Ainda nos falta o preparo
NA VERDADE poderá custar caro ao País o novo equilíbrio mundial pregado pelo G-20 (Grupos dos paises ricos e emergentes da economia mundial) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas, talvez não haja alternativa. Então, os brasileiros, por via das dúvidas, deveriam preparar-se para concorrer nesse novo mundo. Segundo os técnicos do FMI, a maior economia do globo, a economia norte-americana, vai depender do mercado externo mais do que hoje para sustentar seu crescimento nos próximos anos. A explicação é simples. Quando o governo cortar os incentivos, a expansão dos negócios ficará de novo a cargo do setor privado. Mas os consumidores, duramente afetados pelo estouro da bolha imobiliária norte-americana, deverão ser mais comedidos. Quanto ao investimento em máquinas, equipamentos e instalações, só será retomado de verdade quando as empresas tiverem reduzido sua enorme capacidade ociosa e isso ainda vai demorar. Logo, a resposta será buscar na exportação o combustível necessário à expansão econômica.
PARA ESSE jogo dar certo, a China e outros países superavitários terão de fazer sua parte, estimulando o consumo, gastando mais em seguro social e importando mais dos Estados Unidos da América (EUA) e de outros países com déficit nas contas externas. Esse quadro pode parecer muito atraente para quem sonha com uma nova paisagem econômica. Mas ele oferece perigos.
SE EUA e China trocarem seus papéis no comércio internacional, o maior mercado consumidor do mundo, o norte-americano, será menos dinâmico e os produtores estrangeiros terão de competir mais duramente para entrar lá. Os chineses poderão aumentar suas importações, mas não há como saber, por enquanto, se isso compensará a mudança no mercado norte-americano. Além do mais, os produtores dos EUA, mais dependentes das vendas ao exterior, tentarão ocupar mais espaço em todos os mercados, incluído o chinês.
POR SUA vez, a China já é um dos principais mercados para os exportadores brasileiros, mas o Brasil não é um dos seus principais fornecedores. Além disso, a China é estrategicamente mais importante para o Brasil do que o Brasil para a China. Os chineses têm cerca de US$ 2 trilhões em reservas cambiais. Desse total, uns US$ 800 bilhões estão aplicados em títulos norte-americanos. Se, em algum momento, o governo totalitário chinês tiver de resolver se dará prioridade aos interesses norte-americanos ou aos brasileiros, a deliberação não consumirá mais do que um instante.
OUTROS fatores também contribuirão para tornar mais dura a concorrência. O comércio global diminuiu com a recessão, e seu crescimento, nos primeiros tempos da recuperação, deverá ser vagaroso. Durante a crise, o protecionismo aumentou na maior parte dos mercados mais importantes, embora sem medidas muito duras. Mas houve, de toda forma, um aumento de barreiras e dificilmente os governos se apressarão a desmontá-las. Enfim, todos os países tentarão ampliar suas exportações num mercado bem menos dinâmico do que foi nos últimos dez anos.
CASO metade dessas hipóteses se confirmarem, os empresários brasileiros afetados pelas condições do comércio internacional terão motivos mais que suficientes para se preocupar. De fato, já não lhes faltam preocupações, e a perspectiva de maior valorização do real torna o cenário mais complicado. A possibilidade de ingresso de mais dinheiro destinado ao mercado de capitais - as projeções variam entre US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões - aumenta o temor de um desajuste cambial maior que o atual.
O BANCO Central do Brasil (BC), como autoridade monetário do País, evita provocar grandes oscilações na cotação do dólar. Mas mais seguro é tentar outros caminhos para aumentar o poder de competição dos produtores nacionais. Eles já estavam em desvantagem quando o comércio internacional crescia aceleradamente. A partir da crise, sua situação piorou. As empresas brasileiras envolvidas no comércio internacional são geralmente avaliadas de forma positiva pelos especialistas. As avaliações, no entanto, coincidem também noutro ponto: essas empresas operam num ambiente altamente desfavorável, porque as condições dependentes das políticas públicas são muito ruins. A lista dos problemas, a começar pela qualidade dos impostos, é bem conhecida, assim como a incapacidade política e gerencial do governo de enfrentar os problemas. O Brasil não se está preparando para a nova fase da economia internacional.
PARA ESSE jogo dar certo, a China e outros países superavitários terão de fazer sua parte, estimulando o consumo, gastando mais em seguro social e importando mais dos Estados Unidos da América (EUA) e de outros países com déficit nas contas externas. Esse quadro pode parecer muito atraente para quem sonha com uma nova paisagem econômica. Mas ele oferece perigos.
SE EUA e China trocarem seus papéis no comércio internacional, o maior mercado consumidor do mundo, o norte-americano, será menos dinâmico e os produtores estrangeiros terão de competir mais duramente para entrar lá. Os chineses poderão aumentar suas importações, mas não há como saber, por enquanto, se isso compensará a mudança no mercado norte-americano. Além do mais, os produtores dos EUA, mais dependentes das vendas ao exterior, tentarão ocupar mais espaço em todos os mercados, incluído o chinês.
POR SUA vez, a China já é um dos principais mercados para os exportadores brasileiros, mas o Brasil não é um dos seus principais fornecedores. Além disso, a China é estrategicamente mais importante para o Brasil do que o Brasil para a China. Os chineses têm cerca de US$ 2 trilhões em reservas cambiais. Desse total, uns US$ 800 bilhões estão aplicados em títulos norte-americanos. Se, em algum momento, o governo totalitário chinês tiver de resolver se dará prioridade aos interesses norte-americanos ou aos brasileiros, a deliberação não consumirá mais do que um instante.
OUTROS fatores também contribuirão para tornar mais dura a concorrência. O comércio global diminuiu com a recessão, e seu crescimento, nos primeiros tempos da recuperação, deverá ser vagaroso. Durante a crise, o protecionismo aumentou na maior parte dos mercados mais importantes, embora sem medidas muito duras. Mas houve, de toda forma, um aumento de barreiras e dificilmente os governos se apressarão a desmontá-las. Enfim, todos os países tentarão ampliar suas exportações num mercado bem menos dinâmico do que foi nos últimos dez anos.
CASO metade dessas hipóteses se confirmarem, os empresários brasileiros afetados pelas condições do comércio internacional terão motivos mais que suficientes para se preocupar. De fato, já não lhes faltam preocupações, e a perspectiva de maior valorização do real torna o cenário mais complicado. A possibilidade de ingresso de mais dinheiro destinado ao mercado de capitais - as projeções variam entre US$ 15 bilhões e US$ 25 bilhões - aumenta o temor de um desajuste cambial maior que o atual.
O BANCO Central do Brasil (BC), como autoridade monetário do País, evita provocar grandes oscilações na cotação do dólar. Mas mais seguro é tentar outros caminhos para aumentar o poder de competição dos produtores nacionais. Eles já estavam em desvantagem quando o comércio internacional crescia aceleradamente. A partir da crise, sua situação piorou. As empresas brasileiras envolvidas no comércio internacional são geralmente avaliadas de forma positiva pelos especialistas. As avaliações, no entanto, coincidem também noutro ponto: essas empresas operam num ambiente altamente desfavorável, porque as condições dependentes das políticas públicas são muito ruins. A lista dos problemas, a começar pela qualidade dos impostos, é bem conhecida, assim como a incapacidade política e gerencial do governo de enfrentar os problemas. O Brasil não se está preparando para a nova fase da economia internacional.
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