Mar de dólares
TEM SOBRADO dólares no mercado brasileiro nos últimos dias. A moeda norte-americana desvalorizou-se e a direção do Banco Central (BC) interveio no mercador financeiro para recolher o excedente. Foi sua primeira ação desse tipo desde setembro, quando a crise financeira atingiu o País e o financiamento em moeda estrangeira secou. Passados sete meses, continuam raras as boas notícias no mercado financeiro internacional. A crise bancária continua assombrando o mundo rico e o crédito permanece escasso. Mas desde o mês passado, no Brasil, o ingresso de moeda estrangeira é maior que a saída. Algo mudou, e a mudança tem proporções incomuns. Não há muito tempo, crise no mercado externo significava falta de dólares no País, ampla depreciação cambial e forte pressão inflacionária.
EM ABRIL, o País teve um superávit cambial de US$ 1,43 bilhão. Desde Outubro, só no mês de Fevereiro tinha havido saldo cambial positivo - de US$ 841 milhões. Em Abril, o resultado foi garantido pelas operações comerciais, com diferença de US$ 4,92 bilhões entre exportações e importações. Os fluxos financeiros terminaram com saldo negativo de US$ 3,49 bilhões. Mas também as operações financeiras vêm mudando e isso se reflete na participação de capitais estrangeiros na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
A OFERTA de moeda norte-americana aumentou mais velozmente nos últimos dias, criando instabilidade no mercado cambial. Os técnicos do BC intervieram, na Segunda-feira, 04, comprando US$ 3,41 bilhões num único leilão. A intervenção foi feita por meio de uma operação conhecida como swap cambial reverso. O banco vendedor da moeda recebe a taxa básica de juros, a Selic. O BC ganha a variação cambial, se o dólar subir. Quem vende a moeda norte-americana tem interesse em vê-la desvalorizada e por isso é difícil prever como estará o jogo dentro de alguns dias ou semanas. A operação interrompeu a depreciação do dólar na Segunda-feira, 04, mas as pressões de baixa reapareceram nos dias seguintes. Para conter a queda, comprar à vista a moeda norte-americana teria sido mais eficiente, segundo especialistas. Mas a direção do BC negou ser essa a intenção.
PORÉM esse problema técnico é só uma parte, embora importante, de um quadro muito mais amplo. No meio da crise global, o Brasil aparece aos investidores internacionais como um dos mercados mais atraentes. Isso ficou claro, por exemplo, no encontro "Alternative Investment Summit Brasil 2009", realizado em São Paulo. Gestores de grandes fundos falaram com otimismo sobre as perspectivas de recuperação da economia brasileira e sobre a resistência do País aos piores efeitos da recessão mundial.
ESSA resistência não surgiu de um dia para o outro e este é outro aspecto importante do cenário. O Brasil entrou na crise com o balanço de pagamentos em condições satisfatórias, embora o saldo comercial e o saldo em conta corrente estivessem já em queda. Embora a recessão global tenha afetado as exportações brasileiras, aquelas contas continuam com saldo positivo e o País mantém reservas internacionais superiores a US$ 200 bilhões. Mesmo com a ação do BC para atenuar a escassez de dólares no mercado, nos primeiros meses da crise, o estoque de moeda forte em poder da autoridade monetária continuou elevado e praticamente não se alterou desde o fim de 2008.
ELEVADAS reservas foram um dos fatores de segurança econômica nos últimos sete meses. A acumulação de dólares foi uma decisão acertada, embora especialistas tenham várias vezes criticado a direção do BC por causa do custo dessa política. Mas o custo poderia ter sido muito maior, para todos os brasileiros, se o País não dispusesse desse colchão para se proteger do choque externo.
BAIXA inflação e contas fiscais em estado razoável também contribuíram para elevar a segurança. Em resumo, a solidez dos fundamentos tem permitido a experiência extraordinária de atravessar uma grande crise internacional com danos limitados e, depois de alguma dificuldade inicial, com grande oferta de dólares e valorização da moeda nacional.
FLEXIBILIDADE cambial, metas de inflação e uma gestão razoável das contas públicas permitiram à economia brasileira acumular os benefícios da prosperidade internacional entre 2003 e 2008 e ganhar forças para tempos difíceis. É preciso ter consciência de como tudo isso foi conseguido e não desperdiçar essas conquistas.
EM ABRIL, o País teve um superávit cambial de US$ 1,43 bilhão. Desde Outubro, só no mês de Fevereiro tinha havido saldo cambial positivo - de US$ 841 milhões. Em Abril, o resultado foi garantido pelas operações comerciais, com diferença de US$ 4,92 bilhões entre exportações e importações. Os fluxos financeiros terminaram com saldo negativo de US$ 3,49 bilhões. Mas também as operações financeiras vêm mudando e isso se reflete na participação de capitais estrangeiros na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
A OFERTA de moeda norte-americana aumentou mais velozmente nos últimos dias, criando instabilidade no mercado cambial. Os técnicos do BC intervieram, na Segunda-feira, 04, comprando US$ 3,41 bilhões num único leilão. A intervenção foi feita por meio de uma operação conhecida como swap cambial reverso. O banco vendedor da moeda recebe a taxa básica de juros, a Selic. O BC ganha a variação cambial, se o dólar subir. Quem vende a moeda norte-americana tem interesse em vê-la desvalorizada e por isso é difícil prever como estará o jogo dentro de alguns dias ou semanas. A operação interrompeu a depreciação do dólar na Segunda-feira, 04, mas as pressões de baixa reapareceram nos dias seguintes. Para conter a queda, comprar à vista a moeda norte-americana teria sido mais eficiente, segundo especialistas. Mas a direção do BC negou ser essa a intenção.
PORÉM esse problema técnico é só uma parte, embora importante, de um quadro muito mais amplo. No meio da crise global, o Brasil aparece aos investidores internacionais como um dos mercados mais atraentes. Isso ficou claro, por exemplo, no encontro "Alternative Investment Summit Brasil 2009", realizado em São Paulo. Gestores de grandes fundos falaram com otimismo sobre as perspectivas de recuperação da economia brasileira e sobre a resistência do País aos piores efeitos da recessão mundial.
ESSA resistência não surgiu de um dia para o outro e este é outro aspecto importante do cenário. O Brasil entrou na crise com o balanço de pagamentos em condições satisfatórias, embora o saldo comercial e o saldo em conta corrente estivessem já em queda. Embora a recessão global tenha afetado as exportações brasileiras, aquelas contas continuam com saldo positivo e o País mantém reservas internacionais superiores a US$ 200 bilhões. Mesmo com a ação do BC para atenuar a escassez de dólares no mercado, nos primeiros meses da crise, o estoque de moeda forte em poder da autoridade monetária continuou elevado e praticamente não se alterou desde o fim de 2008.
ELEVADAS reservas foram um dos fatores de segurança econômica nos últimos sete meses. A acumulação de dólares foi uma decisão acertada, embora especialistas tenham várias vezes criticado a direção do BC por causa do custo dessa política. Mas o custo poderia ter sido muito maior, para todos os brasileiros, se o País não dispusesse desse colchão para se proteger do choque externo.
BAIXA inflação e contas fiscais em estado razoável também contribuíram para elevar a segurança. Em resumo, a solidez dos fundamentos tem permitido a experiência extraordinária de atravessar uma grande crise internacional com danos limitados e, depois de alguma dificuldade inicial, com grande oferta de dólares e valorização da moeda nacional.
FLEXIBILIDADE cambial, metas de inflação e uma gestão razoável das contas públicas permitiram à economia brasileira acumular os benefícios da prosperidade internacional entre 2003 e 2008 e ganhar forças para tempos difíceis. É preciso ter consciência de como tudo isso foi conseguido e não desperdiçar essas conquistas.
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