O fantasma do endividamento familiar
O CIDADÃO brasileiro está recebendo mais e o mercado de trabalho continua aquecido - o que indica situação tranquila quanto a emprego e renda nos próximos meses -, porém, está devendo proporcionalmente mais e a qualidade de sua dívida está piorando. É cada vez maior a parcela da dívida contraída para pagar dívidas antigas, os juros representam mais da metade do saldo devedor e, assim, é cada vez menor a fatia do endividamento devida a novas compras.
TAL quadro, descrito em reportagem realizada pela colega jornalista Márcia De Chiara publicada no último dia 27 pelo Jornal O ESTADO DE S. PAULO (O ESTADÃO), indica uma mudança na qualidade e na finalidade da dívida dos brasileiros. Até há pouco, estimuladas pelo bom desempenho do mercado de trabalho, as pessoas físicas tomavam empréstimos para comprar bens e serviços, o que aquecia a economia. Mas o volume total de empréstimos contraídos por elas cresceu bem mais depressa do que sua renda. Assim, sua capacidade de endividamento diminuiu e aumentou sua dificuldade para o pagamento dos empréstimos já contraídos, razão pela qual as instituições financeiras estão examinando com mais rigor o cadastros das pessoas físicas.
A DÍVIDA total das famílias - que inclui saldo devedor do cartão de crédito e do cheque especial, financiamento bancário, crédito consignado, crédito para compra de veículos e imóveis - corresponde a 40% da massa anual de salários e dos benefícios pagos pela Previdência e Seguridade Social, de acordo com estudo da LCA Consultores. O volume total alcançou R$ 653 bilhões em abril deste ano (contra R$ 524 bilhões em abril do ano passado), e corresponde a 4,8 meses do rendimento do trabalho e dos benefícios previdenciários recebidos pela população.
OUTRO estudo confirma o aumento do endividamento das famílias. Uma pesquisa da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) constatou que, de Janeiro a Maio deste ano, em média, 64% das famílias que vivem nas 27 capitais do País tinham dívidas, contra 61% em igual período do ano passado. Aumentou também o valor médio da dívida, que passou de R$ 1.298 para R$ 1.527 por família. Ou seja, há mais famílias endividadas e, em média, elas estão devendo mais do que no ano passado.
NO ano passado, o aumento da dívida das famílias deveu-se ao bom desempenho da economia, que cresceu 7,5%, o melhor resultado desde 1986, ano do Plano Cruzado. Os bancos, de sua parte, facilitaram os empréstimos, com a oferta de juros menores e prazos maiores. Nos últimos meses, porém, a dívida passou a crescer por outros motivos.
TODAS aquelas medidas de aperto do crédito tomadas pelo Banco Central (BC) no final de 2010, para conter o crescimento do consumo e aliviar as pressões sobre os preços, provocaram uma mudança notável na composição e no impacto da dívida das famílias. Antes, o crédito estimulava as compras. Agora, cresce a dívida, mas as vendas do comércio, sobretudo a partir de março, apontam para uma forte desaceleração do consumo.
A PRINCIPAL causa da dívida é a fatia dos juros que a compõe. Em Abril do ano passado, os juros representavam 54% da dívida total; em Abril último, a fatia dos juros tinha aumentado para 60% do total. "Com as medidas macroprudenciais do BC do fim de 2010 e a alta dos juros básicos, a dívida total aumentou puxada neste ano pelos encargos financeiros", diz o economista Wermeson França, responsável pelo estudo da LCA.
AS linhas de crédito que mais crescem são o cheque especial e o cartão de crédito, que, por serem as mais caras do mercado, geralmente só são utilizadas em situações de emergência. O economista Altamiro Carvalho, da Fecomércio-SP, diz que as famílias estão assumindo novos empréstimos para rolar dívidas anteriores, pois o volume total de crédito cresce, mas o comércio mais dependente de financiamento - como bens duráveis, entre os quais eletroeletrônicos, móveis e veículos - não cresce na mesma velocidade, e até diminui em alguns casos.
E ESSAS são indicações de que, nos próximos meses, o crédito estimulará menos o consumo, como quer o BC, mas a inadimplência tende a crescer, embora não se preveja um quadro explosivo.
TAL quadro, descrito em reportagem realizada pela colega jornalista Márcia De Chiara publicada no último dia 27 pelo Jornal O ESTADO DE S. PAULO (O ESTADÃO), indica uma mudança na qualidade e na finalidade da dívida dos brasileiros. Até há pouco, estimuladas pelo bom desempenho do mercado de trabalho, as pessoas físicas tomavam empréstimos para comprar bens e serviços, o que aquecia a economia. Mas o volume total de empréstimos contraídos por elas cresceu bem mais depressa do que sua renda. Assim, sua capacidade de endividamento diminuiu e aumentou sua dificuldade para o pagamento dos empréstimos já contraídos, razão pela qual as instituições financeiras estão examinando com mais rigor o cadastros das pessoas físicas.
A DÍVIDA total das famílias - que inclui saldo devedor do cartão de crédito e do cheque especial, financiamento bancário, crédito consignado, crédito para compra de veículos e imóveis - corresponde a 40% da massa anual de salários e dos benefícios pagos pela Previdência e Seguridade Social, de acordo com estudo da LCA Consultores. O volume total alcançou R$ 653 bilhões em abril deste ano (contra R$ 524 bilhões em abril do ano passado), e corresponde a 4,8 meses do rendimento do trabalho e dos benefícios previdenciários recebidos pela população.
OUTRO estudo confirma o aumento do endividamento das famílias. Uma pesquisa da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) constatou que, de Janeiro a Maio deste ano, em média, 64% das famílias que vivem nas 27 capitais do País tinham dívidas, contra 61% em igual período do ano passado. Aumentou também o valor médio da dívida, que passou de R$ 1.298 para R$ 1.527 por família. Ou seja, há mais famílias endividadas e, em média, elas estão devendo mais do que no ano passado.
NO ano passado, o aumento da dívida das famílias deveu-se ao bom desempenho da economia, que cresceu 7,5%, o melhor resultado desde 1986, ano do Plano Cruzado. Os bancos, de sua parte, facilitaram os empréstimos, com a oferta de juros menores e prazos maiores. Nos últimos meses, porém, a dívida passou a crescer por outros motivos.
TODAS aquelas medidas de aperto do crédito tomadas pelo Banco Central (BC) no final de 2010, para conter o crescimento do consumo e aliviar as pressões sobre os preços, provocaram uma mudança notável na composição e no impacto da dívida das famílias. Antes, o crédito estimulava as compras. Agora, cresce a dívida, mas as vendas do comércio, sobretudo a partir de março, apontam para uma forte desaceleração do consumo.
A PRINCIPAL causa da dívida é a fatia dos juros que a compõe. Em Abril do ano passado, os juros representavam 54% da dívida total; em Abril último, a fatia dos juros tinha aumentado para 60% do total. "Com as medidas macroprudenciais do BC do fim de 2010 e a alta dos juros básicos, a dívida total aumentou puxada neste ano pelos encargos financeiros", diz o economista Wermeson França, responsável pelo estudo da LCA.
AS linhas de crédito que mais crescem são o cheque especial e o cartão de crédito, que, por serem as mais caras do mercado, geralmente só são utilizadas em situações de emergência. O economista Altamiro Carvalho, da Fecomércio-SP, diz que as famílias estão assumindo novos empréstimos para rolar dívidas anteriores, pois o volume total de crédito cresce, mas o comércio mais dependente de financiamento - como bens duráveis, entre os quais eletroeletrônicos, móveis e veículos - não cresce na mesma velocidade, e até diminui em alguns casos.
E ESSAS são indicações de que, nos próximos meses, o crédito estimulará menos o consumo, como quer o BC, mas a inadimplência tende a crescer, embora não se preveja um quadro explosivo.
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