Janela aberta
PARA entrada em cena de um vice-presidente da República vigoroso!
Mesmo os fatos considerados inexoráveis, em política, precisam acontecer para que comecem a produzir consequências. Havia mais de um mês, por exemplo, já era dada como líquida e certa a saída do ainda governador do Estado de Minas Gerais, Aécio Neves da Cunha (PSDB-MG), da disputa com o seu correligionário e governador do Estado de São Paulo, José Serra (PSDB-SP) pela candidatura presidencial do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) em 2010. Mas só a partir da retirada do seu nome, em carta ao partido entregue na última Quinta-feira, 17, a coreografia da sucessão assumiu um novo formato - embora as dúvidas sobre o seu desenrolar ainda estejam longe de se dissipar.
ESSA PREMATURA desistência do governador mineiro resultou de duas ordens de fatores. Dentro do PSDB, ele em nenhum momento conseguiu influir no processo de escolha do candidato peessedebista. Propôs uma prévia entre os filiados para tentar demonstrar que as preferências por Serra não se distribuíam igualmente pelo território do PSDB. Se isso se confirmasse, Aécio Neves emergiria como um nome competitivo e a sua pré-candidatura receberia um atestado de legitimidade. Desse modo, teria um dado objetivo em favor do seu recorrente argumento de que, por temperamento e estilo político, é mais apto do que Serra a atrair lideranças partidárias e sociais que de outro modo se aliariam à candidata do governo, Dilma Rousseff (PT-RS). Mas, em surdina, os peessedebistas deixaram as prévias morrer de inanição.
UM MOVIMENTO seguinte, como no jogo de xadrez, foi feito com o apoio de dirigentes nacionais do Democratas (DEM), consistiu em exigir de Serra que até o fim deste mês de Dezembro abrisse o seu jogo – a Presidência da República ou uma nova temporada como governador do Estado de São Paulo. Serra, cuja aversão ao risco faz lembrar o ex-presidente da República eleito (1985), Tancredo de Almeida Neves, (exatamente o avô de Aécio Neves), permaneceu impassível, enquanto assenta sem alarde a infraestrutura de sua campanha. Além de dar tempo ao tempo para aferir melhor a tendência da hoje ministra-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, Dilma (Pinóquio) Rousseff, nas pesquisas de opinião e intenção de voto, Serra calcula que, se assumisse a pré-candidatura antes do lançamento da daquela imposta goela abaixo ao Partido dos Trabalhadores (PT) pelo vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP), em Fevereiro, no 4º Congresso do PT, ficaria mais fácil para o outro lado falar da sucessão como o confronto entre um ex-ministro de Estado do Planejamento, e depois, da Saúdo no governo do Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e “O-CARA”.
ENTÃO, ZÉ Serra ao menos poderá contrapor à disputa plebiscitária entre dois modelos de governo, que interessa ao lullismo, a disputa entre dois currículos - o seu e o de Rousseff. Fora do PSDB, Aécio não decolou, como se diz, perante o eleitorado nacional. Nas simulações preparadas pelos técnicos dos institutos de pesquisas de opinião e mercado, o mineiro aparecia invariavelmente aquém de Serra no cotejo com a ministra Rousseff. Em nenhum levantamento Aécio Neves afirmou uma vantagem sobre a Sra. Pinóquio que merecesse ser comparada com o favoritismo do governador paulista, apesar do seu relativo declínio nas sondagens mais recentes. Já com uma chapa “puro-sangue” Serra-Aécio 2010, o sonho de consumo da Oposição, as coisas mudariam de figura. Os Estados de São Paulo e Minas representam 1/3 do eleitorado brasileiro - com um pormenor: sem um dos seus governadores na disputa, menos aecistas tenderiam a votar em Serra do que serristas em Aécio.
BEM, esse foi um dos motivos por que a desistência de Aécio é uma boa notícia, embora não uma surpresa, para os lulistas - a tomar pelo valor de face as suas alegações de que Serra é o nome talhado para a montagem do conflito plebiscitário em que desejam desfigurar a campanha presidencial. Além de ter trabalhado com o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP), e já ter perdido uma eleição para “O-CARA” em 2002, a sua condição de oposicionista é muito mais visível para o eleitor comum do que a de Aécio Neves, o que o tornará um alvo mais fácil se o lulismo conseguir transformar a campanha numa contenda "nós contra eles, pão-pão, queijo-queijo", como descreveu tempos atrás. E, embora não se possa dizer de nenhum deles que se comportam como governadores de oposição, o mineiro tem sido de uma leveza excepcional com o governo Luiz Inácio da Silva (2003-10). Uma eventual chapa “puro-sangue”, no entanto, colocaria “O-CARA” e sua protegida diante do imponderável.
AO TEMPO que fazia expressão corporal de aspirante à candidatura do PSDB, Aécio Neves naturalmente negava que poderia vir a ser o sub de Serra. Agora diz apenas que se permite "novas reflexões, ao lado dos mineiros, sobre o futuro". Ele poderá se candidatar a uma das vagas da chapa ao Senado Federal, como já aventou, mas com isso comprará o ressentimento duradouro do ex-governador de Minas Gerais (1999-2002) e ex-presidente da República (1992-1994), Itamar Franco (PPS-MG), de olhos postos nessa chance, e complicará os outros arranjos eleitorais no Estado de Minas Gerais. Por fim, tendo saído da liça maior do que nela entrou, Aécio Neves se qualificou para ser mais do que um vice convencional - o que, por si só, abre um novo capítulo na história da sucessão.
Mesmo os fatos considerados inexoráveis, em política, precisam acontecer para que comecem a produzir consequências. Havia mais de um mês, por exemplo, já era dada como líquida e certa a saída do ainda governador do Estado de Minas Gerais, Aécio Neves da Cunha (PSDB-MG), da disputa com o seu correligionário e governador do Estado de São Paulo, José Serra (PSDB-SP) pela candidatura presidencial do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) em 2010. Mas só a partir da retirada do seu nome, em carta ao partido entregue na última Quinta-feira, 17, a coreografia da sucessão assumiu um novo formato - embora as dúvidas sobre o seu desenrolar ainda estejam longe de se dissipar.
ESSA PREMATURA desistência do governador mineiro resultou de duas ordens de fatores. Dentro do PSDB, ele em nenhum momento conseguiu influir no processo de escolha do candidato peessedebista. Propôs uma prévia entre os filiados para tentar demonstrar que as preferências por Serra não se distribuíam igualmente pelo território do PSDB. Se isso se confirmasse, Aécio Neves emergiria como um nome competitivo e a sua pré-candidatura receberia um atestado de legitimidade. Desse modo, teria um dado objetivo em favor do seu recorrente argumento de que, por temperamento e estilo político, é mais apto do que Serra a atrair lideranças partidárias e sociais que de outro modo se aliariam à candidata do governo, Dilma Rousseff (PT-RS). Mas, em surdina, os peessedebistas deixaram as prévias morrer de inanição.
UM MOVIMENTO seguinte, como no jogo de xadrez, foi feito com o apoio de dirigentes nacionais do Democratas (DEM), consistiu em exigir de Serra que até o fim deste mês de Dezembro abrisse o seu jogo – a Presidência da República ou uma nova temporada como governador do Estado de São Paulo. Serra, cuja aversão ao risco faz lembrar o ex-presidente da República eleito (1985), Tancredo de Almeida Neves, (exatamente o avô de Aécio Neves), permaneceu impassível, enquanto assenta sem alarde a infraestrutura de sua campanha. Além de dar tempo ao tempo para aferir melhor a tendência da hoje ministra-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, Dilma (Pinóquio) Rousseff, nas pesquisas de opinião e intenção de voto, Serra calcula que, se assumisse a pré-candidatura antes do lançamento da daquela imposta goela abaixo ao Partido dos Trabalhadores (PT) pelo vosso presidente da República, Luiz Inácio da Silva (PT-SP), em Fevereiro, no 4º Congresso do PT, ficaria mais fácil para o outro lado falar da sucessão como o confronto entre um ex-ministro de Estado do Planejamento, e depois, da Saúdo no governo do Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e “O-CARA”.
ENTÃO, ZÉ Serra ao menos poderá contrapor à disputa plebiscitária entre dois modelos de governo, que interessa ao lullismo, a disputa entre dois currículos - o seu e o de Rousseff. Fora do PSDB, Aécio não decolou, como se diz, perante o eleitorado nacional. Nas simulações preparadas pelos técnicos dos institutos de pesquisas de opinião e mercado, o mineiro aparecia invariavelmente aquém de Serra no cotejo com a ministra Rousseff. Em nenhum levantamento Aécio Neves afirmou uma vantagem sobre a Sra. Pinóquio que merecesse ser comparada com o favoritismo do governador paulista, apesar do seu relativo declínio nas sondagens mais recentes. Já com uma chapa “puro-sangue” Serra-Aécio 2010, o sonho de consumo da Oposição, as coisas mudariam de figura. Os Estados de São Paulo e Minas representam 1/3 do eleitorado brasileiro - com um pormenor: sem um dos seus governadores na disputa, menos aecistas tenderiam a votar em Serra do que serristas em Aécio.
BEM, esse foi um dos motivos por que a desistência de Aécio é uma boa notícia, embora não uma surpresa, para os lulistas - a tomar pelo valor de face as suas alegações de que Serra é o nome talhado para a montagem do conflito plebiscitário em que desejam desfigurar a campanha presidencial. Além de ter trabalhado com o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP), e já ter perdido uma eleição para “O-CARA” em 2002, a sua condição de oposicionista é muito mais visível para o eleitor comum do que a de Aécio Neves, o que o tornará um alvo mais fácil se o lulismo conseguir transformar a campanha numa contenda "nós contra eles, pão-pão, queijo-queijo", como descreveu tempos atrás. E, embora não se possa dizer de nenhum deles que se comportam como governadores de oposição, o mineiro tem sido de uma leveza excepcional com o governo Luiz Inácio da Silva (2003-10). Uma eventual chapa “puro-sangue”, no entanto, colocaria “O-CARA” e sua protegida diante do imponderável.
AO TEMPO que fazia expressão corporal de aspirante à candidatura do PSDB, Aécio Neves naturalmente negava que poderia vir a ser o sub de Serra. Agora diz apenas que se permite "novas reflexões, ao lado dos mineiros, sobre o futuro". Ele poderá se candidatar a uma das vagas da chapa ao Senado Federal, como já aventou, mas com isso comprará o ressentimento duradouro do ex-governador de Minas Gerais (1999-2002) e ex-presidente da República (1992-1994), Itamar Franco (PPS-MG), de olhos postos nessa chance, e complicará os outros arranjos eleitorais no Estado de Minas Gerais. Por fim, tendo saído da liça maior do que nela entrou, Aécio Neves se qualificou para ser mais do que um vice convencional - o que, por si só, abre um novo capítulo na história da sucessão.
<< Página inicial