Bush no divã?
CERTOS atores são tão parecidos com os personagens que interpretam - a maquiagem ajuda - que você fica até tentado a confundir a cópia com o original.
Condoleezza Rice/Thandie Newton, Jeffrey Wright/Colin Powell, etc. Não é o menor dos encantos de “W.”, o mais recente filme do diretor norte-americano Oliver Stone, que no Brasil recebeu o subtítulo “Bye-Bye Bush”.
OLIVER Stone, o diretor mais polêmico de Hollywood, o Mister Controvérsia do cinema norte-americano, fecha sua segunda trilogia. Após a trilogia sobre o conflito no Vietnã, formada por “Platoon”, “Nascido em 4 de Julho” e “Céu e Terra”, Stone conclui a trilogia dos presidentes da República dos Estados Unidos da América (EUA).
INICIOU-SE com John Fitzgerald Kennedy, em “JFK - A Pergunta Que não Quer Calar”, tendo como âncora o procurador Jim Garrison, de New Orleans, com sua investigação independente sobre o assassinato em Dallas.
A morte de Kennedy é também, metaforicamente, a da democracia na América. Vieram depois os presidentes da crise – “Nixon” (Richard Nixon), com seu envolvimento no escândalo de Watergate, e “W.”, ou melhor, George Walker Bush, que chegou à Presidência dos EUA para provar que o cargo mais importante do mundo pode ser exercido com amadorismo. George W. Bush, filho de presidente - George Bush -, carrega o ônus da prova de ser um dos presidentes mais criticados e mal-amados da História. Durante os oito anos em que ele esteve na Casa Branca, a nação, acossada pelos ataques de 2001, esteve ameaçada de perder seu senso de moral - que o atual ocupante do cargo, Barack Obama, quer recuperar levando a julgamento a política antiterror de seu predecessor.
SERIA fácil, para um polemista como Stone, demolir uma persona politicamente tão frágil quanto George W. Bush neste momento histórico pelo qual passamos. Foi o que fez o seu compatriota e colega, Michael Moore, em seus documentários nos quais tudo é verdade, sim, mas eles (os filmes) também são manipuladores e tendenciosos.
STONE seguiu o caminho aparentemente mais árduo. George W. Bush, para ele, é um personagem, não trágico, mas patético. O próprio fato de ele se concentrar na inicial para nomear o homem possui um significado. Durante boa parte do filme, George W. Bush não sabe direito o que quer nem possui um projeto político. Mas ele segue a trilha do pai, contra a vontade do próprio. George Bush (o pai) fez a primeira Guerra do Golfo, W. Bush lançou os EUA (e os paises aliados) na segunda.
STONE já definiu George W. Bush como um personagem de tragicomédia. O diretor irrita-se quando lhe dizem que ele copiou o diretor Orson Welles e criou seu Rosebud, o enigma de “Cidadão Kane”, em “W,”. No clássico de Welles, Charles Foster Kane vira aquele monstro porque foi separado da mãe - e do trenó - na infância. Mais divã agora para George W. Bush. Ele se interessa mais por esportes do que por política, queria ser atleta, ter um time. Com o desejo vetado pelo pai, tornou-se presidente da República.
TUDO é amadorístico e caricatural, mas verdadeiro, nessa presidência malfadada. Mas existe o afeto da mulher, Laura, pelo marido. O grande embate é edipiano, no Salão Oval, transformado em arena em que George Bush e George W., pai e filho, se enfrentam. Stone busca decifrar o enigma Bush. Agora que ele já foi, fica até mais fácil embarcar na sua viagem.
Condoleezza Rice/Thandie Newton, Jeffrey Wright/Colin Powell, etc. Não é o menor dos encantos de “W.”, o mais recente filme do diretor norte-americano Oliver Stone, que no Brasil recebeu o subtítulo “Bye-Bye Bush”.
OLIVER Stone, o diretor mais polêmico de Hollywood, o Mister Controvérsia do cinema norte-americano, fecha sua segunda trilogia. Após a trilogia sobre o conflito no Vietnã, formada por “Platoon”, “Nascido em 4 de Julho” e “Céu e Terra”, Stone conclui a trilogia dos presidentes da República dos Estados Unidos da América (EUA).
INICIOU-SE com John Fitzgerald Kennedy, em “JFK - A Pergunta Que não Quer Calar”, tendo como âncora o procurador Jim Garrison, de New Orleans, com sua investigação independente sobre o assassinato em Dallas.
A morte de Kennedy é também, metaforicamente, a da democracia na América. Vieram depois os presidentes da crise – “Nixon” (Richard Nixon), com seu envolvimento no escândalo de Watergate, e “W.”, ou melhor, George Walker Bush, que chegou à Presidência dos EUA para provar que o cargo mais importante do mundo pode ser exercido com amadorismo. George W. Bush, filho de presidente - George Bush -, carrega o ônus da prova de ser um dos presidentes mais criticados e mal-amados da História. Durante os oito anos em que ele esteve na Casa Branca, a nação, acossada pelos ataques de 2001, esteve ameaçada de perder seu senso de moral - que o atual ocupante do cargo, Barack Obama, quer recuperar levando a julgamento a política antiterror de seu predecessor.
SERIA fácil, para um polemista como Stone, demolir uma persona politicamente tão frágil quanto George W. Bush neste momento histórico pelo qual passamos. Foi o que fez o seu compatriota e colega, Michael Moore, em seus documentários nos quais tudo é verdade, sim, mas eles (os filmes) também são manipuladores e tendenciosos.
STONE seguiu o caminho aparentemente mais árduo. George W. Bush, para ele, é um personagem, não trágico, mas patético. O próprio fato de ele se concentrar na inicial para nomear o homem possui um significado. Durante boa parte do filme, George W. Bush não sabe direito o que quer nem possui um projeto político. Mas ele segue a trilha do pai, contra a vontade do próprio. George Bush (o pai) fez a primeira Guerra do Golfo, W. Bush lançou os EUA (e os paises aliados) na segunda.
STONE já definiu George W. Bush como um personagem de tragicomédia. O diretor irrita-se quando lhe dizem que ele copiou o diretor Orson Welles e criou seu Rosebud, o enigma de “Cidadão Kane”, em “W,”. No clássico de Welles, Charles Foster Kane vira aquele monstro porque foi separado da mãe - e do trenó - na infância. Mais divã agora para George W. Bush. Ele se interessa mais por esportes do que por política, queria ser atleta, ter um time. Com o desejo vetado pelo pai, tornou-se presidente da República.
TUDO é amadorístico e caricatural, mas verdadeiro, nessa presidência malfadada. Mas existe o afeto da mulher, Laura, pelo marido. O grande embate é edipiano, no Salão Oval, transformado em arena em que George Bush e George W., pai e filho, se enfrentam. Stone busca decifrar o enigma Bush. Agora que ele já foi, fica até mais fácil embarcar na sua viagem.
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