No ranking do descaso
TIRADENTES (MG) - NO BRASIL, a Educação continua sendo reprovada nos levantamentos comparativos dos organismos multilaterais e os estudantes do País continuam tendo desempenho vexatório nos testes internacionais de avaliação de conhecimento. O estudo mais recente foi preparado pela Unesco – um setor dentro da Organização das Nações Unidas (ONU) que cuida das questões envolvendo a Educação e a Cultura -, com dados de 2007. Elaborado por uma equipe independente, o estudo mostra que o Brasil tem a maior taxa de repetência das Américas no Ensino Fundamental. Ele está atrás até dos países mais pobres das Américas, como Bolívia, Paraguai, Equador e Honduras.
COM ESSE estudo sazonal, há anos, a Unesco monitora as tentativas de cerca de 160 países de atingir os objetivos do projeto Educação Para Todos. Os dados mostram que as metas fixadas para 2015 dificilmente serão atingidas, uma vez que 72 milhões de crianças no mundo inteiro ainda permaneciam fora da escola em 2007. No ritmo atual, serão 56 milhões em 2015. O relatório abrange apenas 128 países. Desse total, 62 países vêm apresentando um bom desempenho e 30 estão longe das metas e até regredindo, como a Venezuela governada pelo coronel-presidente Hugo Chaves.
O BRASIL aparece em 88º lugar no ranking da Unesco. O Pais se situa entre as nações da faixa intermediária - aquelas que, apesar de terem investido na universalização do Ensino Fundamental para atingir as metas estabelecidas pela Unesco para 2015, ainda não conseguiram superar o desafio da melhoria de qualidade do ensino.
O PAÍS, segundo o relatório, conseguiu nos últimos anos reduzir as taxas de analfabetismo e igualar o acesso à escola a meninos e meninas. No entanto, as taxas de evasão escolar e de reprovação do Ensino Fundamental permanecem preocupantes e o número de alunos que não conseguem chegar até a 5ª série vem aumentando. Foi por isso que o Brasil perdeu pontos no ranking da Unesco. A taxa de matrícula caiu de 95,6%, no levantamento de 2005, para 93,5%, em 2007. E a chamada "taxa de sobrevivência na 5ª série" passou de 80,5% para 75,6%, no mesmo período.
SEGUNDO a interpretação dos técnicos e pesquisadores da Unesco, há três fatores que influenciam o desempenho dos estudantes, estimulando-os a permanecer na escola até a conclusão dos cursos. O primeiro fator é a avaliação do aprendizado nas primeiras séries do Ensino Fundamental e a adoção de medidas de recuperação ou reforço para quem estiver abaixo das metas desejadas. O segundo fator é dotar as escolas de um mínimo de infraestrutura, com o objetivo de criar um ambiente escolar estimulante. E o terceiro fator é assegurar a oferta de um número consistente de horas em sala de aula, garantindo que pelo menos 80% delas sejam de aprendizagem efetiva.
POIS BEM, a educação básica no Brasil não evolui bem em nenhum desses fatores. Na rede pública do Ensino Fundamental, por exemplo, a média é de apenas 4,5 horas de aula, quando, segundo os especialistas, seriam necessárias pelo menos 6 horas. Na rede pública de Ensino Médio, a média é de somente 4,3 horas diárias. Na Cidade de São Paulo, a Prefeitura Municipal até hoje não eliminou o turno intermediário entre os períodos da manhã e da tarde ? o turno da fome, que oferece apenas 4 horas de aula por dia. Dos 195 mil estabelecimentos de ensino do País, 17,8 mil não contam com energia elétrica, 37% não possuem biblioteca e 10% ainda carecem de banheiro.
SEGUNDO inúmeros especialistas ouvidos pela nossa reportagem, o governo investiu muito em avaliação, nos últimos anos, mas pouco na tentativa de elevar a qualidade do ensino público. Eles também afirmam que melhorar a qualidade da educação custa mais do que colocar a criança na escola. As autoridades educacionais alegaram que ainda não analisaram o relatório da Unesco, mas, informalmente, consideraram as conclusões "estranhas", uma vez que o Ensino Fundamental foi ampliado de 8 para 9 anos e que o Congresso Nacional já promulgou a emenda constitucional que prevê a obrigatoriedade da matrícula das crianças no Ensino Básico (Infantil, Fundamental e Médio) na faixa etária dos 4 aos 17 anos – anteriormente, a obrigatoriedade pela Lei era dos 6 aos 14 anos.
O FATO é que, sejam quais forem as explicações do governo, num ano eleitoral como 2010, os candidatos à Presidência da República não podem desprezar o tema da educação, uma vez que a qualidade do ensino é decisiva para determinar a capacidade de crescimento do País.
COM ESSE estudo sazonal, há anos, a Unesco monitora as tentativas de cerca de 160 países de atingir os objetivos do projeto Educação Para Todos. Os dados mostram que as metas fixadas para 2015 dificilmente serão atingidas, uma vez que 72 milhões de crianças no mundo inteiro ainda permaneciam fora da escola em 2007. No ritmo atual, serão 56 milhões em 2015. O relatório abrange apenas 128 países. Desse total, 62 países vêm apresentando um bom desempenho e 30 estão longe das metas e até regredindo, como a Venezuela governada pelo coronel-presidente Hugo Chaves.
O BRASIL aparece em 88º lugar no ranking da Unesco. O Pais se situa entre as nações da faixa intermediária - aquelas que, apesar de terem investido na universalização do Ensino Fundamental para atingir as metas estabelecidas pela Unesco para 2015, ainda não conseguiram superar o desafio da melhoria de qualidade do ensino.
O PAÍS, segundo o relatório, conseguiu nos últimos anos reduzir as taxas de analfabetismo e igualar o acesso à escola a meninos e meninas. No entanto, as taxas de evasão escolar e de reprovação do Ensino Fundamental permanecem preocupantes e o número de alunos que não conseguem chegar até a 5ª série vem aumentando. Foi por isso que o Brasil perdeu pontos no ranking da Unesco. A taxa de matrícula caiu de 95,6%, no levantamento de 2005, para 93,5%, em 2007. E a chamada "taxa de sobrevivência na 5ª série" passou de 80,5% para 75,6%, no mesmo período.
SEGUNDO a interpretação dos técnicos e pesquisadores da Unesco, há três fatores que influenciam o desempenho dos estudantes, estimulando-os a permanecer na escola até a conclusão dos cursos. O primeiro fator é a avaliação do aprendizado nas primeiras séries do Ensino Fundamental e a adoção de medidas de recuperação ou reforço para quem estiver abaixo das metas desejadas. O segundo fator é dotar as escolas de um mínimo de infraestrutura, com o objetivo de criar um ambiente escolar estimulante. E o terceiro fator é assegurar a oferta de um número consistente de horas em sala de aula, garantindo que pelo menos 80% delas sejam de aprendizagem efetiva.
POIS BEM, a educação básica no Brasil não evolui bem em nenhum desses fatores. Na rede pública do Ensino Fundamental, por exemplo, a média é de apenas 4,5 horas de aula, quando, segundo os especialistas, seriam necessárias pelo menos 6 horas. Na rede pública de Ensino Médio, a média é de somente 4,3 horas diárias. Na Cidade de São Paulo, a Prefeitura Municipal até hoje não eliminou o turno intermediário entre os períodos da manhã e da tarde ? o turno da fome, que oferece apenas 4 horas de aula por dia. Dos 195 mil estabelecimentos de ensino do País, 17,8 mil não contam com energia elétrica, 37% não possuem biblioteca e 10% ainda carecem de banheiro.
SEGUNDO inúmeros especialistas ouvidos pela nossa reportagem, o governo investiu muito em avaliação, nos últimos anos, mas pouco na tentativa de elevar a qualidade do ensino público. Eles também afirmam que melhorar a qualidade da educação custa mais do que colocar a criança na escola. As autoridades educacionais alegaram que ainda não analisaram o relatório da Unesco, mas, informalmente, consideraram as conclusões "estranhas", uma vez que o Ensino Fundamental foi ampliado de 8 para 9 anos e que o Congresso Nacional já promulgou a emenda constitucional que prevê a obrigatoriedade da matrícula das crianças no Ensino Básico (Infantil, Fundamental e Médio) na faixa etária dos 4 aos 17 anos – anteriormente, a obrigatoriedade pela Lei era dos 6 aos 14 anos.
O FATO é que, sejam quais forem as explicações do governo, num ano eleitoral como 2010, os candidatos à Presidência da República não podem desprezar o tema da educação, uma vez que a qualidade do ensino é decisiva para determinar a capacidade de crescimento do País.
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