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RIO DE JANEIRO (RJ) - EM seu mais de meio século de existência nenhum crítico ou inimigo da Companhia Petróleo do Brasil S/A (a Petrobrás) conseguiu prejudicar tanto a imagem da empresa quanto o governo do vosso guia Luiz Inácio da Silvam (2003-10), com suas trapalhadas em torno da exploração na camada do pré-sal. Em busca de recursos para o mais ambicioso de seus projetos, a maior empresa brasileira perde espaço no mercado de capitais, em vez de mobilizar investidores para um empreendimento de proporções extraordinárias. Cerca de um quarto do valor de suas ações se evaporou desde o começo deste ano. A perda chega a 30%, aproximadamente, se for contada a partir do último pico, em 1.º de Dezembro de 2009. O Fundo Soros, seu maior acionista privado até há pouco tempo, vendeu todos os papéis da companhia pública. Já não tinha nenhum no último dia 30 de Junho, segundo informou nesta semana à Security Exchange Comission (SEC), reguladora do mercado de ações e mercado de capitais nos Estados Unidos da América (EUA). A explicação da operação é óbvia: quem pode estar seguro, diante da imensa confusão criada pelas autoridades brasileiras em torno da capitalização da empresa? O megainvestidor George Soros (diretor-presidente do Fundo Soros) não está sozinho. Na semana passada, o Banco UBS recomendou a seus clientes a venda de ações da Petrobrás S/A.
A UNIÃO Federal, controladora da Petrobrás S/A, deve participar de sua capitalização fornecendo-lhe 5 bilhões de barris de petróleo que serão retirados da camada do pré-sal, um ativo ainda escondido no Oceano Atlântico, a milhares de metros de profundidade. Esse foi o caminho definido há meses pelo governo Luiz Inácio da Silva, mas ainda não há acordo sobre o preço de cada barril. Avaliações encomendadas pela diretoria da Petrobrás e pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) indicaram valores muito diferentes - entre US$ 5 e US$ 6, num caso, e entre US$ 10 e US$ 12, no outro. Se prevalecer um preço considerado alto pelo mercado, os acionistas individuais e do setor privado poderão ser desestimulados, porque será difícil manter sua participação no capital ou, pelo menos, evitar uma redução muito grande.
MUITO além de um impasse entre a empresa e a ANP, a disputa sobre o valor daqueles barris na camada do pré-sal é um fator de insegurança para os investidores. Além de tornar o quadro muito confuso, o desentendimento reforça o temor do viés político nas decisões sobre a exploração de petróleo e gás na camada do pré-sal e sobre o papel da Petrobrás S/A. Esse viés tem sido perceptível desde o início das discussões, em Brasília (DF), sobre a exploração dos enormes depósitos de petróleo e gás descobertos em águas brasileiras.
RECENTEMENTE uma assembleia de acionistas aprovou a emissão de papéis para captação de até US$ 150 bilhões. A operação foi adiada de Julho para esse Setembro e já há dúvidas sobre o cumprimento do novo prazo. “O-CARA!”, segundo fontes próximas da Presidência da República do Brasil, poderá optar pelo adiamento de qualquer decisão, para evitar um debate complicado às vésperas das eleições. Vosso guia não quer, segundo essas fontes, criar problemas para a candidata governista Dilma Rousseff (PT-RS). Esse risco seria menor, se o governo houvesse tratado a questão da exploração na camada do pré-sal com mais objetividade e menos ideologia.
A questão ideológica jogou para segundo plano a questão essencial: a exploração eficiente, segura e lucrativa da riqueza do pré-sal. Ao ressuscitar bandeiras “nacionalistas” dos anos 1950, o governo simplesmente desviou o foco do planejamento e dificultou a mobilização de capitais.
CONTUDO a confusão de objetivos se tornou mais perigosa quando esse governo resolveu converter a Petrobrás S/A num instrumento de política industrial. Ao forçar a nacionalização de uma porcentagem dos bens e equipamentos destinados à pesquisa e produção na camada do pré-sal, Luiz Inácio da Silva (PT-SP) acrescentou um peso econômico e um problema tecnológico a um empreendimento já muito caro e complicado. A diretoria da Petrobrás S/A até defendeu essa política, mas em pouco tempo anunciou a impossibilidade de cumpri-la integralmente.
ESSE governo e a ANP insistem, no entanto, em misturar o projeto de exploração de energia da camada do pré-sal com sua nova e improvisada política industrial. A participação dos produtos nacionais poderá ser mais modesta na fase de exploração, mas não na etapa de produção. A meta de conteúdo local deverá constar, informa-se nos gabinetes de Brasília, do contrato de capitalização. Essa mistura seria mais uma prova de incompetência gerencial e de absoluta desorientação na fixação de objetivos estratégicos.
A UNIÃO Federal, controladora da Petrobrás S/A, deve participar de sua capitalização fornecendo-lhe 5 bilhões de barris de petróleo que serão retirados da camada do pré-sal, um ativo ainda escondido no Oceano Atlântico, a milhares de metros de profundidade. Esse foi o caminho definido há meses pelo governo Luiz Inácio da Silva, mas ainda não há acordo sobre o preço de cada barril. Avaliações encomendadas pela diretoria da Petrobrás e pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) indicaram valores muito diferentes - entre US$ 5 e US$ 6, num caso, e entre US$ 10 e US$ 12, no outro. Se prevalecer um preço considerado alto pelo mercado, os acionistas individuais e do setor privado poderão ser desestimulados, porque será difícil manter sua participação no capital ou, pelo menos, evitar uma redução muito grande.
MUITO além de um impasse entre a empresa e a ANP, a disputa sobre o valor daqueles barris na camada do pré-sal é um fator de insegurança para os investidores. Além de tornar o quadro muito confuso, o desentendimento reforça o temor do viés político nas decisões sobre a exploração de petróleo e gás na camada do pré-sal e sobre o papel da Petrobrás S/A. Esse viés tem sido perceptível desde o início das discussões, em Brasília (DF), sobre a exploração dos enormes depósitos de petróleo e gás descobertos em águas brasileiras.
RECENTEMENTE uma assembleia de acionistas aprovou a emissão de papéis para captação de até US$ 150 bilhões. A operação foi adiada de Julho para esse Setembro e já há dúvidas sobre o cumprimento do novo prazo. “O-CARA!”, segundo fontes próximas da Presidência da República do Brasil, poderá optar pelo adiamento de qualquer decisão, para evitar um debate complicado às vésperas das eleições. Vosso guia não quer, segundo essas fontes, criar problemas para a candidata governista Dilma Rousseff (PT-RS). Esse risco seria menor, se o governo houvesse tratado a questão da exploração na camada do pré-sal com mais objetividade e menos ideologia.
A questão ideológica jogou para segundo plano a questão essencial: a exploração eficiente, segura e lucrativa da riqueza do pré-sal. Ao ressuscitar bandeiras “nacionalistas” dos anos 1950, o governo simplesmente desviou o foco do planejamento e dificultou a mobilização de capitais.
CONTUDO a confusão de objetivos se tornou mais perigosa quando esse governo resolveu converter a Petrobrás S/A num instrumento de política industrial. Ao forçar a nacionalização de uma porcentagem dos bens e equipamentos destinados à pesquisa e produção na camada do pré-sal, Luiz Inácio da Silva (PT-SP) acrescentou um peso econômico e um problema tecnológico a um empreendimento já muito caro e complicado. A diretoria da Petrobrás S/A até defendeu essa política, mas em pouco tempo anunciou a impossibilidade de cumpri-la integralmente.
ESSE governo e a ANP insistem, no entanto, em misturar o projeto de exploração de energia da camada do pré-sal com sua nova e improvisada política industrial. A participação dos produtos nacionais poderá ser mais modesta na fase de exploração, mas não na etapa de produção. A meta de conteúdo local deverá constar, informa-se nos gabinetes de Brasília, do contrato de capitalização. Essa mistura seria mais uma prova de incompetência gerencial e de absoluta desorientação na fixação de objetivos estratégicos.
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