Zé Serra contra o avatar
A PARTIR da escolha do deputado federal Antonio Pedro Índio da Costa (DEM-RJ) para compor, como candidato a vice-presidente da República, a chapa oposicionista encabeçada pelo ex-governador do Estado de José Serra (PSDB-SP), completou-se, finalmente, o quadro sucessório e a campanha eleitoral entra em sua fase crucial, que culminará com a escolha, pelo eleitorado, dos que governarão este grande e bobo País nos próximos quatro anos. Temos de se registrar que a chapa do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) se constituiu, na undécima hora, como solução de uma crise que quase levou à ruptura da aliança com o Democratas, que se sentira excluído e humilhado com o anúncio da formação de uma chapa "puro-sangue" peessedebista, tendo como vice o senador da República, Álvaro Dias (PSDB-PR).
O PRUDENTE recuo dos peessedebistas apaziguou seus aliados e acrescentou à chapa oposicionista um político jovem, ligado ao mais recente e prestigiado movimento da sociedade civil - aquele que resultou no Projeto Ficha Limpa aprovado esse ano no Congresso Nacional.
NO entanto permanece a grande dificuldade que enfrenta a candidatura José Serra, para tentar superar a candidatura governista da ex-ministra-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff (PT-RS), em razão do que é sabido: no ideário do petismo não é com ela que Serra disputa, mas sim com Luiz Inácio da Silva (PT-SP), que concorre por interposta pessoa ao terceiro mandato. Dona Rousseff não passa de um avatar ungido à semelhante do guia do lullismo.
TANTO é assim que “O-CARA!” deixou de usar suas habituais metáforas e alegorias para dizer, sem subterfúgios e pudor, que o nome "Lula" deverá ser lido pelos eleitores, na urna eletrônica, no lugar em que estiver escrito o nome "Dilma". Não poderia deixar mais clara a sua intenção. E aí está, justamente, o aspecto inusitado da atual campanha sucessória presidencial: a Oposição enfrenta um forte candidato que não é candidato.
NUNCA, na história deste país, houve eleições com estas características, por mais que na política contemporânea tenham surgido criaturas "inventadas" por líderes populares para sua sucessão. Tampouco abundam exemplos de transferência de votos, como as pesquisas indicam que acontecerá no pleito presidencial deste ano.
QUANDO Zé Serra se tornou candidato à sucessão presidencial, uma questão fundamental se colocou: qual seria o discurso da Oposição? Que mensagem o candidato deveria transmitir ao eleitorado? Ninguém discutiu - como foi o caso de Rousseff -, o seu preparo para o cargo, reconhecido pelos próprios adversários, nem a sua experiência na gestão pública. Mas faltava a definição de um discurso que caracterizasse as alternativas da Oposição a um governo chefiado por um presidente da República com grande popularidade.
A IDEIA contida no bordão "o Brasil pode mais" até que, num primeiro momento, pareceu um caminho interessante para o discurso oposicionista, já que não confrontava “O-CARA!”. Porém isso e o reconhecimento das qualidades da gestão do lullismo, que completava o quadro, não eram suficientes para conquistar a massa eleitoral que apoia o carismático líder petista.
E COMO não poderia deixar de ser, todo o esforço da candidatura oposicionista consiste em fazer a confrontação entre pessoas reais - Rousseff e Serra -, comparando biografias e experiências na vida pública, na tentativa de mostrar que “O-CARA!”, o mito, não está à disposição do eleitorado para ser eleito pela terceira vez. As pesquisas de opinião e intenção de voto, até aqui, indicam que esse esforço da candidatura oposicionista ainda não tem sido bem-sucedido e a campanha sucessória presidencial segue, exatamente, o rumo plebiscitário traçado pelo “CARA!”.
“VOSSO guia”, (como bem rebatizou nosso colega Elio Gáspari), em sua recente viagem aos estados atingidos pela tragédia das enchentes, no Nordeste, uma população castigada e que não foi contemplada pelo governo federal com investimentos e obras contra calamidades aclamou “O-CARA!” com devoção assemelhada à dedicada a figuras como Padre Cícero ou Antonio Conselheiro. Na verdade, sua popularidade não se deve só ao seu carisma e à sua habilidade para se comunicar com o povo carente. Deve-se, basicamente, ao fato de que - não principalmente por mérito do seu governo -, nestes últimos oito anos, todos os setores da sociedade brasileira foram beneficiados por um desenvolvimento econômico global, só interrompido no fim de 2008 por essa crise econômica internacional que pouco afetou os países em desenvolvimento.
PORTANTO a missão herculínea do candidato Zé Serra é provar a lenda de que não é verdade que Oposição não ganha eleição; governo é que perde eleição.
O PRUDENTE recuo dos peessedebistas apaziguou seus aliados e acrescentou à chapa oposicionista um político jovem, ligado ao mais recente e prestigiado movimento da sociedade civil - aquele que resultou no Projeto Ficha Limpa aprovado esse ano no Congresso Nacional.
NO entanto permanece a grande dificuldade que enfrenta a candidatura José Serra, para tentar superar a candidatura governista da ex-ministra-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff (PT-RS), em razão do que é sabido: no ideário do petismo não é com ela que Serra disputa, mas sim com Luiz Inácio da Silva (PT-SP), que concorre por interposta pessoa ao terceiro mandato. Dona Rousseff não passa de um avatar ungido à semelhante do guia do lullismo.
TANTO é assim que “O-CARA!” deixou de usar suas habituais metáforas e alegorias para dizer, sem subterfúgios e pudor, que o nome "Lula" deverá ser lido pelos eleitores, na urna eletrônica, no lugar em que estiver escrito o nome "Dilma". Não poderia deixar mais clara a sua intenção. E aí está, justamente, o aspecto inusitado da atual campanha sucessória presidencial: a Oposição enfrenta um forte candidato que não é candidato.
NUNCA, na história deste país, houve eleições com estas características, por mais que na política contemporânea tenham surgido criaturas "inventadas" por líderes populares para sua sucessão. Tampouco abundam exemplos de transferência de votos, como as pesquisas indicam que acontecerá no pleito presidencial deste ano.
QUANDO Zé Serra se tornou candidato à sucessão presidencial, uma questão fundamental se colocou: qual seria o discurso da Oposição? Que mensagem o candidato deveria transmitir ao eleitorado? Ninguém discutiu - como foi o caso de Rousseff -, o seu preparo para o cargo, reconhecido pelos próprios adversários, nem a sua experiência na gestão pública. Mas faltava a definição de um discurso que caracterizasse as alternativas da Oposição a um governo chefiado por um presidente da República com grande popularidade.
A IDEIA contida no bordão "o Brasil pode mais" até que, num primeiro momento, pareceu um caminho interessante para o discurso oposicionista, já que não confrontava “O-CARA!”. Porém isso e o reconhecimento das qualidades da gestão do lullismo, que completava o quadro, não eram suficientes para conquistar a massa eleitoral que apoia o carismático líder petista.
E COMO não poderia deixar de ser, todo o esforço da candidatura oposicionista consiste em fazer a confrontação entre pessoas reais - Rousseff e Serra -, comparando biografias e experiências na vida pública, na tentativa de mostrar que “O-CARA!”, o mito, não está à disposição do eleitorado para ser eleito pela terceira vez. As pesquisas de opinião e intenção de voto, até aqui, indicam que esse esforço da candidatura oposicionista ainda não tem sido bem-sucedido e a campanha sucessória presidencial segue, exatamente, o rumo plebiscitário traçado pelo “CARA!”.
“VOSSO guia”, (como bem rebatizou nosso colega Elio Gáspari), em sua recente viagem aos estados atingidos pela tragédia das enchentes, no Nordeste, uma população castigada e que não foi contemplada pelo governo federal com investimentos e obras contra calamidades aclamou “O-CARA!” com devoção assemelhada à dedicada a figuras como Padre Cícero ou Antonio Conselheiro. Na verdade, sua popularidade não se deve só ao seu carisma e à sua habilidade para se comunicar com o povo carente. Deve-se, basicamente, ao fato de que - não principalmente por mérito do seu governo -, nestes últimos oito anos, todos os setores da sociedade brasileira foram beneficiados por um desenvolvimento econômico global, só interrompido no fim de 2008 por essa crise econômica internacional que pouco afetou os países em desenvolvimento.
PORTANTO a missão herculínea do candidato Zé Serra é provar a lenda de que não é verdade que Oposição não ganha eleição; governo é que perde eleição.
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