O raro efeito Marina
TALVEZ até seja um exagero de minha parte dizer que a muito provável candidatura da senadora Marina Silva (PV-AC) à Presidência da República significará o enterro da candidatura Dilma Pinóquio Rousseff. Mas esse novo fato político já parece ser o mais importante, desde que a corrida sucessória presidencial foi precipitada pelo “CARA”, ao jogar toda sua popularidade no lançamento da candidatura da ministra-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República à sua sucessão. Caberia então afirmar que a candidatura Marina Silva, ex-ministra de Estado do Meio Ambiente, desfiliada do Partido dos Trabalhadores (PT) e recém-filiada ao Partido Verde (PV), e originalmente aclamada de “A fada da Floresta” (em 1992) pelo saudoso mestre e colega Márcio Moreira Alves, representa, no mínimo, uma pedra no sapato da candidata ungida no Palácio do Planalto, justamente por ter condições de arregimentar e mobilizar em seu favor muitas forças que se têm acoplado à trajetória do PT e seu carismático líder há três décadas - e representa um dos mais evidentes sintomas da desagregação político-ideológica do PT, desencadeada, especialmente, a partir da operação de "salvamento" político do presidente do Senado Federal, José de Ribamar Sarney (PMDB-AP), comandado pelo vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP).
ESSA candidatura Marina Silva tem condições de enfraquecer o PT em um de seus redutos mais tradicionais, que é o da militância católica ligada às Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), as quais sempre esteve profundamente ligada e pelas quais continua sendo muito prestigiada, apesar de, hoje, fazer parte da seita religiosa Assembléia de Deus. Ressalte-se, desde já, que nestes e em outros setores que integraram, nos primórdios, o núcleo original de fundação do PT a ética na política sempre foi um dos traços essenciais - razão por que a senadora Marina Silva representa, para velhos militantes do ideário petista, uma via de retorno a convicções morais desprezadas na trajetória do partido rumo à manutenção do poder a qualquer custo.
DO SEU turno, Marina Silva é capaz de juntar valores especialmente apreciados tanto pela sociedade brasileira quanto pela opinião pública internacional, do que boa amostra foram as referências, a seu respeito, refletidas em reportagens de destaque do jornal norte-americano The New York Times (NYT), do dia 29 de Agosto último. Na reportagem intitulada “Uma criança da Amazônia que mexeu com a política de um país”, o NYT traça o perfil da parlamentar do Estado do Acre e diz que sua candidatura "abala" o atual cenário eleitoral brasileiro. O texto conta a história "de uma mulher humilde que superou a pobreza extrema e a doença para se tornar uma das maiores forças da política brasileira". Aborda a sua infância sofrida, a perda da mãe, a hepatite, a malária, as doenças da floresta, a chegada à Universidade em Rio Branco, as lutas ao lado do saudoso colega Chico Mendes e suas conquistas como ministra de Estado do Meio Ambiente e senadora, considerando-a "um ícone do movimento ambientalista internacional".
SE NO que diz respeito à valorização da capacidade de superação das próprias condições sociais a trajetória de Marina Silva se equipara - quando não supera, pelo empenho no esforço do aprendizado - a do “CARA”, sua condição de mulher, destemida lutadora por seus ideais e até sua cor de pele miscigenada, tão própria da identidade étnica nacional, lhe dão peso favorável na comparação com outra candidatura que tenha na condição feminina um de seus atributos. Por sobre essas comparações de trajetórias e perfis há, sem dúvida, um discurso crítico em relação à orientação política do governo Lula, na área do meio ambiente. Um dia após oficializar a sua entrada no Partido Verde (PV), Marina Silva criticou, por exemplo, a Medida Provisória (MP) 458 que, segundo ela, a pretexto de regularizar a situação fundiária na Amazônia, aumenta muito o risco de desmatamento na região. Também criticou as medidas que retiraram a proteção ambiental de grutas e cavernas, ameaçando, assim, o patrimônio espeleológico do País.
E COMO não poderia deixar de ser, ao entrar para o PV a senadora acreana já atraiu muitos ex-companheiros do governo do “CARA”, especialmente do setor do meio ambiente. Que o atualíssimo tema ambiental venha a ter um destaque especial na próxima campanha presidencial, graças a sua candidatura, não há a menor dúvida. É possível, no entanto, que por suas ligações com certos grupos e partidos o PT oficial venha a sentir outros tipos de cobrança por parte de uma candidatura Marina Silva - e aqui nos referimos ao campo da ética na política.
ESSA candidatura Marina Silva tem condições de enfraquecer o PT em um de seus redutos mais tradicionais, que é o da militância católica ligada às Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), as quais sempre esteve profundamente ligada e pelas quais continua sendo muito prestigiada, apesar de, hoje, fazer parte da seita religiosa Assembléia de Deus. Ressalte-se, desde já, que nestes e em outros setores que integraram, nos primórdios, o núcleo original de fundação do PT a ética na política sempre foi um dos traços essenciais - razão por que a senadora Marina Silva representa, para velhos militantes do ideário petista, uma via de retorno a convicções morais desprezadas na trajetória do partido rumo à manutenção do poder a qualquer custo.
DO SEU turno, Marina Silva é capaz de juntar valores especialmente apreciados tanto pela sociedade brasileira quanto pela opinião pública internacional, do que boa amostra foram as referências, a seu respeito, refletidas em reportagens de destaque do jornal norte-americano The New York Times (NYT), do dia 29 de Agosto último. Na reportagem intitulada “Uma criança da Amazônia que mexeu com a política de um país”, o NYT traça o perfil da parlamentar do Estado do Acre e diz que sua candidatura "abala" o atual cenário eleitoral brasileiro. O texto conta a história "de uma mulher humilde que superou a pobreza extrema e a doença para se tornar uma das maiores forças da política brasileira". Aborda a sua infância sofrida, a perda da mãe, a hepatite, a malária, as doenças da floresta, a chegada à Universidade em Rio Branco, as lutas ao lado do saudoso colega Chico Mendes e suas conquistas como ministra de Estado do Meio Ambiente e senadora, considerando-a "um ícone do movimento ambientalista internacional".
SE NO que diz respeito à valorização da capacidade de superação das próprias condições sociais a trajetória de Marina Silva se equipara - quando não supera, pelo empenho no esforço do aprendizado - a do “CARA”, sua condição de mulher, destemida lutadora por seus ideais e até sua cor de pele miscigenada, tão própria da identidade étnica nacional, lhe dão peso favorável na comparação com outra candidatura que tenha na condição feminina um de seus atributos. Por sobre essas comparações de trajetórias e perfis há, sem dúvida, um discurso crítico em relação à orientação política do governo Lula, na área do meio ambiente. Um dia após oficializar a sua entrada no Partido Verde (PV), Marina Silva criticou, por exemplo, a Medida Provisória (MP) 458 que, segundo ela, a pretexto de regularizar a situação fundiária na Amazônia, aumenta muito o risco de desmatamento na região. Também criticou as medidas que retiraram a proteção ambiental de grutas e cavernas, ameaçando, assim, o patrimônio espeleológico do País.
E COMO não poderia deixar de ser, ao entrar para o PV a senadora acreana já atraiu muitos ex-companheiros do governo do “CARA”, especialmente do setor do meio ambiente. Que o atualíssimo tema ambiental venha a ter um destaque especial na próxima campanha presidencial, graças a sua candidatura, não há a menor dúvida. É possível, no entanto, que por suas ligações com certos grupos e partidos o PT oficial venha a sentir outros tipos de cobrança por parte de uma candidatura Marina Silva - e aqui nos referimos ao campo da ética na política.
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