Os “reacionários” do amanhã?
CASO as promessas tenham algum valor neste momento da nossa história, a equipe econômica do próximo governo será parcimoniosa no gasto, preocupada com a eficiência e empenhada em aumentar a poupança pública, para elevar o investimento federal e dar mais força e mais espaço à iniciativa privada. Nisto se resumem os compromissos de austeridade anunciados pelos futuros ministros de Estado da Fazenda, Guido Mantega (PT-SP), e do Estado do Planejamento Orçamento e Gestão, Miriam Belchior (PT-SP), na primeira entrevista depois de confirmada sua escolha pela presidente eleita, Dilma Wana Rousseff (PT-RS). Na mesma ocasião, o economista e servidor público efetivo do Banco Central do Brasil (BC), Alexandre Tombini, confirmado para presidir BC na próxima gestão, defendeu o regime de metas de inflação e disse haver recebido a garantia de respeito à independência operacional da Autoridade Monetária brasileira. Ele ainda terá de mostrar na prática se dará continuidade ao estilo de política monetária dos últimos oito anos, mas seu currículo autoriza um crédito de confiança. Uma expectativa otimista é muito mais difícil no caso dos confirmados para a Fazenda e para o Planejamento.
NESTE governo Luiz Inácio da Silva (2003-10) há mais de quatro anos, Mantega jamais se destacou por qualquer compromisso com a austeridade e com o uso eficiente e criterioso do dinheiro público. Para cumprir suas novas promessas, terá de renegar atos e palavras bem conhecidos. Durante sua gestão, o governo só produziu algum superávit primário - o dinheiro posto de lado para o pagamento de juros - porque a arrecadação cresceu ininterruptamente. APESAR de tudo isso, recorreu a artifícios para cumprir a meta. Neste ano, o resultado global só não foi pior graças a dividendos de empresas públicas e estatais e a um malabarismo contábil para converter em receita o aporte de capital à Companhia Petróleo do Brasil (Petrobrás) S/A.
SEU currículo inclui a criação de um fundo soberano muito peculiar, alimentado com dinheiro de um Tesouro Nacional (TN) deficitário (este governo acumula déficits nominais, ano após ano, porque o superávit primário nem dá para cobrir o serviço da dívida). A proposta inicial - usar dólares da reserva - foi logo abandonada, porque a aplicação da reserva cambial é regulada por lei. Mantega, aparentemente, não sabia disso.
NESTES mais de quatro anos Mantega nada fez para conter o inchaço da folha de salários e encargos e nunca se opôs às custosas conveniências político-eleitorais do presidente e do partido. Quando surgiu a crise, concedeu facilidades fiscais a alguns setores e passou recursos do TN ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para um programa de estímulo ao investimento. O programa deveria ter sido interrompido após alguns meses, mas foi mantido no ano seguinte e envolveu aportes de R$ 180 bilhões. A Petrobrás S/A foi um dos principais beneficiários. O setor privado, o mais atingido pela crise, teve acesso bem mais limitado aos empréstimos.
OS gastos de custeio continuaram crescendo na crise e a retórica oficial incluiu também essa gastança no bolo da política anticíclica. Mas ações anticíclicas têm ida e volta. Não é o caso dessas despesas, na maior parte incomprimíveis.
NESTE ano Mantega defendeu os gastos federais ainda falando em combater a crise - terminada no ano passado. Além disso, negou qualquer relação entre a expansão da despesa pública e o aumento da inflação. Terá de renegar também essa conversa, se quiser levar adiante o discurso da seriedade.
QUANTO à engenheira Miriam Belchior, confirmada para o Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão, participou da estruturação do Programa Bolsa-Família e trabalhou com a então ministra-chefe Rousseff na Casa Civil da Presidência da República, como coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Deve ter sido a babá do PAC, já que Rousseff, segundo o vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP), foi a mãe. Na administração pública tem reputação de boa administradora, mas terá de provar suas qualidades mais uma vez, porque a gestão do PAC - um dos fracassos mais visíveis desse governo - empobrece qualquer currículo. Ainda este mês o Tribunal de Contas da União (TCU) chamou de precários os balanços do programa e cobrou clareza.
A FUTURA ministra Belchior defendeu uma revisão dos gastos de custeio e falou em "fazer mais com menos". Para isso, será preciso renegar os critérios do governo Luiz Inácio da Silva e buscar eficiência - uma preocupação condenada como reacionária pelo llulismo.
NESTE governo Luiz Inácio da Silva (2003-10) há mais de quatro anos, Mantega jamais se destacou por qualquer compromisso com a austeridade e com o uso eficiente e criterioso do dinheiro público. Para cumprir suas novas promessas, terá de renegar atos e palavras bem conhecidos. Durante sua gestão, o governo só produziu algum superávit primário - o dinheiro posto de lado para o pagamento de juros - porque a arrecadação cresceu ininterruptamente. APESAR de tudo isso, recorreu a artifícios para cumprir a meta. Neste ano, o resultado global só não foi pior graças a dividendos de empresas públicas e estatais e a um malabarismo contábil para converter em receita o aporte de capital à Companhia Petróleo do Brasil (Petrobrás) S/A.
SEU currículo inclui a criação de um fundo soberano muito peculiar, alimentado com dinheiro de um Tesouro Nacional (TN) deficitário (este governo acumula déficits nominais, ano após ano, porque o superávit primário nem dá para cobrir o serviço da dívida). A proposta inicial - usar dólares da reserva - foi logo abandonada, porque a aplicação da reserva cambial é regulada por lei. Mantega, aparentemente, não sabia disso.
NESTES mais de quatro anos Mantega nada fez para conter o inchaço da folha de salários e encargos e nunca se opôs às custosas conveniências político-eleitorais do presidente e do partido. Quando surgiu a crise, concedeu facilidades fiscais a alguns setores e passou recursos do TN ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para um programa de estímulo ao investimento. O programa deveria ter sido interrompido após alguns meses, mas foi mantido no ano seguinte e envolveu aportes de R$ 180 bilhões. A Petrobrás S/A foi um dos principais beneficiários. O setor privado, o mais atingido pela crise, teve acesso bem mais limitado aos empréstimos.
OS gastos de custeio continuaram crescendo na crise e a retórica oficial incluiu também essa gastança no bolo da política anticíclica. Mas ações anticíclicas têm ida e volta. Não é o caso dessas despesas, na maior parte incomprimíveis.
NESTE ano Mantega defendeu os gastos federais ainda falando em combater a crise - terminada no ano passado. Além disso, negou qualquer relação entre a expansão da despesa pública e o aumento da inflação. Terá de renegar também essa conversa, se quiser levar adiante o discurso da seriedade.
QUANTO à engenheira Miriam Belchior, confirmada para o Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão, participou da estruturação do Programa Bolsa-Família e trabalhou com a então ministra-chefe Rousseff na Casa Civil da Presidência da República, como coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Deve ter sido a babá do PAC, já que Rousseff, segundo o vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP), foi a mãe. Na administração pública tem reputação de boa administradora, mas terá de provar suas qualidades mais uma vez, porque a gestão do PAC - um dos fracassos mais visíveis desse governo - empobrece qualquer currículo. Ainda este mês o Tribunal de Contas da União (TCU) chamou de precários os balanços do programa e cobrou clareza.
A FUTURA ministra Belchior defendeu uma revisão dos gastos de custeio e falou em "fazer mais com menos". Para isso, será preciso renegar os critérios do governo Luiz Inácio da Silva e buscar eficiência - uma preocupação condenada como reacionária pelo llulismo.
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