Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

segunda-feira, agosto 16, 2010

Candidata renega o passado de engajamento na luta armada

SÃO PAULO (SP) – DESDE quando a candidatura presidencial da ex-ministra-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, Dilma Vana Rousseff (PT-RS) foi forjada pelo vosso guia, por curiosidade e interesse em entender o processo eleitoral em curso, diversos eleitores País afora – aqueles com capacidade de discernimento e opinião -, se perguntam quem é Dilma Rousseff? Qual seu estado civil? Qual sua formação profissional? Se tem família, filhos, netos, etc?... E mais; qual a sua formação e, sobretudo, qual é o seu legado político?

AO longo da propaganda eleitoral no Rádio e TV que se inicia nesta Terça-feira, 17, muitas questões relacionadas à vida pessoal da candidata governista de certo serão apresentadas ao digníssimo público eleitor. Mas para muitos, e jovens eleitores, ou simplesmente aqueles menos informados a grande incógnita de fato tem sido o detalhamento do passado político de Dilma Rousseff. Sobretudo pelo fato de a candidata ser uma debutante no teste das urnas – ainda mais tendo ela, nesta estréia em sufrágios, a intenção de ocupar o mais alto posto mandatário deste grande e bobo País.

DOS OUTROS dois destacados postulantes neste pleito - a senadora Marina Silva (PV-AC) e o ex-governador do Estado de São Paulo, José Serra (PSDB-SP) e mesmo o ex-deputado federal constituinte, Plínio de Arruda Sampaio (PSOL-SP) – todos aqueles eleitores, mais atentos ao ato de cidadania suprema, já conhecem bem suas histórias na vida pública. Afinal esses três postulantes já foram cotejados pelas urnas em mais de uma eleição e tiveram seu passado político exposto às náuseas pela mídia e até pelos livros de história, factualmente.

DESTA forma a publicação da reportagem especial de capa na edição de hojem, 16, da Revista ÉPOCA (Editora GLOBO) sob o título de “O passado Dilma”, repercutiu tanto a ponto de esgotar a 1ª edição daquele semanário em poucas horas de vendagem em bancas.

POIS bem, é para repercutir também aqui nestas NOTAS que reproduzimos a referida reportagem especial de autoria dos colegas jornalistas Leandro Loyola, Eumano Silva e Leonel Rocha e publicada na Revista ÉPOCA desta semana. Boa leitura e reflexão a todos!

“Dilma na luta armada

ENTRE 1967 e 1970, a estudante Dilma Rousseff combateu a ditadura militar. O que os processos da Justiça Militar revelam sobre a jovem que se tornou líder de uma das organizações que pegaram em armas contra o Governo.

Leandro Loyola, Eumano Silva e Leonel Rocha
BRASÍLIA (DF)


EM outubro de 1968, o Serviço Nacional de Informações (SNI) produziu um documento de 140 páginas sobre o estado da ‘guerra revolucionária no país’. Quatro anos após o golpe que instalou a ditadura militar no Brasil, grupos de esquerda promoviam ações armadas contra o regime. O relatório lista assaltos a bancos, atentados e mortes. Em Minas Gerais, o SNI se preocupava com um grupo dissidente da organização chamada Polop (Política Operária). O texto afirma que reuniões do grupo ocorriam em um apartamento na Avenida João Pinheiro, 82, em Belo Horizonte, onde vivia Cláudio Galeno Linhares. Entre os militantes aparece Dilma Vana Rousseff Linhares, descrita como ‘esposa de Cláudio Galeno de Magalhães Linhares (‘Lobato’). É estudante da Faculdade de Ciências Econômicas (FACE-UFMG) e seus antecedentes estão sendo levantados’. Dilma e a máquina repressiva da ditadura começavam a se conhecer.

DURANTE os cinco anos em que essa máquina funcionou com maior intensidade, de 1967 a 1972, a militante Dilma Vana Rousseff (ou Estela, ou Wanda, ou Luiza, ou Marina, ou Maria Lúcia) viveu mais experiências do que a maioria das pessoas terá em toda a vida. Ela se casou duas vezes, militou em duas organizações clandestinas que defendiam e praticavam a luta armada, mudou de casa frequentemente para fugir da perseguição da polícia e do Exército, esteve em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, adotou cinco nomes falsos, usou documentos falsos, manteve encontros secretos dignos de filmes de espionagem, transportou armas e dinheiro obtido em assaltos, aprendeu a atirar, deu aulas de marxismo, participou de discussões ideológicas trancada por dias a fio em “aparelhos”, foi presa, torturada, processada e encarou 28 meses de cadeia.

HOJE candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência da República, Dilma Rousseff fala pouco sobre esse período. ÉPOCA pediu, em várias ocasiões nos últimos meses, uma entrevista a Dilma para esclarecer as dúvidas que ainda existem sobre o assunto (leia algumas delas no quadro abaixo). Todos os pedidos foram negados. Na última sexta-feira, a assessoria de imprensa da campanha de Dilma enviou uma nota à revista em que diz que ‘a candidata do PT nunca participou de ação armada’. ‘Dilma não participou, não foi interrogada sobre o assunto e sequer denunciada por participação em qualquer ação armada, não sendo nem julgada e nem condenada por isso. Dilma foi presa, torturada e condenada a dois anos e um mês de prisão pela Lei de Segurança Nacional, por ‘subversão’, numa época em que fazer oposição aos governos militares era ser ‘subversivo’, diz a nota”.