Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

sexta-feira, maio 08, 2009

Retrato do Brasil

JÁ É BASTANTE conhecido esse "desejo ardente" do “O-CARA” do desgoverno de ter a ministra chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff (PT-RS) lhe sucedendo no cargo. Essa gente, que observa (e pratica) o jogo político há muito tempo, diz que “O-CARA” quer apenas "queimar" Rousseff. A contrapartida que os desmentiu até agora, claro, foram as sucessivas declarações peremptórias jurando apoio eterno a Rousseff.

ALGUNS analistas agora acreditam que a enfermidade da ministra-candidata veio a calhar, que essa é a desculpa perfeita. Eles mesmos sempre acharam que a infame "emenda Devanir" era um achincalhe à democracia, por mais que ninguém se importe com ela de verdade. A insistência constrangedora do autor, aliás, se tornou apenas mais uma chance de sair por cima, reiterando seu apego aos valores e às regras que o colocaram, de uma forma ou de outra, onde ele chegou. Cá entre nós: pegaria muito mal se o atual dono do Air Force 51, que já acumulou mais horas de vôo, dias fora do Planalto, e dias no exterior que seu tão execrado antecessor - a despeito dos incessantes urros e grunhidos que essa atividade provocava na Oposição de então, assim como ocorreu quando o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) resolveu encarar um segundo mandato - resolvesse agora superá-lo também nesse quesito, partindo para uma terceira jornada na cada dura. Seria preciso que algo momentoso ocorresse. Esse evento de alta gravidade, caro(a) leitor(a), acaba de ocorrer.


POIS A despeito das garantias de Rousseff em contrário, o tratamento desse tipo agressivo de linfoma (que dobra de tamanho a cada quinze dias) tem que ser agressivo, também. É enjôo, fadiga, perda de cabelo, diarréia, fadiga, perda de imunidade (e não se fala aqui em imunidade parlamentar, essa de cura relativamente fácil). É óbvio - a partir do relato daqueles que já enfrentaram o drama da ministra nas mesmas condições - que o estilo sargentão da hoje chefe da Casa Civil terá que dar lugar a uma atitude de maior resguardo, especialmente no contato com o povo. Com a imunidade a zero, não vai dar para frequentar inaugurações, comícios, apertar mãos e abraçar toda e qualquer pessoa que se veja pela frente. Não vai dar para ir nem a restaurante, , comer uma buchada de bode no Nordeste, por um período de seis meses a um ano. Quem já passou por isso sabe.


COM OS seus 30 pontos atrás do governador do Estado de São Paulo, José Serra (PSDB-SP), segundo as últimas pesquisas de intenção de voto, não seria demais arriscar um palpite, de que mesmo a intenção da máquina de transformar Dilma Rousseff numa "Estelita" em terras tupiniquim precisa ter vários planos alternativos. O plano P já é conhecido: Antonio Palocci Filho (PT-SP), atual deputado federal e ex-ministro de Estado da Fazenda. O problema é que ele primeiro precisa sair da delegacia. De um lado, isso deixa a população que ainda tem um mínimo de discernimento em pânico e, de outro, “O-CARA” num beco sem saída, pois ambos percebem que entre a tchurma governamental da folha corrida, está cada vez mais difícil achar companheiros para tocar o projeto de aparelhamento e mediocrização do Estado Brasileiro instaurado em 2002 - motivo de tanta celebração especialmente para quem vive bem longe daqui, seja os que saboreiam fondues ou aqueles que engolem hot-dogs.


EXATAMENTE nesse momento que ocorre mais um dos já famosos atos falhos do chefe do (dês)governo: ele declara que a preocupação com a saúde de Dilma Rousseff é "prioridade zero" (sic), da mesma forma que (cuidado com os dentes!) uma empresa chamada Imbra anuncia nacionalmente suas promessas de um tratamento "sobre medida" (sic) para sua boca, ou aquele partido que se diz decente diz que há "mal uso" (sic) da coisa pública nas suas propagandas pela TV.

ESTAMOS vivendo dias bastante complicados, em que as possibilidades de “O-CARA” concluir que só ele mesmo dá conta de tocar o barco, messianicamente, parecem ser muito grandes. Enquanto tudo isso acontece, o incansável Rubinho Pé-de-Chinelo declara que "o Schumacher fazia qualquer coisa para ser campeão. Eu faço quase tudo, mas não tudo o que ele faria". É esse é mesmo o retrato do País.