Notas do Pinheiro

Jornalismo Analítico

terça-feira, maio 11, 2010

O deficit de Mestres e Doutores no País

UMA VEZ que a expansão das vagas nas Instituições Públicas Federais de Ensino Superior (Ifes), no governo Luiz Inácio da Silva (2003-10), foi determinada mais por critérios políticos do que técnicos, muitas daquelas Instituições agora enfrentam dificuldades para encontrar professores com a qualificação necessária para compor o quadro docente. Nos últimos 5 anos do lullismo, foram criadas 15 novas Ifes, que oferecem 12 mil novas vagas em seus cursos de Graduação. Contudo, os cursos de Pós-Graduação Strito Senso (a maioria concentrada nas Regiões Sudeste e Sul) não estão conseguindo formar Mestres, Doutores e PhDs para suprir a demanda das Universidades.


TAL PROBLEMA é mais grave na Região Norte, onde as Universidades Federais de Rondônia (Unir), Pará (UFPA) e Amazonas (Ufman) tiveram de abrir novos concursos públicos para seleção de docentes, por falta de inscritos qualificados nos concursos públicos anteriores. A maior dificuldade é preencher as vagas nos campi mais afastados das capitais. Das cinco novas unidades da instituição, a mais próxima da sede está a 720 km de Manaus (AM). Outra unidade fica numa cidade de 20 mil habitantes, sem infraestrutura e sem acesso aéreo, na fronteira com a Colômbia e o Peru. "É difícil um doutor querer morar num lugar assim. A gente enfrenta uma concorrência desleal, pois não existe uma política que dê um diferencial mais sedutor ao Norte. Aqui nunca é a primeira opção", diz o Professor Doutor Albertino de Carvalho, Pró-reitor de Gestão da Ufman. "Para melhorar nosso atrativo, precisamos de recursos extras e de uma política de médio e longo prazos. E isso depende de uma decisão política: o País quer ou não criar condições para termos doutores capazes de aproveitar o potencial da região amazônica?", pergunta o Pró-reitor de Pesquisa e Extensão da UFPA, Professor Doutor Emmanuel Tourinho.


E COMO os salários dos docentes das Universidades Federais são iguais em todo o País, quem tem Mestrado ou Doutorado prefere fazer a carreira acadêmica nas Instituições do Sudeste e do Sul. Sediadas em cidades de médio e grande portes, elas são mais equipadas, em matéria de instalações físicas, equipamentos de informática, laboratórios e bibliotecas. E, além de oferecer melhores condições de trabalho, gozam de uma visibilidade internacional que as IFES das Regiões Norte e Centro-Oeste não possuem.


ADEMAIS, além de registrar altos índices de evasão e expressivas taxas de ociosidade em alguns cursos, a maioria das universidades criadas nos últimos anos pelo governo petista ainda funciona em canteiros de obras atrasadas, com aulas em prédios improvisados e sem dispor de infraestrutura. Por causa disso, algumas não estão conseguindo reter os estudantes beneficiados pelo sistema de cotas, que chegam despreparados da rede pública de Ensino Médio. As novas IFES tiveram a inauguração antecipada, a fim de que pudessem ser utilizadas como bandeira política para as eleições de 03 de Outubro próximo.


AGORA, para atenuar o problema do déficit de professores qualificados, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) lançou, em Dezembro de 2008, um plano para estimular a criação de novos programas de pós-graduação, especialmente nas Regiões Norte e Centro-Oeste. E, seis meses depois, a entidade e representantes dos Ministérios da Educação (MEC), do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia formaram uma comissão para começar a implantar o Programa de Apoio à Pós-Graduação (PAPG) ainda este ano. A ideia é levar as Universidades Federais situadas nas áreas mais carentes de professores qualificados a criar Cursos de Mestrado e Doutorado adaptados às especificidades sociais e econômicas regionais, para que elas formem seus próprios quadros docentes. A iniciativa é importante, mas demorará para apresentar resultados, pois, como explica a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do MEC, ela ainda é uma "proposta em construção".


ESSE déficit de professores qualificados nas IFES mostra que o Ensino Público Superior continua apresentando problemas e que o governo do vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP), em seus dois mandatos (2003-10), jamais teve uma política bem estruturada para superá-los.