Elo partido
A PARTIR da decisão de suspender as licenças automáticas para a entrada no Brasil de alguns produtos muito sensíveis no comércio com a Argentina, o governo brasileiro começa a responder com mais eficácia às sucessivas medidas de proteção colocadas em prática pelo governo da presidente da República da Argentina, Cristina Kirchner, a fim de conter a entrada de produtos brasileiros naquele país.
NÃO TEM surtido efeito as concessões na área comercial e os esforços diplomáticos do governo brasileiro para preservar o que chama de parceria estratégica do Governo do Brasil com o Governo da Argentina, pois, diante de qualquer problema na balança comercial, o governo argentino vem adotando medidas protecionistas sem fazer nenhuma distinção entre seu parceiro estratégico e os demais países.
DEVIDO à crise financeira internacional, o governo Kirchner ergueu novas barreiras às importações, com o objetivo de "preservar a indústria nacional argentina e os empregos dos argentinos", os produtos brasileiros vêm perdendo espaço rapidamente naquele mercado, enquanto cresce na mesma proporção a fatia ocupada por produtos asiáticos, especialmente chineses.
AS IMPORTAÇÕES de produtos da Argentina, como as importações de muitos outros países, estão diminuindo, mas diminuem muito mais suas compras de produtos brasileiros do que as compras de produtos chineses. O exemplo mais recente dessa consequência das restrições impostas pelo governo argentino é o mercado de calçados. Como mostrou reportagem publicada pelo Jornal Valor Econômico em sua edição do último dia 20, o Brasil perdeu a liderança que detinha no mercado de calçados da Argentina. No ano passado, o Brasil produziu 52,9% dos calçados importados pela Argentina, enquanto os calçados asiáticos representaram 45,4%. De Janeiro a Agosto de 2009, a fatia brasileira se reduziu para 47,4%, enquanto a dos asiáticos aumentou para 50,9%.
DE 2007 a 2009, a fatia do produto brasileiro no mercado argentino encolheu 13 pontos porcentuais, enquanto a do calçado asiático aumentou 13,6 pontos. Para um funcionário do governo brasileiro, esta é "uma evidência clara" de que, por causa das medidas protecionistas tomadas pelo Governo da Argentina, está havendo um desvio de comércio, em prejuízo do produto brasileiro.
TAL FENÔMENO, que beneficia os produtos chineses em detrimento dos brasileiros, vem sendo apontado pela indústria há meses. Recente estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre os efeitos das medidas protecionistas tomadas pelo Governo da Argentina mostrou que, "no período de Janeiro a Abril de 2009, comparativamente ao mesmo período de 2008, o market share do Brasil no grupo de produtos atingidos por licenças não automáticas caiu de 42% para 31,5%, enquanto a China expandiu sua participação de 21,5% para 30,5%".
EM JANEIRO deste ano, o Governo da Argentina estendeu para os pneumáticos a suspensão da licença automática de importação, que até então afetava 58 produtos. A restrição, hoje, atinge mais de 260 produtos. Entre os produtos brasileiros que dependem de licença não automática para entrar na Argentina, além dos calçados, estão cutelaria, móveis, máquinas debulhadoras, eletrodomésticos de linha branca e têxteis.
O GOVERNO brasileiro suspendeu, em resposta, desde o último dia 14 de Outubro, as licenças automáticas de importação para farinha de trigo, pré-mistura de trigo, vinhos, alho, azeite, azeitonas, alguns outros itens alimentares e rações animais provenientes da Argentina.
TAL PROTECIONISMO argentino seria até compreensível se pelo menos estimulasse a ampliação da indústria local, dando-lhe mais competitividade - como o governo Kirchner alega ser seu objetivo -, e se fosse temporário,. Mas não há sinais de investimentos produtivos.
A PARTIR do início desta década, como lembrou a economista Sandra Polónia Rios, diretora do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (CEID), em artigo publicado pelo Jornal O GLOBO em sua edição do último dia 19, Brasil e Argentina "seguem caminhos opostos em sua estratégia de inserção internacional". O Brasil aumenta sua integração à economia global e ganha projeção nos foros econômicos mundiais, enquanto a Argentina adota atitudes defensivas e se isola na tentativa de se industrializar.
NÃO HÁ como sobreviver por muito tempo uma associação em que os sócios caminham em sentidos opostos, mesmo que um deles, o Brasil, tenha sido tão tolerante com o outro por tanto tempo.
NÃO TEM surtido efeito as concessões na área comercial e os esforços diplomáticos do governo brasileiro para preservar o que chama de parceria estratégica do Governo do Brasil com o Governo da Argentina, pois, diante de qualquer problema na balança comercial, o governo argentino vem adotando medidas protecionistas sem fazer nenhuma distinção entre seu parceiro estratégico e os demais países.
DEVIDO à crise financeira internacional, o governo Kirchner ergueu novas barreiras às importações, com o objetivo de "preservar a indústria nacional argentina e os empregos dos argentinos", os produtos brasileiros vêm perdendo espaço rapidamente naquele mercado, enquanto cresce na mesma proporção a fatia ocupada por produtos asiáticos, especialmente chineses.
AS IMPORTAÇÕES de produtos da Argentina, como as importações de muitos outros países, estão diminuindo, mas diminuem muito mais suas compras de produtos brasileiros do que as compras de produtos chineses. O exemplo mais recente dessa consequência das restrições impostas pelo governo argentino é o mercado de calçados. Como mostrou reportagem publicada pelo Jornal Valor Econômico em sua edição do último dia 20, o Brasil perdeu a liderança que detinha no mercado de calçados da Argentina. No ano passado, o Brasil produziu 52,9% dos calçados importados pela Argentina, enquanto os calçados asiáticos representaram 45,4%. De Janeiro a Agosto de 2009, a fatia brasileira se reduziu para 47,4%, enquanto a dos asiáticos aumentou para 50,9%.
DE 2007 a 2009, a fatia do produto brasileiro no mercado argentino encolheu 13 pontos porcentuais, enquanto a do calçado asiático aumentou 13,6 pontos. Para um funcionário do governo brasileiro, esta é "uma evidência clara" de que, por causa das medidas protecionistas tomadas pelo Governo da Argentina, está havendo um desvio de comércio, em prejuízo do produto brasileiro.
TAL FENÔMENO, que beneficia os produtos chineses em detrimento dos brasileiros, vem sendo apontado pela indústria há meses. Recente estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre os efeitos das medidas protecionistas tomadas pelo Governo da Argentina mostrou que, "no período de Janeiro a Abril de 2009, comparativamente ao mesmo período de 2008, o market share do Brasil no grupo de produtos atingidos por licenças não automáticas caiu de 42% para 31,5%, enquanto a China expandiu sua participação de 21,5% para 30,5%".
EM JANEIRO deste ano, o Governo da Argentina estendeu para os pneumáticos a suspensão da licença automática de importação, que até então afetava 58 produtos. A restrição, hoje, atinge mais de 260 produtos. Entre os produtos brasileiros que dependem de licença não automática para entrar na Argentina, além dos calçados, estão cutelaria, móveis, máquinas debulhadoras, eletrodomésticos de linha branca e têxteis.
O GOVERNO brasileiro suspendeu, em resposta, desde o último dia 14 de Outubro, as licenças automáticas de importação para farinha de trigo, pré-mistura de trigo, vinhos, alho, azeite, azeitonas, alguns outros itens alimentares e rações animais provenientes da Argentina.
TAL PROTECIONISMO argentino seria até compreensível se pelo menos estimulasse a ampliação da indústria local, dando-lhe mais competitividade - como o governo Kirchner alega ser seu objetivo -, e se fosse temporário,. Mas não há sinais de investimentos produtivos.
A PARTIR do início desta década, como lembrou a economista Sandra Polónia Rios, diretora do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (CEID), em artigo publicado pelo Jornal O GLOBO em sua edição do último dia 19, Brasil e Argentina "seguem caminhos opostos em sua estratégia de inserção internacional". O Brasil aumenta sua integração à economia global e ganha projeção nos foros econômicos mundiais, enquanto a Argentina adota atitudes defensivas e se isola na tentativa de se industrializar.
NÃO HÁ como sobreviver por muito tempo uma associação em que os sócios caminham em sentidos opostos, mesmo que um deles, o Brasil, tenha sido tão tolerante com o outro por tanto tempo.
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