Resistências na União Européia
BLOOMINGTON (EUA) -
CONTINUAMOS em suspense enquanto os
governos europeus, pressionados pelo agravamento da crise, tomam novas medidas
para socorrer os bancos, ajudar os governos endividados e criar condições para
a retomada do crescimento e a redução do desemprego. Chefes de governo dos 27
países da União Europeia concordaram em facilitar a ajuda às instituições
financeiras em dificuldades e em criar um sistema centralizado de supervisão
bancária - um passo importante para a consolidação da moeda comum, o euro, até
agora adotada por 17 países. Antes já haviam aprovado a mobilização de 120
bilhões, 1% do produto bruto regional, para programas de investimento nas
economias mais estagnadas.
A CORRETA descrição
de como esses avanços ocorreram foi proporcionada pelo presidente da Comissão
Europeia, José Manuel Durão Barroso. Segundo ele, as novas decisões seriam
"impensáveis" há alguns
meses, antes de surgirem dúvidas sobre o futuro da moeda comum.
OS PAÍSES europeus
têm avançado na direção certa, mas falta conferir se as inovações terão o
alcance necessário e serão concretizadas com rapidez suficiente para garantir a
sobrevivência da união monetária.
OUTROS passos
positivos foram dados, desde o último ano, mas nunca a tempo nem com a ousadia
suficiente para impedir a deterioração do quadro econômico. Serviram
essencialmente para afastar o perigo iminente e para ganhar tempo. A economia grega
foi salva no último instante, mais de uma vez, e os sinais de alerta mais
importantes têm surgido em economias muito maiores – a economia da Espanha e a
economia da Itália - por causa do agravamento da situação dos bancos. Esses
indícios de contágio têm fortalecido a posição dos defensores de políticas mais
audaciosas e mais favoráveis ao crescimento, como o presidente da República da
França, François Hollande, e os primeiros-ministros da Espanha, Mariano Rajoy,
e da Itália, Mario Monti.
PELO acordo
alcançado na última reunião de cúpula, o socorro aos bancos em dificuldades
poderá ser prestado pelos dois instrumentos de assistência da região, a Linha
de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF) e o seu sucessor, o Mecanismo
Europeu de Estabilidade (ESM). Poderão injetar capital diretamente nos bancos,
sem elevar o endividamento dos Tesouros Nacionais. O auxílio já negociado para
as instituições financeiras da Espanha será fornecido de acordo com os termos
combinados antes da conferência de chefes de governo, sem aumentar a dívida do
governo.
HOUVE progresso,
também, no debate sobre a ordem institucional. Os governos estão mais próximos,
agora, da criação de uma autoridade comum de supervisão bancária, inovação
defendida há algum tempo pelo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario
Draghi. Falta, no entanto, discutir os detalhes da inovação e para isso serão necessários,
provavelmente, mais alguns meses de negociação.
NOTÍCIAS foram
bem recebidas nos mercados financeiros. Mas os governos ainda terão de eliminar
muitas divergências para adotar todas as reformas institucionais necessárias
para a consolidação da união monetária e para sua futura ampliação. Cada avanço
custará um pouco da autonomia de cada país-membro. Será preciso fazer
concessões crescentes, mesmo para alcançar objetivos menos ambiciosos que a criação
de uma federação europeia.
A UNIÃO monetária
só funcionará com segurança quando houver controle fiscal centralizado. Não
será preciso unificar os orçamentos, mas serão indispensáveis critérios comuns
para o manejo das finanças públicas. Qualquer avanço real nesse campo envolverá
muita negociação.
<< Página inicial