Recomendações aos emergentes
AS ECONOMIAS emergentes conseguiram escapar dos piores efeitos da crise mundial e não parecem abalados pelos problemas que afligem a Europa. Mas, como ocorreu com Irlanda, Espanha e outros, em grandes dificuldades, também as economias dos países emergentes registram uma rápida expansão do crédito e um boom imobiliário que podem resultar em problemas sérios. Esse foi o alerta do Banco de Compensações Internacionais (BIS), em seu relatório anual. Para evitar os riscos, a recomendação é que as autoridades dos países emergentes, como Brasil, China e Índia, reduzam o ritmo de crescimento econômico, reforcem sua política monetária e pratiquem o rigor fiscal.
ESSE alerta se baseia em dados: em 2006, dois anos antes da crise, o crédito estava crescendo rapidamente - 23,4% ao ano, na Irlanda; 24,3%, na Espanha; e 23,3% ao ano, no Reino Unido da Grã-Bretanha. Ou seja, números semelhantes aos de países como o Brasil, onde o crédito cresceu 26%, em 2010; a Índia, 26,8%; e a China, 20,3%. O crescimento do crédito é positivo, pois permite que as empresas invistam e as pessoas físicas ampliem o consumo. Mas a velocidade do crescimento deve ser proporcional à expansão da economia.
A PROPORÇÃO entre o crédito e o Produto Interno Bruto (PIB) é bem menor em países como o Brasil e a Índia (da ordem de 50%), do que na Irlanda (onde o crédito, em 2006, atingiu 181,4% do PIB), na Espanha (167,2%) e no Reino Unido da Grã-Bretanha (170,8%). A questão é a tendência de aumento do crédito num período de incertezas da economia global, abalada pela crise grega. Para reforçar seu alerta, o estudo do BIS enfatiza os indicadores de desequilíbrio macroeconômico nos países emergentes. A inflação, por exemplo, aumentou na China, na Índia e no Brasil, onde superou 6,5% nos últimos 12 meses, 2 pontos de porcentagem acima do centro da meta de inflação.
AQUELE comportamento anormal do mercado imobiliário também é apontado como indicador de crises: entre 2002 e 2006, segundo o BIS, o preço médio dos imóveis subiu 15% na Espanha, 11,2% no Reino Unido e 10,2% na Irlanda. Na China, avançou 11,3% entre 2006 e 2010.
CONCOMITANTEMENTE, cresceu o desequilíbrio nas contas correntes do balanço de pagamentos dos emergentes. O Brasil, diz o relatório, "é um dos países onde um fraco resultado nas contas correntes é mascarado por importantes entradas e saídas brutas de capital". O risco é de um ajustamento desordenado das taxas de câmbio e uma onda de protecionismo, cujo resultado seria uma diminuição dos fluxos de capitais dos países industrializados para os emergentes.
O EXCESSO de dólares empurra o crédito e os gastos. Por isso, os bancos centrais dos países emergentes "devem estar preparados para elevar suas taxas de juros", para conter o consumo exagerado. Se a entrada de dólares for excessiva, é preciso fortalecer as políticas macroeconômicas "baseadas na estabilidade monetária e na viabilidade orçamentária". Em último caso, até controles de capital podem ser paliativos para evitar o risco "de entradas maciças de fundos".
É POSSÍVEL que as recomendações do BIS sejam mais úteis para outros países do que para o Brasil, que está elevando o juro básico, tomou medidas para refrear a expansão do crédito e tributou o ingresso de capitais - ainda que não todos (os investimentos diretos não são taxados). Mas, até agora, o ritmo da economia parece ter sido pouco afetado e o emprego se expande. O endividamento das famílias, no entanto, aumentou, e a inadimplência já é vista como ameaça.
E CONFORME o relatório do BIS, nos países que entraram em crise, "o boom econômico mascarava também uma grande vulnerabilidade estrutural das finanças públicas que, na falta de medidas de correção, poderia ser o deflagrador da nova crise". Para os governos dos países emergentes - entre os quais o Brasil - é aconselhável agirem preventivamente, evitando as surpresas. Afinal, admoesta o BIS, "se as economias emergentes aprenderem o que pode ser a principal lição (da crise dos países europeus) - mais vale prevenir do que remediar -, elas conseguirão talvez evitar pagar o preço" de uma crise delas mesmas.
ESSE alerta se baseia em dados: em 2006, dois anos antes da crise, o crédito estava crescendo rapidamente - 23,4% ao ano, na Irlanda; 24,3%, na Espanha; e 23,3% ao ano, no Reino Unido da Grã-Bretanha. Ou seja, números semelhantes aos de países como o Brasil, onde o crédito cresceu 26%, em 2010; a Índia, 26,8%; e a China, 20,3%. O crescimento do crédito é positivo, pois permite que as empresas invistam e as pessoas físicas ampliem o consumo. Mas a velocidade do crescimento deve ser proporcional à expansão da economia.
A PROPORÇÃO entre o crédito e o Produto Interno Bruto (PIB) é bem menor em países como o Brasil e a Índia (da ordem de 50%), do que na Irlanda (onde o crédito, em 2006, atingiu 181,4% do PIB), na Espanha (167,2%) e no Reino Unido da Grã-Bretanha (170,8%). A questão é a tendência de aumento do crédito num período de incertezas da economia global, abalada pela crise grega. Para reforçar seu alerta, o estudo do BIS enfatiza os indicadores de desequilíbrio macroeconômico nos países emergentes. A inflação, por exemplo, aumentou na China, na Índia e no Brasil, onde superou 6,5% nos últimos 12 meses, 2 pontos de porcentagem acima do centro da meta de inflação.
AQUELE comportamento anormal do mercado imobiliário também é apontado como indicador de crises: entre 2002 e 2006, segundo o BIS, o preço médio dos imóveis subiu 15% na Espanha, 11,2% no Reino Unido e 10,2% na Irlanda. Na China, avançou 11,3% entre 2006 e 2010.
CONCOMITANTEMENTE, cresceu o desequilíbrio nas contas correntes do balanço de pagamentos dos emergentes. O Brasil, diz o relatório, "é um dos países onde um fraco resultado nas contas correntes é mascarado por importantes entradas e saídas brutas de capital". O risco é de um ajustamento desordenado das taxas de câmbio e uma onda de protecionismo, cujo resultado seria uma diminuição dos fluxos de capitais dos países industrializados para os emergentes.
O EXCESSO de dólares empurra o crédito e os gastos. Por isso, os bancos centrais dos países emergentes "devem estar preparados para elevar suas taxas de juros", para conter o consumo exagerado. Se a entrada de dólares for excessiva, é preciso fortalecer as políticas macroeconômicas "baseadas na estabilidade monetária e na viabilidade orçamentária". Em último caso, até controles de capital podem ser paliativos para evitar o risco "de entradas maciças de fundos".
É POSSÍVEL que as recomendações do BIS sejam mais úteis para outros países do que para o Brasil, que está elevando o juro básico, tomou medidas para refrear a expansão do crédito e tributou o ingresso de capitais - ainda que não todos (os investimentos diretos não são taxados). Mas, até agora, o ritmo da economia parece ter sido pouco afetado e o emprego se expande. O endividamento das famílias, no entanto, aumentou, e a inadimplência já é vista como ameaça.
E CONFORME o relatório do BIS, nos países que entraram em crise, "o boom econômico mascarava também uma grande vulnerabilidade estrutural das finanças públicas que, na falta de medidas de correção, poderia ser o deflagrador da nova crise". Para os governos dos países emergentes - entre os quais o Brasil - é aconselhável agirem preventivamente, evitando as surpresas. Afinal, admoesta o BIS, "se as economias emergentes aprenderem o que pode ser a principal lição (da crise dos países europeus) - mais vale prevenir do que remediar -, elas conseguirão talvez evitar pagar o preço" de uma crise delas mesmas.
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