A origem da ética incomum de Palocci Filho
DE FATO, o ex-líder sindical e ex-presidente da República (2003-10) neste grande e bobo País, Luiz Inácio da Silva (PT-SP), ensinou muita coisa aos seus companheiros do Partido dos Trabalhadores (PT) e adjacências - e eles aprenderam muito bem pelo menos uma. Há dois anos, no auge das denúncias sobre os podres da Mesa Diretora do Senado Federal, o então presidente da República, Luiz Inácio da Silva, saiu em defesa do acossado presidente daquela Casa do Poder Legislativo, senador José Sarney (PMDB-AP), com palavras que mereciam ser gravadas no mausoléu da ética política nacional. "O Sarney", afirmou, "tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum”.
NEM o ministro de Estado da Casa Civil da Presidência da República, Antonio Palocci Filho (PT-SP), a julgar pelo que dele disse o fidelíssimo ex-chefe de gabinete de Luiz Inácio da Silva e atual secretário-geral da Presidência da República, o companheiraço Gilberto Carvalho (PT-SP). Palocci, entoou, "é muito importante para o nosso governo e para o País", deixando subentendido que uma figura assim incomum não deve ser importunada com revelações sobre os seus negócios no passado recente.
COMO a esta altura até os caseiros da Capital Federal do País devem saber, no período de quatro anos iniciado em 2006, quando voltou a se eleger deputado federal, depois de seu profícuo interregno como ministro de Estado da Fazenda, prematuramente encerrado pelo escândalo “da quebra do sigilo bancário do Caseiro Francenildo Pereira/República de Ribeirão Preto”, Palocci conseguiu a estupenda proeza de multiplicar por 20 o seu patrimônio pessoal. Segundo noticiou a reportagem do Jornal Folha de S. Paulo, em sua edição publicada no último Domingo, 15 uma empresa de consultoria, a Projeto, com 99% do capital de R$ 102 mil registrado em nome de Palocci, comprou por R$ 882 mil um escritório de 183 m² nas proximidades da Avenida Paulista, área nobre de São Paulo (SP) e um apartamento de 502 m² na mesma região, pelo qual pagou R$ 6,6 milhões, em duas parcelas quitadas em pouco tempo. A primeira transação data de 2009. A segunda é do ano seguinte, quando Palocci coordenava a campanha presidencial da então candidata Dilma Wana Rousseff (PT-RS).
O PATRIMÔNIO declarado por Palocci em 2006 à Justiça Eleitoral somava R$ 375 mil, em valores corrigidos. Como deputado Federal, recebeu um total de R$ 974 mil, brutos. As contas da pessoa física, portanto, não fecham. Palocci Filho se recusa a informar quais foram, quanto custaram e para quem a Projeto - ou seja, a pessoa jurídica - prestou os alegados serviços de consultoria que lhe permitiram faturar o suficiente para adquirir aqueles imóveis. Convidado para ser o número um da equipe de Rousseff, ele a teria posto a par dos seus negócios e teria sido aconselhado por Gilberto Carvalho a mudar a razão social e o ramo de atuação da firma. Ela passou a se chamar Projeto Administração de Imóveis e ficou sob o controle de um banco. Nomeado ministro de Estado, Palocci teria informado a Comissão de Ética Pública do Planalto da existência da firma em seu nome.
O ENSURDECEDOR silêncio de Palocci sobre os negócios da consultora é intrigante. O pouco que ele se dignou a tornar público é insatisfatório, assim como os seus sinais exteriores de riqueza são manifestamente incompatíveis com o seu histórico de rendimentos declarados. O ministro-chefe da Casa Civil não tem contas a ajustar com a Justiça. As suspeitas de que teria se envolvido, quando prefeito municipal de Ribeirão Preto (SP), com a "máfia do lixo" que operava no município não foram provadas. E o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) o absolveu da acusação de ter ordenado a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Pereira que testemunhou as suas visitas à mansão do Lago Sul usada para festas e negócios escusos. Mas Palocci, como diria seu companheiro e ex-chefe, não é uma pessoa comum: é um homem público, de quem o público pagante tem o direito de saber tudo que possa ou tenha podido marcar o seu desempenho ético.
À FALTA disso, cada qual fica livre para especular sobre a origem dos recursos do ministro Palocci. Nesse sentido, é um escândalo dentro do escândalo a afirmação d0 ministro Carvalho de que "sobre o passado (de Palocci), não cabe ao governo fazer nenhum tipo de investigação". Carvalho é tido pela companheirada como pessoa íntegra (além de religiosa). Para declarar o caso encerrado, inspirou-se no titular da comissão de ética do governo e ex-presidente do STF, ministro Sepúlveda Pertence, outro de quem falam bem. "Não nos cabe indagar", disse ele, "a história da fortuna dos pobres e dos ricos que se tornaram ministro". Trata-se da "ética Jaqueline" do governo Dilma Rousseff (2011-14). Jaqueline Roriz, a deputada federal, filha do notório ex-governador do Distrito Federal (DF), Joaquim Roriz (PSC-DF), é aquela que diz que os seus pares não podem processá-la por quebra de decoro porque, ao ser flagrada recebendo uma bolada ilícita, não havia ainda sido eleita deputada federal.
NEM o ministro de Estado da Casa Civil da Presidência da República, Antonio Palocci Filho (PT-SP), a julgar pelo que dele disse o fidelíssimo ex-chefe de gabinete de Luiz Inácio da Silva e atual secretário-geral da Presidência da República, o companheiraço Gilberto Carvalho (PT-SP). Palocci, entoou, "é muito importante para o nosso governo e para o País", deixando subentendido que uma figura assim incomum não deve ser importunada com revelações sobre os seus negócios no passado recente.
COMO a esta altura até os caseiros da Capital Federal do País devem saber, no período de quatro anos iniciado em 2006, quando voltou a se eleger deputado federal, depois de seu profícuo interregno como ministro de Estado da Fazenda, prematuramente encerrado pelo escândalo “da quebra do sigilo bancário do Caseiro Francenildo Pereira/República de Ribeirão Preto”, Palocci conseguiu a estupenda proeza de multiplicar por 20 o seu patrimônio pessoal. Segundo noticiou a reportagem do Jornal Folha de S. Paulo, em sua edição publicada no último Domingo, 15 uma empresa de consultoria, a Projeto, com 99% do capital de R$ 102 mil registrado em nome de Palocci, comprou por R$ 882 mil um escritório de 183 m² nas proximidades da Avenida Paulista, área nobre de São Paulo (SP) e um apartamento de 502 m² na mesma região, pelo qual pagou R$ 6,6 milhões, em duas parcelas quitadas em pouco tempo. A primeira transação data de 2009. A segunda é do ano seguinte, quando Palocci coordenava a campanha presidencial da então candidata Dilma Wana Rousseff (PT-RS).
O PATRIMÔNIO declarado por Palocci em 2006 à Justiça Eleitoral somava R$ 375 mil, em valores corrigidos. Como deputado Federal, recebeu um total de R$ 974 mil, brutos. As contas da pessoa física, portanto, não fecham. Palocci Filho se recusa a informar quais foram, quanto custaram e para quem a Projeto - ou seja, a pessoa jurídica - prestou os alegados serviços de consultoria que lhe permitiram faturar o suficiente para adquirir aqueles imóveis. Convidado para ser o número um da equipe de Rousseff, ele a teria posto a par dos seus negócios e teria sido aconselhado por Gilberto Carvalho a mudar a razão social e o ramo de atuação da firma. Ela passou a se chamar Projeto Administração de Imóveis e ficou sob o controle de um banco. Nomeado ministro de Estado, Palocci teria informado a Comissão de Ética Pública do Planalto da existência da firma em seu nome.
O ENSURDECEDOR silêncio de Palocci sobre os negócios da consultora é intrigante. O pouco que ele se dignou a tornar público é insatisfatório, assim como os seus sinais exteriores de riqueza são manifestamente incompatíveis com o seu histórico de rendimentos declarados. O ministro-chefe da Casa Civil não tem contas a ajustar com a Justiça. As suspeitas de que teria se envolvido, quando prefeito municipal de Ribeirão Preto (SP), com a "máfia do lixo" que operava no município não foram provadas. E o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) o absolveu da acusação de ter ordenado a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Pereira que testemunhou as suas visitas à mansão do Lago Sul usada para festas e negócios escusos. Mas Palocci, como diria seu companheiro e ex-chefe, não é uma pessoa comum: é um homem público, de quem o público pagante tem o direito de saber tudo que possa ou tenha podido marcar o seu desempenho ético.
À FALTA disso, cada qual fica livre para especular sobre a origem dos recursos do ministro Palocci. Nesse sentido, é um escândalo dentro do escândalo a afirmação d0 ministro Carvalho de que "sobre o passado (de Palocci), não cabe ao governo fazer nenhum tipo de investigação". Carvalho é tido pela companheirada como pessoa íntegra (além de religiosa). Para declarar o caso encerrado, inspirou-se no titular da comissão de ética do governo e ex-presidente do STF, ministro Sepúlveda Pertence, outro de quem falam bem. "Não nos cabe indagar", disse ele, "a história da fortuna dos pobres e dos ricos que se tornaram ministro". Trata-se da "ética Jaqueline" do governo Dilma Rousseff (2011-14). Jaqueline Roriz, a deputada federal, filha do notório ex-governador do Distrito Federal (DF), Joaquim Roriz (PSC-DF), é aquela que diz que os seus pares não podem processá-la por quebra de decoro porque, ao ser flagrada recebendo uma bolada ilícita, não havia ainda sido eleita deputada federal.
<< Página inicial