Lixando-se para os fanfarrões
NESTES três meses em que se arrasta o rocambolesco caso do deputado mineiro Edmar Moreira (sem partido) desde que se descobriu que entre 2007 e 2008 ele pediu o reembolso de R$ 230,6 mil que teria pago - ou não - a firmas de segurança de sua propriedade, políticos de quem a grande maioria dos brasileiros jamais tinha ouvido falar aparecem no noticiário em conexão com o assunto. Deles, quem roubou a cena foi evidentemente o deputado gaúcho Sérgio Moraes (PTB-RS), que enriqueceu os anais do Congresso Nacional com a memorável declaração de que estava se "lixando" para a opinião pública.
TAL FANFARRONADA acaba de lhe custar a função de relator do processo aberto no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados para apurar a possível maracutaia de Moreira (que já tinha ficado sob os holofotes ao se revelar que, tendo sido eleito corregedor da Câmara, ele escondia ser dono de um castelo de R$ 25 milhões). O novo relator é Nazareno Fonteles (PT-PI). Formalmente, Moraes se lixou porque, instado por parlamentares do Partido do Socialismo e Liberdade (PSOL), que pedira o processo, e do Democratas (DEM), do qual Moreira foi desfiliado, o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), o substituiu sob a alegação de que prejulgara o caso sobre o qual teria de apresentar parecer, deixando claro que defenderia a absolvição, embora uma sindicância tivesse apontado indícios de que Moreira apresentara notas frias.
PORÉM, a repercussão dos desaforos de Moraes e a divulgação de sua ficha na Imprensa, com destaque para as diversas acusações a que respondeu ou ainda responde na Justiça, foram decisivas. A esta altura de um ano legislativo completamente dominado por escândalos como o da farra das passagens aéreas e das marmeladas com as verbas indenizatórias (até para pagar uma fortuna em conversas ao celular da filha de um senador), só faltava que um tipo da estatura ética de Moraes conservasse a relatoria de um processo contra essa outra figura tornada notória na Câmara dos Deputados. Moreira, por sinal, é também réu de uma ação por apropriação indevida de contribuições previdenciárias e de crime contra a ordem tributária.
UM DOS problemas com os quais se deparou o presidente do Conselho foi achar quem aceitasse ir para o lugar de Moraes - e a busca colocou nos jornais nomes que, pela sua obscuridade, de imediato foram identificados como os de integrantes do afamado baixo clero da Casa. E, quando três deles se recusaram a aceitar o convite que em outros tempos decerto seria sinal de distinção e oportunidade de frequentar a mídia, a conclusão natural foi a de que preferiram não ficar em evidência para não serem, eles também, investigados pela imprensa. Afinal, já se tinha noticiado que 1/3 dos membros do Conselho viajou a passeio ao exterior ou cedeu passagens a terceiros por conta da Casa.
AINDA GRITA por atenção o fato de que nenhum parlamentar do que seria o alto clero foi sondado. Especulou-se que não se interessariam em participar de um presumível jogo de cartas marcadas - uma pena branda para Moreira, em vez da cassação do seu mandato. O segundo problema do presidente do Conselho foi a acirrada resistência dos companheiros de Moraes na bancada petebista - e do líder do PT, Cândido Vaccarezza - à destituição do relator que tinha se lixado e anunciou que iria ao Supremo Tribunal Federal (STF) para conservar a relatoria, encompridando assim os seus 15 minutos de fama. As discussões no colegiado também deram azo a que se alçassem às colunas políticas outros ilustres desconhecidos dos seus leitores.
AS REPORTAGENS citam, por exemplo, um certo deputado Paulo Roberto (PTB-RS), um Abelardo Camarinha (PSB-SP), e um Ernandes Amorim (PTB-RO). Bravos sustentáculos de Sérgio Moraes, escolheram atacar o Jornalismo para defendê-lo. Um perguntou retoricamente: "Qual de nós não foi vítima da Imprensa?" Outro lembrou que a opinião pública para qual ele se lixara "elegeu Hitler, Mussolini e Collor, e absolveu Barrabás" - portanto, merecia os desaforos que lhe dirigiram. Mas as palmas vão para o terceiro, por dizer que "não viemos aqui para sermos expostos a todo momento". É isso: a sua prioridade é se proteger do escrutínio público.
TAL FANFARRONADA acaba de lhe custar a função de relator do processo aberto no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados para apurar a possível maracutaia de Moreira (que já tinha ficado sob os holofotes ao se revelar que, tendo sido eleito corregedor da Câmara, ele escondia ser dono de um castelo de R$ 25 milhões). O novo relator é Nazareno Fonteles (PT-PI). Formalmente, Moraes se lixou porque, instado por parlamentares do Partido do Socialismo e Liberdade (PSOL), que pedira o processo, e do Democratas (DEM), do qual Moreira foi desfiliado, o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), o substituiu sob a alegação de que prejulgara o caso sobre o qual teria de apresentar parecer, deixando claro que defenderia a absolvição, embora uma sindicância tivesse apontado indícios de que Moreira apresentara notas frias.
PORÉM, a repercussão dos desaforos de Moraes e a divulgação de sua ficha na Imprensa, com destaque para as diversas acusações a que respondeu ou ainda responde na Justiça, foram decisivas. A esta altura de um ano legislativo completamente dominado por escândalos como o da farra das passagens aéreas e das marmeladas com as verbas indenizatórias (até para pagar uma fortuna em conversas ao celular da filha de um senador), só faltava que um tipo da estatura ética de Moraes conservasse a relatoria de um processo contra essa outra figura tornada notória na Câmara dos Deputados. Moreira, por sinal, é também réu de uma ação por apropriação indevida de contribuições previdenciárias e de crime contra a ordem tributária.
UM DOS problemas com os quais se deparou o presidente do Conselho foi achar quem aceitasse ir para o lugar de Moraes - e a busca colocou nos jornais nomes que, pela sua obscuridade, de imediato foram identificados como os de integrantes do afamado baixo clero da Casa. E, quando três deles se recusaram a aceitar o convite que em outros tempos decerto seria sinal de distinção e oportunidade de frequentar a mídia, a conclusão natural foi a de que preferiram não ficar em evidência para não serem, eles também, investigados pela imprensa. Afinal, já se tinha noticiado que 1/3 dos membros do Conselho viajou a passeio ao exterior ou cedeu passagens a terceiros por conta da Casa.
AINDA GRITA por atenção o fato de que nenhum parlamentar do que seria o alto clero foi sondado. Especulou-se que não se interessariam em participar de um presumível jogo de cartas marcadas - uma pena branda para Moreira, em vez da cassação do seu mandato. O segundo problema do presidente do Conselho foi a acirrada resistência dos companheiros de Moraes na bancada petebista - e do líder do PT, Cândido Vaccarezza - à destituição do relator que tinha se lixado e anunciou que iria ao Supremo Tribunal Federal (STF) para conservar a relatoria, encompridando assim os seus 15 minutos de fama. As discussões no colegiado também deram azo a que se alçassem às colunas políticas outros ilustres desconhecidos dos seus leitores.
AS REPORTAGENS citam, por exemplo, um certo deputado Paulo Roberto (PTB-RS), um Abelardo Camarinha (PSB-SP), e um Ernandes Amorim (PTB-RO). Bravos sustentáculos de Sérgio Moraes, escolheram atacar o Jornalismo para defendê-lo. Um perguntou retoricamente: "Qual de nós não foi vítima da Imprensa?" Outro lembrou que a opinião pública para qual ele se lixara "elegeu Hitler, Mussolini e Collor, e absolveu Barrabás" - portanto, merecia os desaforos que lhe dirigiram. Mas as palmas vão para o terceiro, por dizer que "não viemos aqui para sermos expostos a todo momento". É isso: a sua prioridade é se proteger do escrutínio público.
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