIB grego. Ainda será muito grande, especialmente para uma economia carente de reformas para ganhar dinamismo e competitividade.
ESTE novo acordo excluiu a hipótese, em discussão até a Quinta-feira, 21, de um novo imposto sobre os bancos para ajudar no socorro financeiro à Grécia.
JÁ NA última Sexta-feira, 22, as agências de classificação de risco ainda estudavam como reagir ao novo acerto entre os credores e o governo grego. A hipótese de classificar a Grécia como um país em calote seletivo era dada como provável por muitos analistas. Afinal, argumentavam, os bancos terão de assumir perdas para cumprir sua parte no acordo.
O PACOTE, de toda forma, tornou o cenário menos preocupante. Algumas facilidades oferecidas ao governo da Grécia serão estendidas aos governos de Portugal e da Irlanda. Os três países serão beneficiados por prazos maiores e juros menores para pagar os empréstimos concedidos pelo fundo europeu. Está fora de questão, disse o presidente do Banco de Portugal, Carlos Costa, o risco de um "calote seletivo" português.
ESSE envolvimento dos bancos privados foi uma vitória dos principais líderes europeus - especialmente da França e da Alemanha - contra o Banco Central Europeu (BCE). Mas essa vitória exigiu um complexo trabalho de calibragem da participação dos bancos e muita negociação.
AINDA falta uma solução para o problema da dívida federal norte-americana. O plano de ajuste proposto por deputados federais do Partido Republicano e aprovado na Câmara baixa foi rejeitado logo depois no Senado Federal. Se passasse, acabaria vetado pelo presidente da República dos EUA, Barack Houssein Obama. Ele continua trabalhando para conseguir a elevação do teto da dívida antes da próxima Terça-feira, 02 e, ao mesmo tempo, garantir a aprovação de um programa de estabilização fiscal composto de cortes de gastos e aumentos de impostos sobre contribuintes de alta renda.
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