Falha coletiva sistêmica da “intelligentia” e do stablishment
PROBLEMA maior são os “entretantos”. No dia 18 de Novembro de 2009, um distinto senhor, já septuagenário, o banqueiro aposentado e ex-ministro nigeriano Umaru Mutallab, procurou a embaixada dos Estados Unidos da América (EUA), em Abuja, para contar que soubera que o seu garoto, Umar Farouk Abdulmutallab, 23 anos, tinha se transformado num fanático islâmico e passara a viver no Iêmen, uma das principais bases da organização terrorista que se denomina Al-Qaeda da Península Arábica. Não se sabe o que lhe disseram os seus interlocutores - entre os quais um agente da CIA. Mas a impressão que o banqueiro repassou à família foi a de que eles não se mostraram impressionados com a história, segundo o relato de um primo, depois que Abdulmutallab foi identificado como o autor da frustrada tentativa de explodir o avião em que embarcara em Amsterdã, quando se preparava para pousar em Detroit, no último Natal.
CERTAMENTE, mesmo que tivessem levado a sério aquela informação - o que fontes do Pentágono garantiriam que aconteceu -, não seria de esperar que abrissem o jogo. De todo modo, o pessoal da embaixada agiu conforme o manual, enviando uma mensagem ao Centro Nacional de Contraterrorismo, criado em 2004 para coordenar os informes do gênero disseminados pelas agências de segurança dos EUA e outros setores do governo e filtrar denúncias de ameaças terroristas. Na transmissão dos despachos, alguém digitou erradamente a palavra Abdulmutallab, o que levou os funcionários do Departamento de Estado Norte-Americano, incumbidos de checar o nigeriano, a concluir que ele não representava um risco real e presente porque não tinha visto de entrada nos EUA. Não tendo, bastaria incluí-lo no rol dos 550 mil suspeitos de simpatias ou ligações com movimentos extremistas.
ASSIM SERIA desnecessário acrescentar o nome Abdulmutallab aos 14 mil da "lista dos selecionados" que devem passar por rigorosa inspeção antes de serem autorizados a embarcar para ou nos EUA. Menos ainda colocá-lo na relação das 4 mil pessoas proibidas de viajar ao país, que contém, por sinal, o nome Osama bin Laden - o suprassumo do burocraticamente correto. Ocorre que o nigeriano tinha, sim, um visto que lhe permitiria entrar nos EUA, válido até meados de 2010. Ele teve também um visto de entrada para o Reuno Unido da Grã-Bretanha, onde estudou engenharia, precisamente em Lonbndres, no periodo de 2005-08 e se aproximou pela primeira vez dos fundamentalistas islâmicos, mas as autoridades britânicas o revogaram em Maio den 2009. Não está claro se as autoridades norte-americanas foram avisadas disso. Mas falam por si os detalhes do fracasso geral em barrar a ida aos EUA daquele a quem o presidente da República dos EUA, Barack Houssein Obama, viria a se referir erroneamente como "um conhecido terrorista" - não há notícia de que Abdulmutallab tenha participado de outros atentados.
EM SEU quarto pronunciamento a respeito do clamoroso episódio, semana passada, quando o bureau de segurança da Casa Branca divulgou uma versão expurgada da investigação dos antecedentes do que ele vem chamando de "falha sistêmica" - a responsabilidade pela qual assumiu -, Barack Obama anunciou um punhado de medidas para aperfeiçoar os procedimentos dos serviços americanos de segurança diante de ameaças terroristas. Mandou também apressar o projeto de US$ 1 bilhão para reforçar os dispositivos de revista nos aeroportos, com o uso de scanners corporais - um recurso considerado de invasão extrema de privacidade pelas associações de defesa dos direitos humanos. Um dos desafios de Obama é conciliar os imperativos do que denominou "a guerra em que estamos" com o respeito aos direitos civis da população, atropelados no governo do ex-presidente da República, George W. Bush (2001-08) ad caterva. "Não vamos sucumbir a uma mentalidade que sacrifique a sociedade aberta e as liberdades que valorizamos", prometeu.
A ESSÊNCIA do problema ainda é o de garantir que os EUA fiquem "um passo à frente de um adversário ágil". Essa vantagem não será conquistada nas barreiras de segurança dos aeroportos, muito menos obrigando os passageiros a ficar sentados na hora final dos voos, mas no front da informação. É assombroso, como confessou o conselheiro de Contraterrorismo da Casa Branca, John Brennan, que a inteligência do Estado Norte-Americano ignorasse que a Al-Qaeda da Península Arábica, nas suas palavras uma das células "mais letais" da organização, tinha condições de tramar um ataque ao país.
CERTAMENTE, mesmo que tivessem levado a sério aquela informação - o que fontes do Pentágono garantiriam que aconteceu -, não seria de esperar que abrissem o jogo. De todo modo, o pessoal da embaixada agiu conforme o manual, enviando uma mensagem ao Centro Nacional de Contraterrorismo, criado em 2004 para coordenar os informes do gênero disseminados pelas agências de segurança dos EUA e outros setores do governo e filtrar denúncias de ameaças terroristas. Na transmissão dos despachos, alguém digitou erradamente a palavra Abdulmutallab, o que levou os funcionários do Departamento de Estado Norte-Americano, incumbidos de checar o nigeriano, a concluir que ele não representava um risco real e presente porque não tinha visto de entrada nos EUA. Não tendo, bastaria incluí-lo no rol dos 550 mil suspeitos de simpatias ou ligações com movimentos extremistas.
ASSIM SERIA desnecessário acrescentar o nome Abdulmutallab aos 14 mil da "lista dos selecionados" que devem passar por rigorosa inspeção antes de serem autorizados a embarcar para ou nos EUA. Menos ainda colocá-lo na relação das 4 mil pessoas proibidas de viajar ao país, que contém, por sinal, o nome Osama bin Laden - o suprassumo do burocraticamente correto. Ocorre que o nigeriano tinha, sim, um visto que lhe permitiria entrar nos EUA, válido até meados de 2010. Ele teve também um visto de entrada para o Reuno Unido da Grã-Bretanha, onde estudou engenharia, precisamente em Lonbndres, no periodo de 2005-08 e se aproximou pela primeira vez dos fundamentalistas islâmicos, mas as autoridades britânicas o revogaram em Maio den 2009. Não está claro se as autoridades norte-americanas foram avisadas disso. Mas falam por si os detalhes do fracasso geral em barrar a ida aos EUA daquele a quem o presidente da República dos EUA, Barack Houssein Obama, viria a se referir erroneamente como "um conhecido terrorista" - não há notícia de que Abdulmutallab tenha participado de outros atentados.
EM SEU quarto pronunciamento a respeito do clamoroso episódio, semana passada, quando o bureau de segurança da Casa Branca divulgou uma versão expurgada da investigação dos antecedentes do que ele vem chamando de "falha sistêmica" - a responsabilidade pela qual assumiu -, Barack Obama anunciou um punhado de medidas para aperfeiçoar os procedimentos dos serviços americanos de segurança diante de ameaças terroristas. Mandou também apressar o projeto de US$ 1 bilhão para reforçar os dispositivos de revista nos aeroportos, com o uso de scanners corporais - um recurso considerado de invasão extrema de privacidade pelas associações de defesa dos direitos humanos. Um dos desafios de Obama é conciliar os imperativos do que denominou "a guerra em que estamos" com o respeito aos direitos civis da população, atropelados no governo do ex-presidente da República, George W. Bush (2001-08) ad caterva. "Não vamos sucumbir a uma mentalidade que sacrifique a sociedade aberta e as liberdades que valorizamos", prometeu.
A ESSÊNCIA do problema ainda é o de garantir que os EUA fiquem "um passo à frente de um adversário ágil". Essa vantagem não será conquistada nas barreiras de segurança dos aeroportos, muito menos obrigando os passageiros a ficar sentados na hora final dos voos, mas no front da informação. É assombroso, como confessou o conselheiro de Contraterrorismo da Casa Branca, John Brennan, que a inteligência do Estado Norte-Americano ignorasse que a Al-Qaeda da Península Arábica, nas suas palavras uma das células "mais letais" da organização, tinha condições de tramar um ataque ao país.
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