Salve geral!
ESSE
foi o ultimato dado pelos delinquentes da facção criminosa Primeiro Comando da
Capital (PCC), ao espalhar atos de violência no Estado de São Paulo em 2001. Os
meliantes, liderados por comandos que engendrados nos presídios do mais
importante Estado da Federação, tentaram com tais atos quebrar o sistema
estadual de segurança pública, espalhando o medo e caos e, ao mesmo tempo
acuando e intimidando a autoridade constituída. Lembram-se?!
O
MANJADO jargão da crônica política reitera que: se sabe como uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) começa, mas não como termina. De fato, a menos
quando submetidos a uma rigorosa rédea curta, de difícil manejo pelas
lideranças das maiorias no Poder Legislativo, os inquéritos parlamentares podem
ter desfechos desconfortáveis para quem os patrocinou na expectativa de lucrar
politicamente com eles, às expensas dos antagonistas. Um depoente confiável
pode deixar escapar, sob pressão dos inquisidores do outro lado, verdades
desastrosas para a banda que se imaginava apta a conduzir o inquérito ao
destino que lhe conviesse. Surpresas inconvenientes podem resultar também de
uma quebra de sigilo bancário e telefônico - o rol de incertezas é infindável.
AGORA
neste caso da chamada Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Caso
Carlinhos Cachoeira, em vias de ser instalada para apurar as ligações entre o
contraventor Carlos Augusto Ramos, vulgo Carlinhos Cachoeira, e agentes
públicos e privados, as dúvidas são ainda maiores. Além de não se ter a mais
remota ideia de como poderá terminar, não se sabe nem como começará nem como se
desenrolará; logo, de que estragos será capaz. A sua agenda é vaga e o seu
trâmite dependerá de quem a controlar na liga majoritária encabeçada pelos
aliados rivais do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB). Salvo nas raras ocasiões em que o seu objeto vai
além das fronteiras partidárias, CPI e CPMI são instrumentos da Oposição. Esta
tem a inédita peculiaridade de ter sido desencadeada pela liderança do partido governista
no Senado Federal, com a aquiescência do governo Dilma Rousseff (2011-14) e o
incentivo do ex-presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP).
É
FATO que a intenção da liderança do PT seria criar um espetáculo de longa
duração para não deixar que o julgamento dos agentes petistas envolvidos com o Mensalão do Governo Luiz Inácio da Silva
(2003-10), previsto para ocorrer nos próximos meses no Supremo Tribunal Federal
(STF), monopolize as atenções da opinião pública neste ano eleitoral. E a
intenção de Luiz Inácio da Silva seria vingar-se do governador do Estado de
Goiás, Marconi Perillo (PSDB-GO), por ter revelado ao público que o alertara
para o suborno sistemático de deputados da base do governo Luiz Inácio da Silva
antes que o escândalo rebentasse em 2005. O governador Perillo está sob os
holofotes desde que se ouviu que a sua chefe de gabinete trocava informações
com o contraventor Cachoeira sobre operações policiais naquele Estado do Brasil
Central. Sem número nem poder de pressão para levar a Câmara dos Deputados e o
Senado Federal, muito menos ambos como agora é o caso, a elucidar os malfeitos
apontados no governo da presidente da República Dilma Wana Rousseff (PT-RS), a
Oposição aderiu à iniciativa petista por duas razões.
PRIMEIRO,
pela impossibilidade da recusa. Afinal, o ponto de partida de tudo foi a
revelação da parceria com o barão da batota do seu então baluarte e paladino da
moralidade, senador Demóstenes Torres, à época filiado ao Democratas. Depois,
Perillo entrou na roda. Segundo, já que a investigação viria de qualquer
maneira, Oposição parece ter concluído que nem tudo redundaria em catástrofe
para a sua imagem. Há um cidadão que bate ponto no Palácio do Planalto, o
subchefe de Assuntos Federativos do Ministério de Relações Institucionais,
Olavo Noleto, que teria tido - ou não - contatos com o "empresário de jogos ilícitos" fisgado na Operação Monte
Carlo do Departamento de Polícia Federal (DPF) e preso há um mês e meio. E há,
principalmente, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT-DF). Ele é
suspeito de permitir que o grupo de Carlinhos Cachoeira dirigisse uma licitação
milionária na administração do Distrito Federal (DF) e de ter pedido uma
reunião com o poderoso chefão, no contexto de seus rolos com a Construtora
Delta, cujo dono, Fernando Cavendish, teria - ou não - laços com o contraventor
Carlinhos Cachoeira. Numa gravação do DPF, um operador de do contraventor Cachoeira,
o araponga Idalberto Matias, o Dadá, diz a um auxiliar do governador Queiroz,
Marcelo Lopes, vulgo Marcelão, demitido semana passada, que a direção da
Construtora Delta está furiosa por não ter recebido a contrapartida da sua
contribuição à campanha do governador petista Agnelo Queiroz. Estranhamente, as
escutas envolvendo o governador de Brasília só vazaram depois da iniciativa de
criação desta CPMI.
LANÇANDO
mão de outra pérola da crônica política, o clima que cerca a investigação é
"de vaca não reconhecer bezerro".
Petistas estariam fazendo ato de contrição por tê-la proposto. O presidente do
Senado Federal, o senador da República José Sarney (PMDB-AP), julga os seus
promotores "irresponsáveis".
Já a sociedade não tem por que temer o imponderável, mas receia que um arreglo
faça da CPMI uma pizza antes até de começar.
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