2010: cenários e projeções
2010, iniciado pra valer essa semana, será um bom ano para a economia brasileira, com forte aumento da produção e recuperação do emprego, segundo as previsões não só do governo, mas também do setor privado. "O ano de 2009 acabou sendo melhor que o esperado e as expectativas para 2010 são realmente positivas", resumiu há alguns dias o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf (PSB-SP). O pessimismo do último verão, quando a atividade chegou ao fundo do poço, parece não haver deixado marcas no empresariado. O Índice de Confiança da Indústria (ICI), medido pelos técnicos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), atingiu em Dezembro de 2009 o nível de 113,4 pontos, superior à média dos últimos 10 anos (100,4) e muito acima do apurado em janeiro (75,1), o segundo menor da série iniciada em 1995. As principais fontes de preocupação continuam sendo os gastos do governo, os impostos muito altos e o real muito valorizado, um pesadelo para os produtores nacionais.
UMA PROJEÇÃO mais otimista de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi divulgada pela Fiesp: 6,2%, com a expansão liderada pela indústria de transformação (9,5%). A aposta da Confederação Nacional da Indústria (CNI) é um pouco mais baixa: 5,5% de aumento para o PIB e 7% para a indústria. Isso bastará para a produção industrial superar no primeiro semestre o nível de antes da crise. Será um resultado invejável para a maior parte do mundo. A Federação do Comércio do Estado de São Paulo é mais moderada em suas projeções, apontando como tendência mais provável um crescimento econômico na faixa de 4,5% a 5%. Será um resultado razoável, embora a economia brasileira, neste momento, pareça ter impulso para uma expansão maior.
NOSSA produção interna deverá crescer, como em geral ocorre nas fases de recuperação, mais velozmente do que o emprego. As empresas levam algum tempo para iniciar a recomposição dos quadros. O emprego industrial deverá aumentar 5,3%, segundo a Fiesp, mas só em dezembro voltará ao nível anterior à crise. As contratações, de toda forma, deverão permitir um bom aumento da massa de salários durante o ano e isso alimentará a expansão do consumo. O crédito, naturalmente, será um estímulo a mais para as famílias irem às compras.
GRANDE parte das projeções aponta uma inflação no centro da meta (4,5%) ou muito perto desse ponto. As estimativas do Banco Central do Brasil (BC) são muito parecidas. Se apenas esse detalhe fosse considerado, ninguém se preocuparia com a próxima elevação dos juros básicos, mas o novo Relatório de Inflação do BC, divulgado no final de Dezembro, indica uma rápida ocupação da capacidade produtiva.
TAL tendência é corroborada pela pesquisa da FGV sobre o ICI. Segundo os entrevistados, o nível de utilização da capacidade instalada aumentou em dezembro pelo nono mês consecutivo, tendo chegado a 83,8%. Pela estimativa do BC, o grau de ocupação poderá atingir 86,5% em maio, muito perto do recorde registrado em junho de 2008, quando a economia avançava em ritmo acelerado.
TUDO isso somado, trocando em miúdos, quer dizer risco de pressão inflacionária por excesso de demanda. Se houver essa pressão, o efeito só se manifestará alguns meses depois, provavelmente em 2011. Como a regra do BC é a ação preventiva, os juros subirão antes de surgirem sinais mais fortes de inflação. Mas, segundo todas as projeções, haverá forte expansão dos investimentos em 2010, com grandes compras de máquinas e equipamentos. Isso poderá diminuir o risco de descompasso entre a oferta e a procura de bens e serviços. É algo para ser conferido.
CONTUDO todas as projeções indicam uma forte redução do superávit comercial em 2010. As importações aumentarão cerca de 30%, impulsionadas pela expansão da economia e favorecidas pelo real valorizado. As exportações crescerão a metade disso. As estimativas do excedente comercial oscilam entre US$ 10 bilhões e US$ 13 bilhões, aproximadamente. O déficit em transações correntes poderá chegar a uns US$ 40 bilhões e será financiado principalmente com o investimento estrangeiro direto. Isso não será problema, se o déficit for controlado e reduzido nos anos seguintes. Para manter saudáveis os fundamentos da economia, o governo precisará conter seus gastos de custeio - a começar pela folha de pagamento de pessoal -. e tornar mais eficiente o uso do dinheiro público. O contrário é o mais provável num ano eleitoral. E depois?
UMA PROJEÇÃO mais otimista de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi divulgada pela Fiesp: 6,2%, com a expansão liderada pela indústria de transformação (9,5%). A aposta da Confederação Nacional da Indústria (CNI) é um pouco mais baixa: 5,5% de aumento para o PIB e 7% para a indústria. Isso bastará para a produção industrial superar no primeiro semestre o nível de antes da crise. Será um resultado invejável para a maior parte do mundo. A Federação do Comércio do Estado de São Paulo é mais moderada em suas projeções, apontando como tendência mais provável um crescimento econômico na faixa de 4,5% a 5%. Será um resultado razoável, embora a economia brasileira, neste momento, pareça ter impulso para uma expansão maior.
NOSSA produção interna deverá crescer, como em geral ocorre nas fases de recuperação, mais velozmente do que o emprego. As empresas levam algum tempo para iniciar a recomposição dos quadros. O emprego industrial deverá aumentar 5,3%, segundo a Fiesp, mas só em dezembro voltará ao nível anterior à crise. As contratações, de toda forma, deverão permitir um bom aumento da massa de salários durante o ano e isso alimentará a expansão do consumo. O crédito, naturalmente, será um estímulo a mais para as famílias irem às compras.
GRANDE parte das projeções aponta uma inflação no centro da meta (4,5%) ou muito perto desse ponto. As estimativas do Banco Central do Brasil (BC) são muito parecidas. Se apenas esse detalhe fosse considerado, ninguém se preocuparia com a próxima elevação dos juros básicos, mas o novo Relatório de Inflação do BC, divulgado no final de Dezembro, indica uma rápida ocupação da capacidade produtiva.
TAL tendência é corroborada pela pesquisa da FGV sobre o ICI. Segundo os entrevistados, o nível de utilização da capacidade instalada aumentou em dezembro pelo nono mês consecutivo, tendo chegado a 83,8%. Pela estimativa do BC, o grau de ocupação poderá atingir 86,5% em maio, muito perto do recorde registrado em junho de 2008, quando a economia avançava em ritmo acelerado.
TUDO isso somado, trocando em miúdos, quer dizer risco de pressão inflacionária por excesso de demanda. Se houver essa pressão, o efeito só se manifestará alguns meses depois, provavelmente em 2011. Como a regra do BC é a ação preventiva, os juros subirão antes de surgirem sinais mais fortes de inflação. Mas, segundo todas as projeções, haverá forte expansão dos investimentos em 2010, com grandes compras de máquinas e equipamentos. Isso poderá diminuir o risco de descompasso entre a oferta e a procura de bens e serviços. É algo para ser conferido.
CONTUDO todas as projeções indicam uma forte redução do superávit comercial em 2010. As importações aumentarão cerca de 30%, impulsionadas pela expansão da economia e favorecidas pelo real valorizado. As exportações crescerão a metade disso. As estimativas do excedente comercial oscilam entre US$ 10 bilhões e US$ 13 bilhões, aproximadamente. O déficit em transações correntes poderá chegar a uns US$ 40 bilhões e será financiado principalmente com o investimento estrangeiro direto. Isso não será problema, se o déficit for controlado e reduzido nos anos seguintes. Para manter saudáveis os fundamentos da economia, o governo precisará conter seus gastos de custeio - a começar pela folha de pagamento de pessoal -. e tornar mais eficiente o uso do dinheiro público. O contrário é o mais provável num ano eleitoral. E depois?
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