Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

segunda-feira, outubro 10, 2011

Longo caminho para trilhar

NOSSAS Universidades - sobretudo aquelas públicas e as confessionais - estão entre as melhores Instituições de Ensino Superior da América Latina (AL). A primeira edição do ranking latino-americano foi elaborada por uma empresa britânica de consultoria educacional, a Quacquarelli Symonds (QS), e divulgado este mês pelo site Top Universities.

REALIZADO com base numa metodologia semelhante à que tem sido utilizada nas avaliações das melhores Universidades do mundo, o estudo comparou o desempenho de 200 instituições da região e incluiu 8 Universidades brasileiras entre as 20 melhores. A campeã foi a Universidade de São Paulo (USP), que se destaca em todos os indicadores, tais como proporção de professores com doutorado e Pós-Doutorado, produtividade de pesquisa do corpo docente, número de matrículas, reputação acadêmica, reputação entre empregadores, número de publicações por docente, citações em estudos científicos e impacto das pesquisas na internet e investimento em tecnologia.

ALÉM da USP em 1.º lugar, estão na lista das 20 melhores da AL a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 3.º lugar; a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 10.º lugar; a Universidade de Brasília (UnB), em 11.º; a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), em 14.º; a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), em 15.º; a Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho (UEJMF), em 16.º; e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 19.º.

DEVIDO ao volume de investimentos que o governo Chile tem feito nas últimas décadas em educação, não causou surpresa o desempenho das Instituições chilenas - 3 delas estão entre as 20 melhores do ranking da QS e uma - a Pontifícia Universidad Católica (PUC) do Chile - ficou em segundo lugar, com uma diferença muito pequena da primeira. A USP obteve 100 pontos e a Instituição chilena, 99,6. Entre as demais instituições que integram a lista das 20 melhores, destacam-se a Universidad Nacional Autónoma (UMA) do México, uma das mais antigas da AL, a Universidad Nacional de Colombia (UNC) e cinco Universidades argentinas, das quais a mais importante é a Universidade de Buenos Aires (UBA), que ficou em 8.º lugar.

NA lista das cem melhores Universidades, 31 são brasileiras. No critério de número de trabalhos publicados por docente, as Instituições brasileiras ocupam 15 das primeiras 20 colocações. As líderes são a USP, a Unicamp e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as três situadas no Estado de São Paulo, cujo governo mantém - com recursos do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) - uma das principais agências de fomento do país, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Esse é um dos fatores que levaram a Unicamp a ser a universidade que tem registrado maior número de patentes de inovação tecnológica, perdendo apenas para a Companhia Petróleo do Brasil (Petrobrás S/A). "A fórmula do sucesso é o equilíbrio entre ensino e pesquisa. Temos o mesmo número de alunos de graduação e de pós-graduação, num total de 30 mil", disse o coordenador-geral da Instituição, Edgar De Decca, em entrevista à nossa reportagem.

SEGUNDO o editor do site Top Universities, Danny Birne, o excelente desempenho das universidades brasileiras no ranking das 200 Instituições latino-americanas de ensino superior se deve à prioridade que foi dada à pesquisa acadêmica e científica nos últimos anos, por meio do aumento do número de bolsas de estudo e financiamento de projetos, por parte das agências públicas de fomento e das que são mantidas pela iniciativa privada. Ele também destaca o alto número de docentes com Doutorado e Pós-Doutorado e o aumento do número de matrículas nas Universidades brasileiras, que pulou de 2 milhões para 6 milhões, na última década. Para o editor do Top Universities e para o coordenador de pesquisas da QS, Ben Sowter, os investimentos feitos pelas Universidades públicas e confessionais brasileiras ainda estão em fase de maturação e, quando começarem a produzir dividendos, serão "o motor que ajudará o País a alcançar seu potencial de crescimento econômico".

COMPARANDO-AS com as principais Universidades europeias e norte-americanas, as Universidades latino-americanas ainda se encontram muito atrás - a USP, a mais bem classificada, ocupa o 169.º lugar, na pesquisa da QS entre as 200 melhores Instituições de Ensino Superior no Mundo. As Universidades brasileiras estão melhorando, mas ainda têm de percorrer um longo caminho para ascenderem ao topo do ranking mundial.