O preço do sensacionalismo barato
PARATY (RJ) - JORNAIS populares (os famosos tablóides) no Reino Unido da Grã-Bretanha sempre forçaram os limites da legalidade em sua obstinação pelo sensacionalismo que alimenta suas altas tiragens, mas aquele que é o campeão de vendas dessa categoria de mídia acabou indo longe demais e não apenas teve seu fechamento decretado, como pode ter colocado em risco o futuro de seus similares, em particular, e da liberdade de Imprensa naquelas paragens, tal como é hoje exercida. Esta semana, o News of the World, tablóide dominical do jornal The Sun, chegou ao fim de seus 168 anos de existência como consequência do escândalo da violação do sigilo de telefones móveis celulares de celebridades, políticos, esportistas e até da família real, que veio à luz pela primeira vez havia 5 anos. A notícia de que neste Domingo, 10, aquele tablóide, com tiragem de cerca de 2,8 milhões de exemplares, publica seu último número foi anunciada no último dia 07, em Londres, por James Murdoch, filho do magnata australiano, Rupert Murdoch, controlador da News Corporation, um dos maiores conglomerados de mídia do mundo.
JAMES Murdoch, principal executivo e vice-chefe de operações da News Corporation International, anunciou o fim do News of the World numa aparente tentativa de preservar a imagem do grupo e estancar a sangria de receita provocada pelo boicote de anunciantes que vinha ocorrendo nos últimos dias, como reação à divulgação de investigações policiais e de revelações contidas em reportagens do diário londrino The Guardian, segundo as quais em março de 2002 um detetive particular a serviço do News of the World grampeou o telefone celular de uma menina de 13 anos, Milly Dowler, pouco depois de ela ter sido sequestrada e assassinada, tendo o tablóide usado o conteúdo do grampo para dar à família da vítima a impressão de que a jovem ainda estava viva, e com isso prolongar a exploração sensacionalista do triste episódio. Expediente semelhante havia sido usado em outras ocasiões. Além disso, foram simultaneamente divulgadas denúncias de que a direção do tablóide dominical recorria regularmente ao suborno de policiais para obter informações exclusivas sobre investigações em curso.
NUM comunicado que leu para executivos da News Corporation International no dia 07, James Murdoch foi categórico ao admitir os "problemas muito sérios" criados pelo News of the World. "Se são verdadeiras as recentes denúncias, o que foi feito é desumano e inadmissível em nossa corporação" e os responsáveis "terão que arcar com as consequências". Para tanto, a News Corporation International, segundo James Murdoch, está colaborando estreitamente com as investigações policiais. "Assim como me dei conta de que erramos, espero que vocês e todos dentro e fora da empresa entendam que estamos fazendo o melhor possível para corrigir nossos erros e garantir que nunca mais se repitam", enfatizou o empresário.
NA mesma Quinta-feira em que o fechamento do News of the World foi anunciado, a respeitável revista The Economist publicou em sua versão online uma contundente reportagem sob o título “É necessária imediatamente uma completa investigação judicial para limpar o jornalismo britânico”, na qual se refere genericamente aos tablóides como "imprensa do esgoto" e afirma que "as denúncias de que o News of the World, o maior jornal dominical britânico, violou a caixa de mensagens do celular de uma adolescente assassinada é uma mancha para o jornal e para a News International, sua proprietária. Mas o mau cheiro chega muito mais longe. Na medida em que novas denúncias de violações vêm à tona, o próprio jornalismo cheira mal. Bem como os políticos britânicos e especialmente a polícia".
UMA das consequências deste escândalo, opina a reportagem do The Economist, poderá ser o reforço da exigência de maior regulação da Imprensa, e isso "causaria provavelmente mais danos do que benefícios", já que "Reino Unido da Grã-Bretanha tem uma das legislações mais duras do mundo sobre calúnia e difamação", e conceder ao Estado maiores poderes para controlar a mídia é sempre "uma tentação perigosa para os governantes". E conclui afirmando que, "se for provado que os dirigentes da News Corporation acobertaram violações da lei, eles não deveriam estar no comando de jornais ou emissoras de televisão. Deveriam estar na cadeia".
JAMES Murdoch, principal executivo e vice-chefe de operações da News Corporation International, anunciou o fim do News of the World numa aparente tentativa de preservar a imagem do grupo e estancar a sangria de receita provocada pelo boicote de anunciantes que vinha ocorrendo nos últimos dias, como reação à divulgação de investigações policiais e de revelações contidas em reportagens do diário londrino The Guardian, segundo as quais em março de 2002 um detetive particular a serviço do News of the World grampeou o telefone celular de uma menina de 13 anos, Milly Dowler, pouco depois de ela ter sido sequestrada e assassinada, tendo o tablóide usado o conteúdo do grampo para dar à família da vítima a impressão de que a jovem ainda estava viva, e com isso prolongar a exploração sensacionalista do triste episódio. Expediente semelhante havia sido usado em outras ocasiões. Além disso, foram simultaneamente divulgadas denúncias de que a direção do tablóide dominical recorria regularmente ao suborno de policiais para obter informações exclusivas sobre investigações em curso.
NUM comunicado que leu para executivos da News Corporation International no dia 07, James Murdoch foi categórico ao admitir os "problemas muito sérios" criados pelo News of the World. "Se são verdadeiras as recentes denúncias, o que foi feito é desumano e inadmissível em nossa corporação" e os responsáveis "terão que arcar com as consequências". Para tanto, a News Corporation International, segundo James Murdoch, está colaborando estreitamente com as investigações policiais. "Assim como me dei conta de que erramos, espero que vocês e todos dentro e fora da empresa entendam que estamos fazendo o melhor possível para corrigir nossos erros e garantir que nunca mais se repitam", enfatizou o empresário.
NA mesma Quinta-feira em que o fechamento do News of the World foi anunciado, a respeitável revista The Economist publicou em sua versão online uma contundente reportagem sob o título “É necessária imediatamente uma completa investigação judicial para limpar o jornalismo britânico”, na qual se refere genericamente aos tablóides como "imprensa do esgoto" e afirma que "as denúncias de que o News of the World, o maior jornal dominical britânico, violou a caixa de mensagens do celular de uma adolescente assassinada é uma mancha para o jornal e para a News International, sua proprietária. Mas o mau cheiro chega muito mais longe. Na medida em que novas denúncias de violações vêm à tona, o próprio jornalismo cheira mal. Bem como os políticos britânicos e especialmente a polícia".
UMA das consequências deste escândalo, opina a reportagem do The Economist, poderá ser o reforço da exigência de maior regulação da Imprensa, e isso "causaria provavelmente mais danos do que benefícios", já que "Reino Unido da Grã-Bretanha tem uma das legislações mais duras do mundo sobre calúnia e difamação", e conceder ao Estado maiores poderes para controlar a mídia é sempre "uma tentação perigosa para os governantes". E conclui afirmando que, "se for provado que os dirigentes da News Corporation acobertaram violações da lei, eles não deveriam estar no comando de jornais ou emissoras de televisão. Deveriam estar na cadeia".
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