A la carteé Planaltina
DESDE o dia em que o senador da República, Tasso Jereissati (PSDB-CE), subiu à tribuna do Senado Federal para desculpar-se por ter protagonizado - junto com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) - uma das cenas mais vergonhosas da história daquela Casa do Poder Legislativo brasileiro, estava dada a senha para o início da costura do "acordão" - ainda não completada e que, certamente, não será de fácil digestão para a opinião pública. É que a "paz" política que Governo e Oposição têm pretendido restabelecer na Câmara Alta tem um alto preço ético: a anistia recíproca de todas as indecências praticadas pelos ilustres representantes das unidades da Federação no Poder Legislativo nacional.
NEPOTISMO, atos secretos - quase mil, agora -, funcionários fantasmas, custeio com recursos públicos de despesas de terceiros sem quaisquer vínculos de serviço com o Senado Federal, auxílio-moradia indevido, abusos no uso de passagens aéreas, diretorias administrativas de funções quase surrealistas e mais um sem-número de formas de locupletação, comprometendo até parlamentares oposicionistas marcados por discursos críticos e moralizantes - tudo isso, com certeza, entrará no tratado de paz entre o governo e a oposição, em nome do retorno ao trabalho e à agenda legislativa do Senado Federal.
ESTÁ claro e cristalino que nesse processo de costura tem sido utilizada a velha receita das "informações" que acusados têm sobre seus acusadores e a ameaça de utilizá-las a qualquer momento - no que os senadores alagoanos Renan Calheiros e Fernando Collor de Mello (PTB-AL) deram, recentemente, exibições de mestria. Por outro lado, reconheça-se a capacidade do vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP) - auxiliado pela facilidade do líder do governo no Senado Federal, senador Romero Jucá (PMDB-RR), para defender, sem rubor na face, o indefensável - de condimentar, no melhor estilo, a geléia político-partidária que tem dado sustentação a seu despudorado governo. No entanto, ainda há uma resistência ao "acordão" - e ela se chama Partido dos Trabalhadores (PT), por suas divergências internas quanto ao julgamento ou não do maranhense senador pelo Estado do Amapá e presidente do Senado Federal, José de Ribamar Sarney (PMDB-AP), no Conselho de Ética daquela Casa do Legislativo, e, especialmente, pela posição assumida por seu líder, senador Aloizio Mercadante (PT-SP) nessa questão.
QUANDO Mercadante foi ao gabinete de Zé Sarney, na noite da Quarta-feira, 12, para lhe comunicar sua resistência a absolvê-lo in limine, sem que o Conselho de Ética tivesse a oportunidade de pronunciar-se em pelo menos uma das 11 acusações (a relacionada com o emprego do namorado da neta), a reação de Zé Sarney foi explosiva e o tom da discussão elevou-se a decibéis mais adequados a um botequim do que ao gabinete do presidente de um Poder de Estado. Como não poderia deixar de ser - já que argumentos para inocentar-se ali de nada serviriam (se existissem) -, na discussão, presenciada pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC), Zé Sarney cobrou de Mercadante fidelidade à aliança entre PT e PMDB, com vistas à sucessão presidencial e ao indispensável apoio dos peemedebistas à candidata ungida do Palácio do Planalto, ministra Dilma Rousseff (PT-RS).
MUITO embora tenha negado - como também era de esperar - a negociação de qualquer acordo entre Governo e Oposição, para colocar-se uma pedra no conjunto de denúncias contra Sarney, o presidente do Conselho de Ética, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), antecipou-se em exibir uma contrapartida de pacificação, ao mandar para o arquivo as denúncias do PMDB contra o líder peessedebista senador Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), da mesma forma como arquivara aquelas contra Zé Sarney. Assim como o PSDB entrou com recurso contra a rejeição das denúncias a Zé Sarney, no Conselho de Ética, o PMDB também recorre da rejeição das denúncias contra o senador Arthur Virgílio. Mas está muito claro, no ponto de cozimento a que chegou o "acordão", que esse recurso peemedebista não passa de farsa.
O RESUMO dessa ópera bufa é que está nas mãos do PT, e especificamente na de seus representantes no Conselho de Ética - que são os senadores Delcídio Amaral (PT-MT), Ideli Salvatti e João Pedro (PT-MS), precisando os dois primeiros reeleger-se em 2010 -, a aceitação ou não, no plenário do colegiado, do recurso contra a rejeição das denúncias a Zé Sarney, uma vez que a oposição ali só tem 5 representantes (entre 15) e precisa dos votos petistas para fazer maioria. Então, há resistência, mas segue o "acordão" - que também pode ser chamado de superpizza - para seu estágio final de cozimento, já que parece improvável que Mercadante consiga levar o PT a repudiar a (velha) receita planaltina. Agora, como o eleitorado digerirá tudo isso, é uma outra história.
NEPOTISMO, atos secretos - quase mil, agora -, funcionários fantasmas, custeio com recursos públicos de despesas de terceiros sem quaisquer vínculos de serviço com o Senado Federal, auxílio-moradia indevido, abusos no uso de passagens aéreas, diretorias administrativas de funções quase surrealistas e mais um sem-número de formas de locupletação, comprometendo até parlamentares oposicionistas marcados por discursos críticos e moralizantes - tudo isso, com certeza, entrará no tratado de paz entre o governo e a oposição, em nome do retorno ao trabalho e à agenda legislativa do Senado Federal.
ESTÁ claro e cristalino que nesse processo de costura tem sido utilizada a velha receita das "informações" que acusados têm sobre seus acusadores e a ameaça de utilizá-las a qualquer momento - no que os senadores alagoanos Renan Calheiros e Fernando Collor de Mello (PTB-AL) deram, recentemente, exibições de mestria. Por outro lado, reconheça-se a capacidade do vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP) - auxiliado pela facilidade do líder do governo no Senado Federal, senador Romero Jucá (PMDB-RR), para defender, sem rubor na face, o indefensável - de condimentar, no melhor estilo, a geléia político-partidária que tem dado sustentação a seu despudorado governo. No entanto, ainda há uma resistência ao "acordão" - e ela se chama Partido dos Trabalhadores (PT), por suas divergências internas quanto ao julgamento ou não do maranhense senador pelo Estado do Amapá e presidente do Senado Federal, José de Ribamar Sarney (PMDB-AP), no Conselho de Ética daquela Casa do Legislativo, e, especialmente, pela posição assumida por seu líder, senador Aloizio Mercadante (PT-SP) nessa questão.
QUANDO Mercadante foi ao gabinete de Zé Sarney, na noite da Quarta-feira, 12, para lhe comunicar sua resistência a absolvê-lo in limine, sem que o Conselho de Ética tivesse a oportunidade de pronunciar-se em pelo menos uma das 11 acusações (a relacionada com o emprego do namorado da neta), a reação de Zé Sarney foi explosiva e o tom da discussão elevou-se a decibéis mais adequados a um botequim do que ao gabinete do presidente de um Poder de Estado. Como não poderia deixar de ser - já que argumentos para inocentar-se ali de nada serviriam (se existissem) -, na discussão, presenciada pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC), Zé Sarney cobrou de Mercadante fidelidade à aliança entre PT e PMDB, com vistas à sucessão presidencial e ao indispensável apoio dos peemedebistas à candidata ungida do Palácio do Planalto, ministra Dilma Rousseff (PT-RS).
MUITO embora tenha negado - como também era de esperar - a negociação de qualquer acordo entre Governo e Oposição, para colocar-se uma pedra no conjunto de denúncias contra Sarney, o presidente do Conselho de Ética, senador Paulo Duque (PMDB-RJ), antecipou-se em exibir uma contrapartida de pacificação, ao mandar para o arquivo as denúncias do PMDB contra o líder peessedebista senador Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), da mesma forma como arquivara aquelas contra Zé Sarney. Assim como o PSDB entrou com recurso contra a rejeição das denúncias a Zé Sarney, no Conselho de Ética, o PMDB também recorre da rejeição das denúncias contra o senador Arthur Virgílio. Mas está muito claro, no ponto de cozimento a que chegou o "acordão", que esse recurso peemedebista não passa de farsa.
O RESUMO dessa ópera bufa é que está nas mãos do PT, e especificamente na de seus representantes no Conselho de Ética - que são os senadores Delcídio Amaral (PT-MT), Ideli Salvatti e João Pedro (PT-MS), precisando os dois primeiros reeleger-se em 2010 -, a aceitação ou não, no plenário do colegiado, do recurso contra a rejeição das denúncias a Zé Sarney, uma vez que a oposição ali só tem 5 representantes (entre 15) e precisa dos votos petistas para fazer maioria. Então, há resistência, mas segue o "acordão" - que também pode ser chamado de superpizza - para seu estágio final de cozimento, já que parece improvável que Mercadante consiga levar o PT a repudiar a (velha) receita planaltina. Agora, como o eleitorado digerirá tudo isso, é uma outra história.
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