Tentando ganhar tempo
UMA trégua! Este é o saldo de mais uma temporada de combate à crise econômica que sacode a Europa nos últimos tempos. Governos e dirigentes de bancos centrais conseguiram também aliviar a tensão crescente no sistema bancário, afastando o temor de uma nova quebradeira no terceiro aniversário – em 15 de Setembro - da falência do Banco Lehmann Brothers. O alívio em relação às dívidas soberanas e ao sistema financeiro pode estender-se por alguns dias, talvez semanas, com alguma sorte. Mas ninguém sabe quando virá a próxima onda de pânico nem se poderá ser mais forte e mais danosa que as anteriores.
A PRIMEIRA-MINISTRA da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da República da França, Nicolas Sarkozy, conseguiram do primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, mais uma promessa de arrumar as contas públicas de seu país e de executar o programa de reformas negociado com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas bastará a execução desse programa para se evitar o calote? Há quem duvide, mas, apesar disso, a conversa dos três governantes foi recebida como um bom sinal nos mercados financeiros.
TÊM-SE acumulado outros dados positivos. Os governos de Portugal e da Irlanda venceram as primeiras dificuldades políticas e avançam na execução de seus planos de ajuste. O FMI já avaliou favoravelmente o desempenho dos dois países. Programas de austeridade foram aprovados na Itália e na França e o governo espanhol tem-se mostrado comprometido com a pauta de reformas.
TODA a agitação nos mercados financeiros ultimamente tem sido atribuída, no entanto, não só à inquietação diante da situação grega e do endividamento público de alguns dos principais países da zona do euro, como a Itália. A especulação tem derrubado o valor de ações de grandes bancos detentores de papéis gregos e de outros países com alto endividamento público. As pressões concentraram-se nos bancos italianos durante algum tempo e se voltaram depois para os franceses. Dois destes foram rebaixados pela Agência Moody’s.
MAS os bancos enfrentam problemas também fora das bolsas de valores. Têm faltado financiamentos no mercado interbancário. Não só os investidores do mercado de ações mantêm os bancos sob suspeita. Há sinais de desconfiança também entre as instituições financeiras. O BCE conseguiu atenuar as dificuldades durante algum tempo, fornecendo ajuda a vários bancos. Mas a situação piorou nos últimos dias, quando começaram a escassear os financiamentos em dólares.
CINCO grandes bancos centrais uniram-se para cuidar do problema - o Federal Reserve (Fed), dos Estados Unidos da América (EUA), o BCE e os bancos centrais da Inglaterra, da Suíça e do Japão. Juntaram-se para dar liquidez em dólar ao mercado financeiro e evitar um desastre parecido com o de 2008. Também naquela ocasião as autoridades monetárias das grandes economias conseguiram articular-se, mas só depois dos primeiros abalos.
TODAS essas ações, no entanto, são insuficientes para repor os países desenvolvidos no caminho do crescimento firme e sustentado. Os EUA dependem, para começar, da aprovação do novo plano de reativação econômica apresentado ao Congresso Nacional norte-americano pelo presidente da República dos EUA, Barack Houssein Obama. Na Europa, o desafio é especialmente complexo por causa das dívidas soberanas - o caso grego é, de longe, o mais grave, mas não é único - e da dificuldade de articulação das políticas. Os problemas financeiros podem ser graves, mas as soluções têm sido dificultadas principalmente por fatores políticos.
NOS EUA, a feroz disputa entre os partidos Democrata e Republicano, mais de um ano antes da próxima eleição presidencial, impede ou atrasa a adoção de medidas eficientes para a criação de empregos e para um ajuste fiscal seguro a médio prazo. Na zona do euro, a crise expôs claramente a necessidade de uma articulação mais ampla - e mandatória - entre as políticas orçamentárias. Não basta um banco central comum para o bom funcionamento de uma união monetária. A coordenação fiscal é também necessária, mas como manter na linha 17 governos, se a sua cooperação depender apenas de promessas?
A PRIMEIRA-MINISTRA da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da República da França, Nicolas Sarkozy, conseguiram do primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, mais uma promessa de arrumar as contas públicas de seu país e de executar o programa de reformas negociado com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas bastará a execução desse programa para se evitar o calote? Há quem duvide, mas, apesar disso, a conversa dos três governantes foi recebida como um bom sinal nos mercados financeiros.
TÊM-SE acumulado outros dados positivos. Os governos de Portugal e da Irlanda venceram as primeiras dificuldades políticas e avançam na execução de seus planos de ajuste. O FMI já avaliou favoravelmente o desempenho dos dois países. Programas de austeridade foram aprovados na Itália e na França e o governo espanhol tem-se mostrado comprometido com a pauta de reformas.
TODA a agitação nos mercados financeiros ultimamente tem sido atribuída, no entanto, não só à inquietação diante da situação grega e do endividamento público de alguns dos principais países da zona do euro, como a Itália. A especulação tem derrubado o valor de ações de grandes bancos detentores de papéis gregos e de outros países com alto endividamento público. As pressões concentraram-se nos bancos italianos durante algum tempo e se voltaram depois para os franceses. Dois destes foram rebaixados pela Agência Moody’s.
MAS os bancos enfrentam problemas também fora das bolsas de valores. Têm faltado financiamentos no mercado interbancário. Não só os investidores do mercado de ações mantêm os bancos sob suspeita. Há sinais de desconfiança também entre as instituições financeiras. O BCE conseguiu atenuar as dificuldades durante algum tempo, fornecendo ajuda a vários bancos. Mas a situação piorou nos últimos dias, quando começaram a escassear os financiamentos em dólares.
CINCO grandes bancos centrais uniram-se para cuidar do problema - o Federal Reserve (Fed), dos Estados Unidos da América (EUA), o BCE e os bancos centrais da Inglaterra, da Suíça e do Japão. Juntaram-se para dar liquidez em dólar ao mercado financeiro e evitar um desastre parecido com o de 2008. Também naquela ocasião as autoridades monetárias das grandes economias conseguiram articular-se, mas só depois dos primeiros abalos.
TODAS essas ações, no entanto, são insuficientes para repor os países desenvolvidos no caminho do crescimento firme e sustentado. Os EUA dependem, para começar, da aprovação do novo plano de reativação econômica apresentado ao Congresso Nacional norte-americano pelo presidente da República dos EUA, Barack Houssein Obama. Na Europa, o desafio é especialmente complexo por causa das dívidas soberanas - o caso grego é, de longe, o mais grave, mas não é único - e da dificuldade de articulação das políticas. Os problemas financeiros podem ser graves, mas as soluções têm sido dificultadas principalmente por fatores políticos.
NOS EUA, a feroz disputa entre os partidos Democrata e Republicano, mais de um ano antes da próxima eleição presidencial, impede ou atrasa a adoção de medidas eficientes para a criação de empregos e para um ajuste fiscal seguro a médio prazo. Na zona do euro, a crise expôs claramente a necessidade de uma articulação mais ampla - e mandatória - entre as políticas orçamentárias. Não basta um banco central comum para o bom funcionamento de uma união monetária. A coordenação fiscal é também necessária, mas como manter na linha 17 governos, se a sua cooperação depender apenas de promessas?
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