Temos muito a aprender!
CAROS leitores, até quando os políticos vão abusar da paciência do povo? Gente, até quando acham que todo mundo continuará aceitando passivamente justificativas inconsistentes para armações indisfarçávelmente eleitorais? Essa é a questão que lamentavelmente se coloca quando o noticiário político converge para o comportamento de dois políticos de certo peso eleitoral que, descontentes com seus respectivos partidos, planejam mudar de ares: o prefeito municipal de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM-SP) e o deputado federal e ex-secretaria de Estado da Educação de São Paulo, Gabriel Chalita (PSB-SP).
O PREFEITO Kassab ingressou na política na década de 1980, pelas mãos do atual vice-governador do Estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (DEM-SP), quando este era presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Filiado ao extinto Partido Libertador (PL), Kassab participou da campanha eleitoral de Afif à Presidência da República, em 1989, e em 1993, já então pelo extinto Partido da Frente Liberal (PFL), elegeu-se vereador de São Paulo e em seguida, por duas vezes, deputado federal. Depois de ter sido secretário municipal do prefeito Celso Pitta (PPB-SP), elegeu-se vice-prefeito da capital paulista na chapa encabeçada pelo ex-prefeito José Serra (PSDB-SP) e, quando este se lançou ao governo do Estado, em 2006, assumiu a chefia do Executivo municipal, reelegendo-se em 2008.
AGORA, com a pretensão de se candidatar a governador do Estado de São Paulo em 2014, Kassab está empenhado em montar uma base de sustentação política mais eficiente do que a que pode lhe oferecer seu atual partido, o Democratas (DEM). Chegou a pensar em aderir ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e depois ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Mas parece ter optado por um casuísmo que contorna a questão da fidelidade partidária: a fundação de um novo partido que participaria do pleito municipal de 2012 e depois se fundiria com o PSB, legenda em franca ascensão no cenário político nacional, que lhe garantiria a candidatura ao governo do Estado de São Paulo em 2014. Com a vantagem adicional de que, travestido de socialista, passaria a gozar dos benefícios de fazer parte da base de apoio do governo Dilma Rousseff (2011-14).
SE CHEGAR finalmente ao PSB, Kassab não terá o prazer de encontrar-se com Chalita, que está de saída, um ano e meio depois de ter se desligado do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Eleito vereador ainda muito jovem em sua cidade natal, Cachoeira Paulista (SP), Chalita dedicou-se durante alguns anos à carreira acadêmica, a escrever livros e a militar na organização católica Canção Nova. Retornou à política como secretário de Estado da Educação de São Paulo no segundo mandato do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP), de 2003 a 2006. Ainda pelo PSDB, foi o vereador mais votado na Capital paulista em 2008. Passou a sonhar então com uma candidatura ao Senado Federal, em 2010, mas a legenda lhe foi negada. Em busca de espaço, deu uma guinada de 180 graus em sua trajetória política, convertendo-se ao socialismo, tal e qual o ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Scaff, e elegeu-se deputado federal pelo PSB com expressiva votação.
CERTO de que pode fazer boa figura na eleição para prefeito da Capital paulistano próximo ano, mas convencido de que, mais uma vez, não terá o aval de seu partido, o por enquanto socialista Chalita, agora, cogita novamente de mudar de ares, quem sabe até fundando sua própria agremiação, como Kassab.
TAL panorama, que seria hilariante se não fosse tão tristemente revelador da falta de pudor com que políticos manipulam os acontecimentos em benefício de interesses pessoais, autoriza pelo menos duas conclusões óbvias. Primeira: é muito fácil, e um bom negócio, abrir um partido político. Não é à toa que já existem tantos: quase 30 registrados nacionalmente e outros tantos em processo de organização. Segunda: às favas a coerência - o que vale é voto na urna. Definições como "conservador", "socialista", "liberal", "comunista", "direitista", "esquerdista", “centro”, “progressista”, etc., são apenas rótulos vazios e descartáveis ao sabor de conveniências momentâneas. Chega a ser perfeitamente normal, assim, que o palhaço Tiririca (PR-SP) se torne membro titular da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.
DE TODO modo, é bom lembrar que ninguém se torna mandatário popular por obra e graça das forças do além. Somos nós, cada um de nós, que os elegemos. Temos, portanto, muito a aprender.
O PREFEITO Kassab ingressou na política na década de 1980, pelas mãos do atual vice-governador do Estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (DEM-SP), quando este era presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Filiado ao extinto Partido Libertador (PL), Kassab participou da campanha eleitoral de Afif à Presidência da República, em 1989, e em 1993, já então pelo extinto Partido da Frente Liberal (PFL), elegeu-se vereador de São Paulo e em seguida, por duas vezes, deputado federal. Depois de ter sido secretário municipal do prefeito Celso Pitta (PPB-SP), elegeu-se vice-prefeito da capital paulista na chapa encabeçada pelo ex-prefeito José Serra (PSDB-SP) e, quando este se lançou ao governo do Estado, em 2006, assumiu a chefia do Executivo municipal, reelegendo-se em 2008.
AGORA, com a pretensão de se candidatar a governador do Estado de São Paulo em 2014, Kassab está empenhado em montar uma base de sustentação política mais eficiente do que a que pode lhe oferecer seu atual partido, o Democratas (DEM). Chegou a pensar em aderir ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e depois ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Mas parece ter optado por um casuísmo que contorna a questão da fidelidade partidária: a fundação de um novo partido que participaria do pleito municipal de 2012 e depois se fundiria com o PSB, legenda em franca ascensão no cenário político nacional, que lhe garantiria a candidatura ao governo do Estado de São Paulo em 2014. Com a vantagem adicional de que, travestido de socialista, passaria a gozar dos benefícios de fazer parte da base de apoio do governo Dilma Rousseff (2011-14).
SE CHEGAR finalmente ao PSB, Kassab não terá o prazer de encontrar-se com Chalita, que está de saída, um ano e meio depois de ter se desligado do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Eleito vereador ainda muito jovem em sua cidade natal, Cachoeira Paulista (SP), Chalita dedicou-se durante alguns anos à carreira acadêmica, a escrever livros e a militar na organização católica Canção Nova. Retornou à política como secretário de Estado da Educação de São Paulo no segundo mandato do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP), de 2003 a 2006. Ainda pelo PSDB, foi o vereador mais votado na Capital paulista em 2008. Passou a sonhar então com uma candidatura ao Senado Federal, em 2010, mas a legenda lhe foi negada. Em busca de espaço, deu uma guinada de 180 graus em sua trajetória política, convertendo-se ao socialismo, tal e qual o ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Scaff, e elegeu-se deputado federal pelo PSB com expressiva votação.
CERTO de que pode fazer boa figura na eleição para prefeito da Capital paulistano próximo ano, mas convencido de que, mais uma vez, não terá o aval de seu partido, o por enquanto socialista Chalita, agora, cogita novamente de mudar de ares, quem sabe até fundando sua própria agremiação, como Kassab.
TAL panorama, que seria hilariante se não fosse tão tristemente revelador da falta de pudor com que políticos manipulam os acontecimentos em benefício de interesses pessoais, autoriza pelo menos duas conclusões óbvias. Primeira: é muito fácil, e um bom negócio, abrir um partido político. Não é à toa que já existem tantos: quase 30 registrados nacionalmente e outros tantos em processo de organização. Segunda: às favas a coerência - o que vale é voto na urna. Definições como "conservador", "socialista", "liberal", "comunista", "direitista", "esquerdista", “centro”, “progressista”, etc., são apenas rótulos vazios e descartáveis ao sabor de conveniências momentâneas. Chega a ser perfeitamente normal, assim, que o palhaço Tiririca (PR-SP) se torne membro titular da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.
DE TODO modo, é bom lembrar que ninguém se torna mandatário popular por obra e graça das forças do além. Somos nós, cada um de nós, que os elegemos. Temos, portanto, muito a aprender.
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