Tentando evitar o ”risco moral”
CONSERVATÓRIA (RJ) - GOVERNANTES da Alemanha e da França, as maiores economias da zona do euro, resolveram enfrentar a crise e passaram a defender a participação do Fundo Monetário Internacional (FMI) num pacote de ajuda ao governo da Grécia. O acerto entre a Primeira-Ministra da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da República da França, Nicolas Sarkozy, foi anunciado semana passada, em Bruxelas, antes de uma reunião dos 27 países-membros da União Europeia (UE). Governantes do Reino Unido da Grá-Bretanha, da Holanda e da Suécia já haviam declarado apoio à proposta. Ainda havia resistência - depois superada - de alguns parceiros e da cúpula do Banco Central Europeu (BCE). A imagem do euro seria prejudicada, se a sua estabilidade ficasse na dependência de um órgão internacional não controlado pelos europeus, disse um diretor do banco.
TAIS ARGUMENTOS são irrealistas, neste momento, e não só por causa da situação econômica da Grécia. A classificação da economia de Portugal foi rebaixada no último dia 23 por uma grande agência de avaliação de risco, a Agência Fitch. A nota portuguesa continua elevada, mas o rebaixamento se refletiu na cotação do euro e nos negócios das bolsas. Foi mais um sinal de alerta para mercados já inseguros. Mas também há problemas sérios nas contas públicas de outros países da união monetária. Espanha, Itália e Irlanda são os casos mais notórios.
TAMBÉM fora da zona do euro, existem dificuldades importantes (grandes buracos orçamentários e dívidas elevadas). A situação fiscal no Reino Unido da Grã-Bretanha está longe de ser tranquila. Alguns, em pior situação, foram socorridos pelo FMI no começo da crise. Já estavam em dificuldades antes da recessão. O caso mais visível foi o da Polônia, socorrida com um crédito especial de US$ 20 bilhões.
AS ECONOMIAS foram afetadas pelo estouro da bolha imobiliária, dentro e fora da zona do euro; alguns, como o Reino Unido da Grã-Bretanha e a Espanha, mais fortemente que outros. Todos enfrentaram o problema de socorrer bancos e o de atenuar, com medidas fiscais, os piores efeitos da recessão. Para os 16 membros da união monetária há uma complicação adicional. São forçados, como os demais, a trabalhar pela própria recuperação, tendo o cuidado de não criar maiores problemas para os parceiros europeus. Mas, além disso, têm de cuidar de um patrimônio comum, o euro. Esse detalhe tornou a crise de um pequeno país, a Grécia, com o Produto Interno Bruto (PIB) estimado em US$ 357 bilhões em 2009, muito mais delicada que a crise da Polônia (PIB de US$ 527 bilhões).
JEAN-Claude Trichet, presidente do BCE, falou duas vezes na semana passada sobre a ajuda do FMI à Grécia. Na primeira, classificou-a como negativa para o euro, se concedida sem a participação dos demais países da união monetária. Divulgada, a declaração repercutiu nos mercados. O governo grego, disse o presidente do BCE, já anunciou medidas convincentes para corrigir seu desajuste fiscal. Horas depois, Trichet se referiu à solução conjunta, com participação do FMI, como "exequível".
ESSA ação conjunta já estava prevista na proposta da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e do presidente da República francesa, Nicolas Sarkozy. Os países da zona do euro concederiam à Grécia empréstimos bilaterais para compensar, em parte, as dificuldades de acesso ao mercado financeiro. O FMI entraria com cerca de 15 bilhões. O pacote ficaria próximo de 23 bilhões. Com essa ajuda, o governo grego poderia enfrentar os problemas imediatos. Sem apoio, não terá como rolar a dívida de curto prazo
TODO ESSE esquema deve envolver, naturalmente, condições e critérios fiscais adequados à defesa do euro e não apenas à recuperação da Grécia. Autoridades europeias alertaram há algum tempo para o chamado "risco moral" de se interpretar o socorro ao governo grego como um estímulo à irresponsabilidade financeira.
AS LIDERANÇAS da Europa não devem menosprezar esse ponto. Mas a melhor maneira de eliminar ou atenuar o risco é criar mecanismos para supervisão das políticas nacionais. A UE tem metas e critérios comuns, mais estritos para os integrantes da zona do euro, mas faltaram os controles.
A AJUDA monetária concedida à Grécia e a necessidade de ajuste de várias economias compõem apenas uma parte do quadro. Falta saber como dosar a correção fiscal para não interromper a recuperação econômica e não criar o risco de uma segunda queda na recessão.
TAIS ARGUMENTOS são irrealistas, neste momento, e não só por causa da situação econômica da Grécia. A classificação da economia de Portugal foi rebaixada no último dia 23 por uma grande agência de avaliação de risco, a Agência Fitch. A nota portuguesa continua elevada, mas o rebaixamento se refletiu na cotação do euro e nos negócios das bolsas. Foi mais um sinal de alerta para mercados já inseguros. Mas também há problemas sérios nas contas públicas de outros países da união monetária. Espanha, Itália e Irlanda são os casos mais notórios.
TAMBÉM fora da zona do euro, existem dificuldades importantes (grandes buracos orçamentários e dívidas elevadas). A situação fiscal no Reino Unido da Grã-Bretanha está longe de ser tranquila. Alguns, em pior situação, foram socorridos pelo FMI no começo da crise. Já estavam em dificuldades antes da recessão. O caso mais visível foi o da Polônia, socorrida com um crédito especial de US$ 20 bilhões.
AS ECONOMIAS foram afetadas pelo estouro da bolha imobiliária, dentro e fora da zona do euro; alguns, como o Reino Unido da Grã-Bretanha e a Espanha, mais fortemente que outros. Todos enfrentaram o problema de socorrer bancos e o de atenuar, com medidas fiscais, os piores efeitos da recessão. Para os 16 membros da união monetária há uma complicação adicional. São forçados, como os demais, a trabalhar pela própria recuperação, tendo o cuidado de não criar maiores problemas para os parceiros europeus. Mas, além disso, têm de cuidar de um patrimônio comum, o euro. Esse detalhe tornou a crise de um pequeno país, a Grécia, com o Produto Interno Bruto (PIB) estimado em US$ 357 bilhões em 2009, muito mais delicada que a crise da Polônia (PIB de US$ 527 bilhões).
JEAN-Claude Trichet, presidente do BCE, falou duas vezes na semana passada sobre a ajuda do FMI à Grécia. Na primeira, classificou-a como negativa para o euro, se concedida sem a participação dos demais países da união monetária. Divulgada, a declaração repercutiu nos mercados. O governo grego, disse o presidente do BCE, já anunciou medidas convincentes para corrigir seu desajuste fiscal. Horas depois, Trichet se referiu à solução conjunta, com participação do FMI, como "exequível".
ESSA ação conjunta já estava prevista na proposta da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e do presidente da República francesa, Nicolas Sarkozy. Os países da zona do euro concederiam à Grécia empréstimos bilaterais para compensar, em parte, as dificuldades de acesso ao mercado financeiro. O FMI entraria com cerca de 15 bilhões. O pacote ficaria próximo de 23 bilhões. Com essa ajuda, o governo grego poderia enfrentar os problemas imediatos. Sem apoio, não terá como rolar a dívida de curto prazo
TODO ESSE esquema deve envolver, naturalmente, condições e critérios fiscais adequados à defesa do euro e não apenas à recuperação da Grécia. Autoridades europeias alertaram há algum tempo para o chamado "risco moral" de se interpretar o socorro ao governo grego como um estímulo à irresponsabilidade financeira.
AS LIDERANÇAS da Europa não devem menosprezar esse ponto. Mas a melhor maneira de eliminar ou atenuar o risco é criar mecanismos para supervisão das políticas nacionais. A UE tem metas e critérios comuns, mais estritos para os integrantes da zona do euro, mas faltaram os controles.
A AJUDA monetária concedida à Grécia e a necessidade de ajuste de várias economias compõem apenas uma parte do quadro. Falta saber como dosar a correção fiscal para não interromper a recuperação econômica e não criar o risco de uma segunda queda na recessão.
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