Sexta-feira macabra!
NOVA YORK (EUA) - APÓS aqueles atentados da última Sexta-feira, 22, já não se pode dizer que a Noruega é um país onde nunca acontece nada. Muito menos que o tédio é o resultado inevitável de uma vida de alto padrão que o Estado do bem-estar social proporciona a todos os noruegueses que têm, do berço ao túmulo, educação e serviços de saúde e assistência social gratuitos. Pois naquele país com população pequena e bastante homogênea, onde praticamente todos os vizinhos se conhecem, ocorreu um dos mais devastadores atentados terroristas, desde que a Al-Qaeda destruiu as torres gêmeas aqui em Nova York naquele 11 de Setembro de 2001.
INICIALMENTE, aconteceu a explosão de um carro-bomba no centro de Oslo, na rua onde está o escritório do primeiro-ministro norueguês Jens Stoltenberg. Depois, foi o ataque à reunião da juventude do Partido Trabalhista, na Ilha de Utoya. Atribuiu-se a ação ao temido grupo terrorista islâmico, que se especializou em fazer ataques coordenados a vários alvos - mesmo porque o grupo Ansar al-Jihad al-Alami, que alega ter vínculos com a Al-Qaeda, reivindicou a autoria dos atentados numa mensagem postada na web. Horas depois, o autor da mensagem se retratou.
JÁ SE sabia que os atentados que deixaram, até o momento, 76 mortos - os atentados da Al-Qaeda contra os transportes públicos de Londres mataram 37 pessoas - foram realizados por um único homem, o norueguês Anders Behring Breivik.
ENTRE 1999 e 2004, Breivik foi filiado ao direitista Partido do Progresso, que abandonou por considerar que a agremiação não se opunha com mais rigor à entrada de imigrantes na Noruega. O Partido do Progresso é o segundo maior bloco político do país. Defende uma política estrita de imigração, mas desaprova o uso de métodos violentos para desencorajar a entrada de estrangeiros e não aceita a filiação de extremistas. Sabe-se agora, pelos seus escritos na web e por um documento de 1.500 páginas que a polícia encontrou em sua casa, que Breivik, que se definia como um cristão conservador, achava que os políticos haviam traído a Noruega, permitindo que se fizesse no país uma experiência multiculturalista - e que alguém tinha de pôr um paradeiro nessa situação. Ninguém, durante todo esse tempo, percebeu nele a tendência homicida que se revelaria no último fim de semana.
BREIVIK se apresentava como caçador de marxistas e cruzado contra o Islã, o socialismo e a Imprensa. Sua missão, escreveu, era salvar a Europa do multiculturalismo. Nos 80 dias que precederam o ataque daquela Sexta-feira macabra, ele descreveu meticulosamente, num diário, como explodiria o carro-bomba em Oslo e caçaria a tiros os jovens na Ilha de Utoya. Assinava-se "Cavaleiro Comandante Justiceiro dos Cavaleiros Templários".
ENFIM foi um plantador de beterrabas norueguês, da extrema-direita, antimuçulmano e ultranacionalista, sem ligações com grupos terroristas, quem matou 76 pessoas e se entregou calmamente à polícia. "Ele parecia impassível, bastante calmo, como se tivesse tido um dia normal", disse uma testemunha. E acrescentou: "Acho que uma porção de gente está aliviada porque isso foi feito por um cara maluco, e não por um grupo terrorista, a Al-Qaeda ou coisa parecida".
O PRIMEIRO-MINISTRO Stoltenberg felizmente teve uma reação mais realista, percebendo que o país não tem a temer apenas inimigos externos - os grupos terroristas islâmicos. "Nossa resposta (aos atentados)", disse ele, "é mais democracia, mais abertura, mais humanidade, mas sem ingenuidade".
MAIS direta e objetiva que o primeiro-ministro da Noruega foi uma mulher que viu a destruição no centro de Oslo. "Se um islâmico faz algo errado, você pensa, ‘Ah, esses muçulmanos’. Mas se um protestante branco faz algo errado, você pensa que ele é louco. Precisamos pensar seriamente sobre isso".
UM dos primeiros policiais a chegar à Ilha de Utoya, horrorizado com o que viu, disse que aquilo parecia a "obra de um louco". De fato, todo ato terrorista, toda carnificina de inocentes revela insanidade. Mas até na loucura há lógica e cabe aos noruegueses descobrir por que a sua sociedade - próspera e amante da paz como poucas no mundo - gerou o horror que experimentou naquela macabra Sexta-feira deste Julho de 2011.
INICIALMENTE, aconteceu a explosão de um carro-bomba no centro de Oslo, na rua onde está o escritório do primeiro-ministro norueguês Jens Stoltenberg. Depois, foi o ataque à reunião da juventude do Partido Trabalhista, na Ilha de Utoya. Atribuiu-se a ação ao temido grupo terrorista islâmico, que se especializou em fazer ataques coordenados a vários alvos - mesmo porque o grupo Ansar al-Jihad al-Alami, que alega ter vínculos com a Al-Qaeda, reivindicou a autoria dos atentados numa mensagem postada na web. Horas depois, o autor da mensagem se retratou.
JÁ SE sabia que os atentados que deixaram, até o momento, 76 mortos - os atentados da Al-Qaeda contra os transportes públicos de Londres mataram 37 pessoas - foram realizados por um único homem, o norueguês Anders Behring Breivik.
ENTRE 1999 e 2004, Breivik foi filiado ao direitista Partido do Progresso, que abandonou por considerar que a agremiação não se opunha com mais rigor à entrada de imigrantes na Noruega. O Partido do Progresso é o segundo maior bloco político do país. Defende uma política estrita de imigração, mas desaprova o uso de métodos violentos para desencorajar a entrada de estrangeiros e não aceita a filiação de extremistas. Sabe-se agora, pelos seus escritos na web e por um documento de 1.500 páginas que a polícia encontrou em sua casa, que Breivik, que se definia como um cristão conservador, achava que os políticos haviam traído a Noruega, permitindo que se fizesse no país uma experiência multiculturalista - e que alguém tinha de pôr um paradeiro nessa situação. Ninguém, durante todo esse tempo, percebeu nele a tendência homicida que se revelaria no último fim de semana.
BREIVIK se apresentava como caçador de marxistas e cruzado contra o Islã, o socialismo e a Imprensa. Sua missão, escreveu, era salvar a Europa do multiculturalismo. Nos 80 dias que precederam o ataque daquela Sexta-feira macabra, ele descreveu meticulosamente, num diário, como explodiria o carro-bomba em Oslo e caçaria a tiros os jovens na Ilha de Utoya. Assinava-se "Cavaleiro Comandante Justiceiro dos Cavaleiros Templários".
ENFIM foi um plantador de beterrabas norueguês, da extrema-direita, antimuçulmano e ultranacionalista, sem ligações com grupos terroristas, quem matou 76 pessoas e se entregou calmamente à polícia. "Ele parecia impassível, bastante calmo, como se tivesse tido um dia normal", disse uma testemunha. E acrescentou: "Acho que uma porção de gente está aliviada porque isso foi feito por um cara maluco, e não por um grupo terrorista, a Al-Qaeda ou coisa parecida".
O PRIMEIRO-MINISTRO Stoltenberg felizmente teve uma reação mais realista, percebendo que o país não tem a temer apenas inimigos externos - os grupos terroristas islâmicos. "Nossa resposta (aos atentados)", disse ele, "é mais democracia, mais abertura, mais humanidade, mas sem ingenuidade".
MAIS direta e objetiva que o primeiro-ministro da Noruega foi uma mulher que viu a destruição no centro de Oslo. "Se um islâmico faz algo errado, você pensa, ‘Ah, esses muçulmanos’. Mas se um protestante branco faz algo errado, você pensa que ele é louco. Precisamos pensar seriamente sobre isso".
UM dos primeiros policiais a chegar à Ilha de Utoya, horrorizado com o que viu, disse que aquilo parecia a "obra de um louco". De fato, todo ato terrorista, toda carnificina de inocentes revela insanidade. Mas até na loucura há lógica e cabe aos noruegueses descobrir por que a sua sociedade - próspera e amante da paz como poucas no mundo - gerou o horror que experimentou naquela macabra Sexta-feira deste Julho de 2011.
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