E o caldo engrossou!
TORONTO (CANADA) – ESSA greve dos servidores (funcionários e docentes) das Instituições Públicas
de Ensino Federal (IFES) já ultrapassou dois meses, após a realização de uma
marcha, em Brasília (DF), para pressionar o governo a atender às reivindicações
dos grevistas. Além de reclamar da defasagem salarial com relação a outras
carreiras federais, a categoria exige mudança na estrutura de cargos, melhores
condições de trabalho, incorporação de gratificações e unificação da carreira,
com 13 níveis de remuneração e variação de 5% entre esses níveis.
BASEANDO-SE
nos índices pesquisados e disponibilizados pelo Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os docentes públicos federais pleiteiam ainda um aumento de R$
1.597,92 para R$ 2.329,35 no piso salarial para o regime de 20 horas semanais.
E, também, criticam o Programa de Apoio à Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (Reuni), que foi lançado pelo então presidente da
República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP) em 2007. Segundo eles, a criação de
novas IFES e a construção de novas unidades por Instituições já existentes
foram feitas às pressas, com salas lotadas, excesso de disciplinas, orientações
pedagógicas conflitantes e ausência de laboratórios, de bibliotecas, de
estrutura para pesquisa e de política de assistência ao estudante.
HÁ
mais de dois meses, quando essa greve foi deflagrada, o ministro de Estado da
Educação, Aloysio Mercadante (PT-SP), afirmou que não via sentido na
paralisação, uma vez que o governo federal vinha cumprindo o acordo firmado no
ano passado, que previa um reajuste de 4% nos salários dos docentes das IFES.
Em nota, o Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes) alegou
que o acordo de 2011 foi "emergencial".
Disse que as autoridades educacionais haviam prometido negociar um novo plano
de carreira. E pediram "o
agendamento de reuniões com urgência", para evitar um impasse.
O
MINISTRO Mercadante dispôs-se a receber os líderes dos grevistas e alegou que a
demora para o início das discussões foi causada pela morte, em Janeiro último,
do secretário executivo do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão,
Duvanier Paiva (PT-SP), o principal negociador do governo. Contudo, a reunião
marcada para a semana seguinte com o comando de greve e a direção do Andes foi
cancelada a pedido do próprio Mercadante, que alegou estar com "problemas de agenda".
OUTRA
reunião com o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento
Orçamento e Gestão, Sérgio Mendonça (PT-SP), também foi desmarcada. A
justificativa foi de que a equipe econômica do governo tem de reavaliar sua
posição, antes de apresentar uma nova contraproposta de reajuste salarial aos
grevistas. A presidente da República, Dilma Wana Rousseff (PT-RS), teme que
todos os setores do serviço público federal, invocando isonomia, exijam o que
for concedido aos servidores das IFES. Os sindicatos dos servidores da União
Federal já acenaram com uma greve geral ainda este mês.
A GREVE
dos docentes das IFES começou na segunda quinzena de Maio último, com a suspensão
das aulas em 41 das 59 Universidades Públicas Federais. Quase três semanas
depois, 49 Universidades e 4 dos 40 Institutos Federais de Ensino Técnico e
Centros Federais de Educação Tecnológica estão com as atividades suspensas. Até
as principais Universidades da rede federal - como as do Estado de São Paulo e
do Estado do Rio de Janeiro - aderiram à paralisia. Na maior de todas as IFES -
na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – os servidores não faziam greves
desde 2001. As aulas também foram suspensas nas Universidades que o governo Luiz
Inácio da Silva (2003-10), criou nos municípios onde estão os maiores redutos
eleitorais do Partido dos Trabalhadores (PT). É esse o caso, por exemplo, da Universidade
Federal do ABC Paulista (UFABC), com sede em Santo André (SP). Segundo o Andes,
mais de 1 milhão de alunos estão sem aula, por causa da greve. No governo, a
estimativa é de que a paralisação tenha atingido apenas 500 mil alunos.
Convertida em entidade chapa-branca e de apóio incondicional ao petismo, de
quem é cliente preferencial, a União Nacional dos Estudantes (UNE) limitou-se a
emitir notas de apoio aos servidores das IFES, sugerindo que a receita a ser
obtida com a exploração do pré-sal seja aplicada em educação.
O ENSINO
público superior foi um dos principais redutos do PT, durante anos. A greve
está mostrando que, se o partido continua controlando o movimento estudantil,
perdeu sua hegemonia entre as entidades docentes.
MAS,
o pobre, grande e bobo País paga um preço maior.
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